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Até a década de 80, os computadores eram máquinas de uso corporativo e por isso, a programação de sistemas e aplicativos voltavam-se mais às necessidades corporativas e profissionais. O computador e os seus aplicativos não estavam presentes no cotidiano das pessoas.
Essa realidade sofreu uma drástica mudança a partir da década de 80, com o surgimento e a popularização dos computadores pessoais (PC). E aprofundou-se ainda mais com os smartphones e demais equipamentos tecnológicos (tablets, notebooks, etc.). Atualmente, vivemos em um mundo onde a tecnologia permeia o nosso cotidiano. Onde praticamente toda pessoa, mesmo com uma renda familiar mínima, possui um smartphone, que no fundo nada mais é do que um computador com capacidade de telefonia. Uma maioria expressiva da população está conectada nessa imensa rede mundial chamada internet, onde armazenamos e publicamos grande parte do que produzimos, observamos, conhecemos, sentimos e pensamos.
 Com isso, torna-se cada vez mais necessária a criação de aplicativos que atendam as necessidades e as expectativas dos mais diversos aspectos da nossa vida profissional e, principalmente, pessoal. Além disso, com o aumento da capacidade computacional, tornou-se possível criar aplicativos antes inimagináveis. Hoje, um simples smartphone possui uma capacidade de processamento milhares de vezes maior do que os primeiros computadores da década de 40, como o ENIAC[1], e mesmo os da década de 70, como o computador de navegação da Apollo 11[2], responsável pela façanha de levar o homem à Lua.
Nessa nova realidade, começamos a nos atentar para o elo humano dessa cadeia, que geralmente passava despercebido: os programadores! Sem eles, os smartphones e tablets não têm utilidade. São os programadores que codificam e produzem os sistemas e os aplicativos que utilizamos diariamente e que se tornaram imprescindíveis em nossas vidas.
Com as novas tecnologias, a necessidade de programadores tornou-se maior e a possibilidade de criar novos aplicativos também. Não há como falar em desenvolvimento tecnológico e econômico de uma nação sem abordar a criação de uma força de trabalho dedicada à programação. Mas como suprir essa demanda? É preciso ser gênio para aprender programação de computadores e entrar no maravilhoso mundo da criação de aplicativos, seja como profissional ou simplesmente como um hobby, um passatempo, uma atividade secundária?
Aqui vai uma boa notícia: para aprender programação, seja qual for a linguagem, não é necessário ser um gênio ou ter uma inteligência acima da média. Basta ter vontade de aprender, dedicação, persistência e desenvolver o mínimo de raciocínio lógico, que é a capacidade de pensar de forma estruturada diante de um problema ou situação, reduzindo-o a situações menores que se encadeiam numa sequência lógica e coerente. Aliás, aprender programação estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico[3], aprimorando a nossa capacidade de resolver problemas.
Quais são os benefícios do aprendizado de uma linguagem de programação? Além do desenvolvimento do raciocínio lógico, a programação ensina fortes noções de causalidade (causa e efeito), uma vez que toda instrução em um programa se traduz em um resultado imediato e que impacta a sequência das próximas ações e o resultado final, e desenvolve a capacidade de concentração. Programar um aplicativo ou um sistema exige foco, disciplina, capacidade de análise da situação e desenvolvimento de soluções, criatividade e capacidade de antever as consequências lógicas das instruções que estão sendo dadas ao computador. Portanto, mesmo que o estudante não se torne um profissional da área de tecnologia, ele será beneficiado pelo desenvolvimento do raciocínio lógico e das demais habilidades citadas nesse parágrafo, entre tantas outras. Dessa forma, se tornará um cidadão mais consciente e preparado para os desafios, os problemas e a complexidade do mundo atual.
Muitos especialistas, inclusive, equiparam o conhecimento de uma linguagem de programação à habilidade de comunicação em outros idiomas. Quem aprende outro idioma amplia a sua capacidade de comunicação e a sua visão de mundo, pois consegue ter contato com culturas, valores, formas de pensar e cenários diferentes. Da mesma forma, o aprendizado e a utilização de uma linguagem de programação permite-nos entender o funcionamento do computador e das tecnologias em geral, fazendo com que a sua utilização seja natural e que consigamos extrair o máximo do seu potencial e dos seus benefícios. Para muitos educadores, a programação será uma das habilidades mais importantes do futuro, equiparando-se em importância e utilidade ao aprendizado dos idiomas (inglês, espanhol, alemão, italiano, etc.), e um fator de diferenciação profissional e acadêmica.
Há um intenso debate nos meios educacionais dos Estados Unidos se o ensino da programação deve ser considerado uma nova alfabetização para as crianças[4]. O governo americano, de forma oficial[5], está estimulando fortemente o ensino de tecnologia para os estudantes. O objetivo não é apenas permitir que os estudantes desenvolvam as habilidades descritas nesse artigo, mas também suprir a demanda de programadores no mercado de trabalho americano. Os americanos, melhores do que ninguém, compreenderam a importância da tecnologia para o crescimento econômico, cultural, social e intelectual do país. No mundo todo[6] faltam profissionais de tecnologia. E o Brasil não é uma exceção[7]. Pena que ainda estamos tão atrasados nessa discussão, pois o governo brasileiro, em todas as suas esferas (municipal, estadual e federal), não consegue fazer nem o básico em matéria de educação. Temos uma das piores posições no Pisa[8] (Programme for International Student Assessment – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), uma iniciativa da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de avaliação comparada do conhecimento de jovens do ensino médio, na faixa de 15 anos, em leitura, matemática e ciências.
