RESUMO O objetivo do presente artigo é apresentar a evolução dos modelos gerenciais direcionado aos quatros modelos de gestão. Partiu-se do ponto de vista de que os modelos tradicionais surgiram da emergência do modelo de metas racionais e do modelo de processos internos (1900-1925). No modelo de metas racionais o principal objetivo era a produtividade e o lucro, pois o trabalho era mecanizado e com critérios de eficiência. O modelo de processos internos é um complemento do modelo das metas racionais e os critérios são de eficácia como a estabilidade e continuidade, significando que a rotinização promove a estabilidade. Depois surgiu o modelo das relações humanas (1926-1950) que visava alterar o grau de participação do indivíduo com o compromisso, coesão e moral e a atmosfera centrada em equipes, pautadas em grupos informais de trabalho. Desde então fala-se em motivação, liderança, dinâmica de grupo e organização informal. A partir dos anos 50 surge o modelo de sistemas abertos (1951-1975) com ênfase na flexibilidade e da capacidade de respostas organizacionais, pois a organização teve que adaptar-se para sobreviver, mudando seus produtos, técnicas e estruturas, e isso ocorre devido à mudança do ambiente externo. Dessa forma, a organização passa a ter uma atmosfera inovadora e menos burocrática, buscando assim o crescimento, tornando-se mais complexos a cada dia que cresce. Palavras-Chave: Evolução. Modelos Gerenciais. Organização. INTRODUÇÃO Este estudo busca demonstrar o conhecimento teórico do processo evolutivo do pensamento administrativo por meio de uma análise da evolução dos modelos gerenciais que vem sendo utilizadas na administração na atualidade. Em uma perspectiva histórica a administração é marcada por teorias aplicadas por diversos estudiosos como Taylor na Escola da Administração Científica com ênfase nas tarefas e Henri Fayol com a Teoria Clássica com ênfase na estrutura. Na Escola das Relações Humanas, surgiu o Elton Mayo com a Experiência de Hawthorne com ênfase nos aspectos emocionais do comportamento das pessoas, conclui-se com a experiência que o comportamento do trabalhador era baseado no comportamento dos grupos e organizações informais. Na Teoria Neoclássica da Administração tem como principal referência Peter Drucker, com ênfase na prática da administração, nos princípios gerais de gestão e ênfase nos objetivos e resultados. Peter Drucker também introduziu a Administração por Objetivos (APO) que tem características principais na elaboração de planos táticos e operacionais, com ênfase na mensuração e no controle. Na Escola Estruturalista da Administração surge a Teoria Burocrática com Max Weber, sintetizando as teorias clássicas e as teorias de relações humanos, porém ganhando novas dimensões que envolvem todas as variáveis da organização. Por volta da década de 50 surgiu a Teoria Estruturalista inspirado por Max Weber, com enfoque na estrutura e ambiente, dessa forma mostra a organização como um sistema aberto que relaciona-se com o ambiente e com as outras organizações. A Escola Comportamental da Administração iniciou-se com Hebert Simon com o livro O Comportamento Administrativo, com novos conceitos ao tratamento do processo de tomada de decisões e aos limites da racionalidade. A partir deste contexto, outros autores foram importantes como Abraham Maslow, com a Teoria da Motivação Humana, que desenvolveu uma hierarquia das necessidades de Maslow, que pode ser visualizada como uma pirâmide e parte do princípio que a motivação surge de um conjunto de necessidades que estão dispostas na forma de uma hierarquia de importância. Também surge a Teoria de Herzberg com Frederick Herzberg que defende que o comportamento humano pode ser explicado por fatores higiênicos ou extrínsecos e fatores motivacionais e intrínsecos. Na Teoria X e Y, MacGregor compara dois estilos opostos e antagônicos de administrar, por um lado a Teoria X que é baseada na teoria tradicional, completamente mecanicista, com um estilo de direção rígido e autocrático e por outro lado, a Teoria Y que é baseada na teoria nas concepções modernas a respeito do comportamento humano, completamente humanista, com um estilo aberto e dinâmico da administração com medidas inovadoras. A Escola