Na última década, ocorreu a aplicação contínua de novas teorias e práticas administrativas, como a reengenharia, equipes multifuncionais de trabalho, benchmarking, indicadores de desempenho, entre outras. Esse movimento importou vários conceitos, técnicas e ferramentas de outras ciências, principalmente da engenharia, mais especificamente, das práticas de gerenciamento operacional oriundas da engenharia de produção. Ele foi uma resposta das organizações às novas demandas do negócio, impostas pelo movimento de globalização e forte competitividade entre as organizações. Um dos grandes resultantes desse movimento foi a introdução do conceito de processos de negócio como forma de estruturar e gerenciar as empresas. A Gestão por Processos é a forma como os recursos e as competências da empresa são coordenados, objetivando um resultado organizacional, capaz de preencher suas lacunas, a fim de gerar uma vantagem competitiva sustentável, trazendo benefícios para os clientes dos processos. Ainda, a Gestão por Processos, compreende o controle dos recursos organizacionais para assegurar que os processos de negócio ocorram de forma regular, maximizando o valor percebido pelos Clientes. Gerir processos de negócio eficientemente é crítico para o sucesso da organização. O grande desafio é fazer com que profissionais de diferentes áreas, organizações e perfis, que desempenham diferentes papéis, interajam com interesse e motivação para superar obstáculos e identificar oportunidades com o propósito de conseguir entregar produtos e serviços de maior valor agregado a seus clientes finais. A CaixaRS, trabalha com manuais de processos sobre toda sua estrutura administrativa, em todas as áreas, com a finalidade de reunir e uniformizar os procedimentos que integram os subsistemas organizacionais. Contêm normas internas, procedimentos e instruções sobre a execução das atividades e rotinas. A preocupação dos órgãos públicos com atitudes e rotinas de trabalho adequadas às questões que envolvem preservação ambiental, economia dos recursos e otimização do tempo está cada vez mais em evidência, seja pela cobrança da opinião pública, seja pela autocrítica crescente. A expectativa deste trabalho é propor melhorias para gerenciar e organizar as práticas adotadas na Gerência de Cobrança da CaixaRS, a fim de implementar novo processo que garanta a preservação do meio ambiente, economia de investimentos e rapidez nas rotinas de produção. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO A geração de emprego e de renda é um dos principais fatores de estímulo ao desenvolvimento sustentável do país. A CaixaRS – Agência de Fomento nasceu, em 1997, justamente com o objetivo de incentivar o crescimento econômico, promovendo a inclusão social, pela Lei Estadual nº 10.959. Tais princípios são a base de todas as ações desenvolvidas pela CaixaRS, que torna mais acessíveis as linhas de crédito e o financiamento às empresas de todos os portes e nos mais variados setores da economia. Dessa forma, é possível colocar em prática projetos que contribuem para a abertura de novos postos de trabalho e proporcionam maior qualidade de vida aos gaúchos. Esse comprometimento torna estratégico o papel das soluções financeiras oferecidas pela CaixaRS de políticas econômicas e sociais do Rio Grande do Sul. Em julho de 2009, através de ações da ABDE, com a participação da CaixaRS, o CMN aprovou a Resolução 3.757, que ampliou as fontes de captação de recursos paras as Agências de Fomento, possibilitando, inclusive, o acesso a recursos provenientes de organismos internacionais e expandiu o leque de operações e atividades, permitindo operações de câmbio; financiamento de capital de giro, prestação de garantias, prestação de consultaria, prestação de serviços na administração de fundos, cessão de crédito, participação acionária minoritária, operações de arrendamento mercantil e financeiro, entre outras. Segundo publicação do BNDES, em agosto de 2009, relativamente ao ranking das Instituições Credenciadas por Desembolso das Operações Indiretas do BNDES a CAIXARS ocupa a 22ª posição. GERÊNCIA DE COBRANÇA A Gerência de Cobrança, local onde foi realizado o estágio, tem como objetivo a recuperação de créditos de clientes inadimplentes junto à CaixaRS, usando a seguinte sistemática: buscando as informações geradas no sistema BOU – Relatório de Créditos Vencidos (RCV) e no Módulo de Cobrança (Intranet), referentes a parcelas vencidas e com pagamentos em atraso. Com a emissão dos relatórios de atrasos e sua disponibilização à Gerência de Cobrança, através do Módulo de Cobrança, ocorre o encaminhamento de avisos, aos clientes, e são realizados, ainda, contatos telefônicos solicitando e/ou reiterando providências para regularização dos pagamentos pendentes. Baseada no estudo e