Ora, com a falta de profissionais de tecnologia e a programação sendo uma disciplina tão facilmente ensinável, por que não incluí-la no currículo regular do ensino médio ou mesmo no fundamental? Esta questão e as suas reflexões parecem escapar aos educadores e formuladores de políticas educacionais do Brasil. Não há nenhuma atitude concreta nessa direção, nem mesmo um projeto piloto para testar e mensurar os resultados na prática, salvo pequenas iniciativas no ensino particular, que mesmo assim muitas vezes tratam o ensino de programação e tecnologia em geral mais como um diferencial mercadológico do que propriamente uma disciplina fundamental para o desenvolvimento das capacidades cognitivas e das habilidades das crianças e adolescentes. Não estamos falando de ensinar apenas a informática básica, que querendo ou não, todos acabarão usando, mas de produzir conteúdo tecnológico e conhecimento para uso em todas as áreas da vida.
Ensinar programação nas fases iniciais de formação ajudará o desenvolvimento das crianças e adolescentes, aumentará a empregabilidade delas, ou seja, dará mais condições para que elas se insiram no mercado de trabalho, e estimulará o preenchimento das vagas no setor de tecnologia, criando uma força profissional altamente qualificada que permitirá o desenvolvimento tecnológico, econômico e social do Brasil.
Enquanto o poder público dorme em sua letargia e inércia, as organizações do terceiro setor podem ter um papel importante no preenchimento dessa falha no currículo do ensino público e no aumento da empregabilidade dos jovens[9]/[10]. Existem organizações que ensinam tecnologia aos seus beneficiados, tornando-os mais aptos para ingressar no mercado de trabalho, não somente na área de tecnologia, mas em outros empregos e áreas, onde com certeza precisarão usar os computadores e a internet. Além disso, disseminando os conhecimentos de tecnologia, ajudam a diminuir a distância de conhecimento e oportunidades existente entre os jovens das diversas faixas de renda familiar, permitindo a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada por meio da educação, e não apenas por meio de iniciativas de transferência direta de renda. Esta, para o país e os seus habitantes, é uma solução paliativa, enquanto a educação é a solução definitiva e permanente!
Se você, caro leitor, tem influência ou voz em instituições de ensino públicas ou particular, seja como administrador, funcionário ou cliente, pense bastante a respeito desse assunto. Além de exigir qualidade no ensino regular, considere a possibilidade de exigir o ensino de programação como parte do currículo básico regular. Se não tem, além de continuar exigindo qualidade no ensino regular das escolas públicas e privadas, considere ajudar uma organização do terceiro setor que ensine programação aos seus beneficiados. As crianças e o país agradecem!
[1] https://en.wikipedia.org/wiki/ENIAC
[2] http://www.thedailycrate.com/2014/02/01/geek-tech-apollo-guidance-computer-vs-iphone-5s/
[3] http://blog.teamtreehouse.com/can-computer-programming-boost-brain-power
[4] http://edutopia.org/literacy-computer-programming
[5] http://www.engadget.com/2015/03/09/obama-techhire
[6] http://www.usnews.com/opinion/articles/2014/09/15/the-stem-worker-shortage-is-real
[7] http://sindpd.org.br/sindpd/noticia.jsp?Falta-de-profissionais-ameaca-projetos-em-TI&amp;id=1397740311396
[8] http://portal.inep.gov.br/pisa-programa-internacional-de-avaliacao-de-alunos
[9] http://mmterceirosetor.com.br/as-organizacoes-do-terceiro-setor-para-que-servem-o-que-fazem/
[10] http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/154/artigo234713-1.asp

Os benefícios do ensino de linguagem de programação no currículo regular

Resumo: Mesmo que o estudante não se torne um profissional da área de tecnologia, ele será beneficiado pelo desenvolvimento do raciocínio lógico e das demais habilidades citadas no texto, entre tantas outras. Dessa forma, se tornará um cidadão mais consciente e preparado para os desafios, os problemas e a complexidade do mundo atual

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Dentre todas as siglas, jargões e termos utilizados na área de tecnologia, uma destaca-se atualmente: computação em nuvem, também tratada como cloud ou apenas nuvem pelos mais íntimos. Apesar de não ser uma sigla ou um jargão em inglês, o termo nuvem causa muita confusão e mal-entendido quando as pessoas tentam explicar o seu significado.
Para algumas pessoas é surreal imaginar que as suas informações estão literalmente soltas no ar, imagem criada automaticamente na nossa mente quando pensamos em nuvem. Como outros conceitos, este é mais um exemplo do uso de analogias com a natureza para batizar serviços, conceitos ou produtos de tecnologia.