Sistêmica da Administração trata de três teorias principais, a Cibernética e Administração criada por Norbert Wiener, a Teoria da Matemática da Administração conhecida como Pesquisa Operacional e a Teoria de Sistemas criada por Ludwig Von Bertalanffy. Na Escola Contingencial da Administração, tem-se a Teoria da Contingência que surgiu através de pesquisas sobre estratégia e estrutura organizacional do pesquisador Alfred Chandler que envolvia o processo histórico das empresas Du Pont, General Motors, SearsRoebucke Standard Oil, conduzindo assim a uma nova concepção da organização, com o funcionamento dependente da interface com o ambiente externo. Depois a surgiu a pesquisa de Burns e Stalker sobre organizações mecanísticas e orgânicas que pesquisaram vinte indústrias inglesas para verificar a relação existente entre as práticas administrativas e o ambiente externo dessas indústrias. A terceira pesquisa da teoria da contingência foi a pesquisa de Lawrence e Lorsch que pesquisaram sobre o defrontamento da organização e ambiente em dez empresas em três meios industriais diferentes (plásticos, alimentos empacotados e recipientes/containers) para verificar as características que as empresas devem ter para enfrentar com eficiência as diferentes condições externas, tecnológicas e de mercado. Ressalta-se que foi a partir da pesquisa do defrontamento da organização e ambiente que a Teoria da Contingência foi reformulada e a organização passa a ser vista como um sistema aberto, pois os pesquisadores demonstraram problemas básicos nas organizações como a diferenciação que divide a organização em subsistemas ou departamentos onde cada colaborador desempenha um papel específico, uma tarefa especializada e a integração que é um processo gerado por pressões vindas do ambiente externo da organização para alcançar esforços e coordenação entre os vários departamentos. Nos tempos atuais a Administração é tratada com modernas técnicas de gestão, com uma administração participativa que visa valorizar a capacidade das pessoas de tomar as decisões e resolver problemas, contribuindo para a motivação do trabalho aumentando a competitividade das organizações. A EVOLUÇÃO DOS MODELOS GERENCIAIS Cada um dos modelos de gestão reflete uma abordagem ou enfoque da realidade das organizações observadas cada uma em seu devido tempo. Primeiro o enfoque foi nas tarefas com a Administração Científica, sucedida pelo enfoque nas estruturas através das Teorias Clássica, Neoclássica, da Burocracia e Estruturalista. Em seguida o enfoque foi nas pessoas, através das Teorias das Relações Humanas, do Comportamento Organizacional e do Desenvolvimento Organizacional. As Teorias Neoestruturalista e da Contingência tiveram enfoque no ambiente interno e externo da organização e a tecnologia. Depois veio a Administração por Objetivos e a Administração Estratégica. O modelo de metas racionais por ter surgido em uma época de progresso econômico visava a realização, maximização dos lucros e a produtividade. Também surgem os papéis de diretor e produtor. Este modelo enfatiza que as metas, a análise racional e a tomada de decisões sejam explícitas. Neste modelo não admiti-se de forma nenhuma que um trabalhador produza abaixo de 100% de eficiência, o que resultava em substituição de outro trabalhador que alcançasse a eficiência total. O modelo dos processos internos é um complemento ao modelo das metas racionais. Ficou conhecido como 'burocracia profissional'. Os critérios são de eficácia que baseiam-se na estabilidade, a continuidade e eficiência no fluxo do trabalho. Este modelo mostra a definição de responsabilidade, mensuração e documentação, onde a função do gerente consiste em ser um monitor competente e um coordenador confiável. O modelo de relações humanas veio através de experiências feitas por Elton Mayo que descobriu que o tédio e a repetitividade de muitas tarefas reduzia a motivação do trabalho, mas o contato social ajudava a criar e manter a motivação. Uma das experiências foi chamada de Hawthorne, pois foi feito em Chicago, no bairro de Hawthorne, buscando identificar a solução dos problemas de relações humanas e para isso interligou a produtividade com a satisfação dos trabalhadores alterando o ambiente de