observação realizados no estágio, o trabalho será focado, basicamente, na emissão do aviso ORC (Órgão de Restrição ao Crédito), e atividades co-relacionadas a ele. Não havendo solução relativa à pendência de pagamento, a Gerência de Cobrança comunica, por correspondência registrada, aos avalistas ou aos fiadores, e ao próprio cliente, a situação da operação sob suas responsabilidades Neste evento, após o decurso de prazo de 15 (quinze) dias da emissão do comunicado mencionado, ocorre o envio de solicitação para efetivação de apontamento do tomador, respectivo(s) avalista(s) ou fiador(es), destinada aos Órgãos de Restrição ao Crédito (ORC), SERASA e SPC. A parte operacional referente a esta sistemática é a seguinte: – São emitidas duas vias de correspondência a serem encaminhadas ao(s) tomador(es) e avalista(s) do financiamento. – A primeira via é encaminhada, pelo Correio – através de carta registrada – ao tomador e ao avalista do financiamento, conforme dados cadastrados nos sistemas da Instituição. – A segunda via é arquivada, como forma de protocolo de encaminhamento, além da relação de postagens – emitida pelo Correio, em pastas correspondentes (ORC), em ordem alfabética. Para arquivar, deve-se juntar a via do tomador(es) e do(s) avalista(s), deixando sempre a via “tomador(es)” na frente, para facilitar o arquivamento da mesma. DIAGNÓSTICO DO PROCESSO Após estudar e observar rotina da Gerência de Cobrança da CaixaRS, pode-se perceber no detalhamento do processo acima citado, que é emitido um número muito grande de papéis para protocolar o encaminhamento de correspondências ORC, o que acaba gerando um custo, tanto financeiro, de trabalho, como custo para o meio ambiente. Os críticos do conceito da ecoeficiência defendem que as empresas terão de promover mudanças mais radicais se quiserem, de fato, prosperar sem provocar danos ao meio ambiente. O baixo valor do papel se associa com um sentido de que é um produto natural, seguro e bastante benigno. Não é exatamente urânio, mas a simples escala desse produto o transforma em um sério problema ambiental e social. O consumo de papel se quadriplicou nas quatro décadas passadas e sua produção usa quase a metade da madeira obtida industrialmente do planeta, mais água que qualquer outro produto industrial e tanta energia por tonelada quanto o aço. Cada tonelada de papel requer 98 toneladas de outros recursos para sua fabricação e é o maior contribuinte único para o fluxo de lixo da maioria dos países consumidores. Reduzir nossos impactos no planeta usando menos papel é um bom ponto de partida. Identificar formas de reduzir o uso de papel é fácil. As organizações e negócios podem poupar papel facilmente também. Muitos já têm avançado na direção correta – depois de tudo, podem poupar dinheiro reduzindo seus custos com papel e despesas associadas (impressão, postagem, armazenagem, etc.). Muitas companhias acham que podem reduzir rapidamente o uso de papel em 30% ou mais através de mudanças simples a práticas de escritório. No caso da Gerência de Cobrança da CaixaRS, conforme será observado mais adiante, o índice de redução no consumo de papel utilizado para protocolar encaminhamentos de envio de ORC´s (2ª via), poderá atingir 43%. PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO Após analise e observação do setor, foi verificada grande quantidade de papel utilizado para arquivar/protocolar correspondências que são encaminhadas aos clientes (2ª via). Analisando o sistema utilizado pela Instituição, Intranet, encontrou-se um link que recupera todos os arquivos gerados em pdf, que foi encontrado como solução para diminuir a emissão de tantos papéis. O acesso via Intranet permitirá que os funcionários visualizem e emitam correspondências ORC, sem a necessidade de uma cópia impressa (2ª via). Em um segundo momento, houve conversa junto ao Gerente do Setor, Milton Dossena, informando tais possibilidades de melhorias e sugerindo a implantação de nova sistemática que, diminuiria a quantidade de papel impresso e, consequentemente, os custos, menor tempo de trabalho e apóia a idéia de sustentabilidade ambiental. Foi encaminhado e-mail destinado a Gerência de Cobrança, detalhando a possibilidade de implantação, para formalizar reunião realizada anteriormente. Neste e-mail, foram apresentadas quantidades de papéis gastos no período de janeiro a abril de 2010, comparadas ao provável número de papéis que serão emitidos após implantação de novo método, conforme item 6. Foi sugerida também, a maneira que o novo processo poderia ser implantado. Entrou-se em contato com o setor de Tecnologia da Informação (TI), da CaixaRS, para saber a possibilidade da implantação ser efetivada, e o período em que os arquivos gerados ficariam armazenados nos arquivos da Instituição. A TI informou que os dados ficarão arquivados pelo período de cinco anos, período mínimo exigido pela legislação. Com esta informação, a implantação da melhoria poderia ocorrer sem maiores problemas. A partir do momento de liberação da TI, Milton, Gerente de Cobrança, encaminhou e-mail comunicando aos colaboradores de sua Gerência a nova sistemática a ser adotada pelo setor, para emissão de ORC, conforme descrição abaixo, além das alterações nos procedimentos e instruções sobre a execução das atividades e rotinas do setor. – ORC deverá ser emitido em 01 via, a ser encaminhada ao cliente. – Ao gerar via para impressão, funcionário deverá imprimir listagem de clientes que receberão correspondência; – Esta listagem deverá ser arquivada em pasta correspondente (ORC’s), detalhando o período de encaminhamento das mesmas. A implantação deste novo processo e apoio de processos digitais gera uma redução considerável no uso do papel, que, além de estabelecer esta postura ecologicamente responsável, tem como um de seus grandes focos do trabalho a redução de despesas e maior rapidez no resultado final da própria prestação de serviço, atendendo assim, necessidades ilimitadas com recursos limitados. INDICADORES Como indicadores para este processo, foram utilizados: Quantidades de papéis impressos e arquivados antes da implantação da melhoria e a quantidade de papel impresso e arquivado após implantação da melhoria. Antes da implantação eram utilizados uma media de 338 papéis para encaminhamento de ORC, sendo 169 vias para encaminhar aos clientes e 169 para serem arquivados. Após implantação, houve confirmação de redução na emissão da 2ª via de ORC em 50% já que ao invés de 338 vias impressas, foram emitidas apenas 169 a serem encaminhadas aos clientes, enquanto as outras vias ficarão no sistema de TI da empresa. Após analise de consumo de papéis, nos quatro primeiros meses do ano de 2010 e analise da implantação da nova sistemática, referente ao mês de maio, é possível alcançar números significativos de economia de papel na emissão de segundas-vias de avisos ORC. MATRIZ SWOT PARA IMPLANTAÇÃO DE PROCESSO A fim de explicitar as interações relevantes entre as oportunidades e ameaças, pontes fortes e pontos fracos, que serviram de base para identificação dos principais objetivos da implantação do processo de melhoria, foi montada a swot abaixo: Pontos Fortes: Economia de custos; Economia de despesas associadas; Economia de tempo. Pontos Fracos: Possibilidade de falta de apoio de colaboradores internos Ameças: Possibilidade de mudanças junto à legislação (sobre arquivamento de informações no sistema) Oportunidades: Apoio a sustentabilidade e meio ambiente; Economia de recursos públicos CONSIDERAÇÕES FINAIS Nunca se falou tanto em sustentabilidade como hoje. Este conceito significa basicamente utilizar recursos contidos no planeta, sejam naturais ou não, buscando medidas e ações para não prejudicar o equilíbrio entre o homem e o meio ambiente. Apesar de parecer utopia, é possível utilizar técnicas viáveis, inclusive economicamente, de se conseguir esse objetivo. Sustentabilidade não é apenas uma palavra da moda. É a palavra de ordem do momento mundial atual. O conjunto de práticas adotadas que visam diminuir os impactos ao meio ambiente causados pelas atividades humanas é o desenvolvimento sustentável já adotado por grandes indústrias, empresas, setores do governo. A implantação dessas práticas, além de colaborar com o meio ambiente, resulta em economia para a Instituição e maior agilidade no serviço. O intuito é sensibilizar e incentivar os servidores à adoção de uma postura ecologicamente responsável. A diminuição do consumo pode ser atingida com atitudes simples e eficazes, sobretudo quando integradas à rotina diária da instituição: imprimir os textos em frente e verso, evitar espaços ociosos nas páginas e fazer cópias digitais para arquivo são exemplos de medidas a serem adotadas. O objetivo da implantação da nova sistemática foi diminuir a quantidade de papel emitido pelo setor e o período de tempo desse processo. Para tanto, utilizou-se meios já existentes na Instituição, que foram apenas readaptados de forma que o processo pudesse ser otimizado, após simples observação e análise da demanda da Gerência de Cobrança da CaixaRS. Além da economia de papel ganhou-se em eficiência e eficácia, pois se elidiu possíveis erros ao manusear os arquivos o que não deve ocorrer no sistema informatizado; se ganha também em razão do tempo homem anteriormente despendido ser canalizado para outras atividades relevantes da organização. Os resultados apresentados apontam, além da economia de recursos públicos, esforços para a proteção de espécies, melhoria da qualidade de vida de todos e, principalmente, exemplos eficientes para a educação das novas gerações.