trabalho e conhecendo cada indivíduo. Esta experiência teve quatro fases, a primeira a fase dos estudos da iluminação, a segunda fase na sala de montagem de relés, a terceira fase com programas de pesquisas e a quarta fase na sala de montagem de terminais. Concluiu-se que o nível de produção era resultante da integração social, que os trabalhadores não agem isoladamente como indivíduos, mas como membro de grupos. Enquanto na Administração Científica o homem era motivado por estímulos salariais, sendo mais conhecido como homo economicus, na Administração das Relações Humanas o homem é motivado pela necessidade de reconhecimento e aprovação social com participação nas atividades em grupos, sendo secundária a motivação econômica para determinar o rendimento do trabalhador, transformando o conceito de homo economicus para homo social. No modelo de relações humanas a função do gerente é de facilitador com o uso de processo decisório participativo e de mentor transmitindo uma comunicação eficaz e aperfeiçoando o desenvolvimento dos empregados. O modelo de sistemas abertos é compreendido como um complexo de elementos em interação e em intercâmbio com o ambiente, e de acordo com o estudioso Ludwig Von Bertalanffy, deve-se tratar os problemas das pessoas como típico de sistema, considerando seus contornos, componentes e as relações entre as partes. Assim surgiu a teoria de sistemas. Os princípios da teoria de sistemas foram desenvolvidos para entender os sistemas biológicos e incluem a homeostase, a entropia/entropia negativa, a estrutura, função, diferenciação e integração, o requisito da variedade, a equifinalidade e a evolução do sistema. O sistema aberto tem como ênfase a adaptação política, criatividade na resolução de problemas, inovação e gerenciar mudanças. Espera-se que o gerente seja inovador, criativo, alguém que faz uso de poder e influência na organização. Os quatro modelos gerenciais (metas racionais, processos internos, relações humanas e sistemas abertos) são modelos antagônicos, entretanto são inter-relacionados entre si, fazendo parte de um único arcabouço. É importante reconhecer que cada modelo isolado não proporciona uma gama de perspectivas, amplitude de escolhas e a eficácia potencial, mas quando unidos fazem parte de um construto maior que é a eficácia organizacional. Como cada modelo parece ter critérios de transmitir mensagens conflitantes criou-se a estrutura de quadro de valores competitivos, com os desafios de apreciar vantagens e desvantagens de cada um dos quatro modelos, adquirir e utilizar as competências associadas a cada modelo e integrar de maneira dinâmica as competências de cada um dos modelos às situações gerenciais encontradas. Dessa forma, o antagonismo pode coexistir em um sistema real, pois os critérios, valores e premissas ocupam pólos opostos nas mentes das pessoas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em uma organização, as pessoas, as tarefas e a administração são interdependentes, pois estão interligadas entre si. Mediante este estudo foi observado a atuação de diferentes pensamentos dentro das escolas de administração e no contexto organizacional. A consideração dos quatro modelos gerenciais permite que se perceba a relação entre as mesmas. Também percebe-se as funções diferenciadas dos gerentes em cada modelo. Desta forma nota-se o quanto os modelos influenciam as organizações nos tempos atuais, aumentando o grau de avaliação dos colaboradores. As mudanças nos modelos gerenciais foram importantes porque trouxe novos conceitos sobre satisfação, liderança e comunicação que reestruturou completamente os rumos da administração, tornando-a mais apropriada para as empresas na atualidade. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto.Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. QUINN, Robert et al. Competências gerenciais: princípios e aplicações. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Nota: [1] Artigo baseado no livro Competências Gerenciais: princípios e aplicações – Capítulo 1 'A evolução dos modelos gerenciais'. [2] OLIVEIRA, D. V. Bacharel em Administração – Linha de Formação Comércio Exterior das Faculdades Rio-Grandenses (FARGS) de Porto Alegre-RS/Brasil. Email: <dani.vieira@live.com>.