Computação em nuvem nada mais é do que o acesso à computadores remotos, não importando a sua localização, para a utilização de softwares e recursos desses computadores, independentemente de onde estivermos e do equipamento que utilizamos. Por exemplo, podemos fazer um backup dos dados do nosso notebook num espaço de armazenamento na nuvem, como Dropbox, Google Drive, iCloud, etc., e acessá-lo posteriormente de outro computador, como o desktop ou outro notebook. Ou seja, a nuvem permite que os nossos arquivos não precisem mais ficar fisicamente nos nossos computadores. Permite também o seu acesso de qualquer localidade ou computador, livrando-nos de carregar o nosso equipamento (desktop, notebook, smartphone, tablet, etc.) conosco. A principal característica da nuvem em tecnologia, tal qual a sua correspondente no céu, é a mobilidade.
Podemos considerar que a computação em nuvem é a consequência natural das redes de computadores e da internet e, principalmente, uma transformação do conceito de uso de softwares e recursos computacionais (espaço em disco, memória, processamento, etc.) da modalidade produto/propriedade para serviço. Até pouco tempo atrás, a única forma de usarmos um software ou um computador era adquiri-los como um produto. Ou seja, pagávamos pelo software ou computador, levávamos conosco para casa ou trabalho, e utilizávamos até que não atendesse mais a nossa necessidade, parasse de funcionar, ficasse obsoleto, ainda também se fosse necessário migrar para uma nova versão com mais recursos ou pelo fim do suporte técnico por parte do fabricante desenvolvedor.
Com a computação em nuvem, os softwares começaram a ser vistos como serviço. Nesse caso, não é mais necessário adquirir o produto e instalá-lo fisicamente no nosso computador. Podemos utilizá-los como um serviço, pagando uma assinatura mensal ou até mesmo um valor proporcional ao tempo de uso, seja por minutos ou horas, dependendo do modelo de comercialização de cada empresa. O modelo de software como serviço tornou-se tão forte e praticamente irreversível, que a Microsoft o adotou como um dos modelos de comercialização do Office. No Office 365, o usuário utiliza os softwares da suíte (Excel, Word, PowerPoint, etc.) acessando-os diretamente pela internet e pagando uma assinatura mensal, que no plano mais básico não ultrapassa os R$ 30,00. Todos os novos recursos e funções adicionados nas atualizações de versão estão automaticamente disponíveis para uso, sem a necessidade de adquirir a nova versão e atualizar o computador pessoal. No Office 365, o usuário tem a opção de armazenar os seus arquivos em servidores da Microsoft, ou seja, na nuvem. Dessa forma, eles estão sempre disponíveis para o usuário, independentemente da sua localização ou de qual computador está usando.
Outro exemplo do modelo de software como serviço na nuvem é o Protheus (software ERP que integra e gerencia todas as áreas de uma empresa), desenvolvido e comercializado pela TOTVS, maior empresa nacional do segmento e uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Tradicionalmente, a comercialização era realizada no modelo de venda de licença. Porém, seguindo a tendência de software como serviço e disponibilização na nuvem, o Protheus começou a ser comercializado como assinatura, no modelo chamado de Intera pela TOTVS. Também passou a ser hospedado no datacenter da empresa, permitindo que os usuários o acessem via internet. Assim como a Microsoft e a TOTVS, outras importantes empresas da área de tecnologia criaram modelos de disponibilização dos seus softwares por assinatura na nuvem, como a Adobe, entre outras. Aliás, muitas empresas de tecnologia e softwares já nasceram nativas no ambiente de nuvem, desde softwares ERP, de atendimento ao cliente, de gerenciamento de projetos, entre outros.
A mesma lógica aplica-se aos recursos computacionais. Atualmente, faz cada vez menos sentido as empresas investirem na montagem ou ampliação dos seus datacenters. Precisa de mais servidores para suportar uma determinada operação ou sistema? Precisa aumentar a capacidade de processamento ou de armazenamento de dados? Precisa de mais memória para determinados aplicativos ou programas? Se você pensou em comprar mais computadores, memória ou discos rígidos (HD), pare! Respire! e Agora reflita: vale a pena imobilizar recursos financeiros pessoais ou da empresa em equipamentos cujo tempo de obsolescência torna-se cada vez menor? 
Se você respondeu não ou continua em dúvida, saiba que grandes empresas de tecnologia, como Google, Microsoft, Amazon, entre outras, disponibilizam a utilização dos recursos computacionais dos seus datacenters, espalhados ao redor do mundo, por valores altamente competitivos. E se considerarmos que não precisamos nos preocupar com manutenção desses equipamentos, investimento na atualização, custo de suporte técnico, backup, segurança, disponibilidade de uso, entre outros aspectos, o custo de utilização pela nuvem é praticamente imbatível.
Podemos citar como exemplo de empresas que utilizam a nuvem para obter recursos computacionais, o IOS (Instituto da Oportunidade Social), cujo software Protheus disponibilizado para o aprendizado dos alunos em cada turma, está instalado e configurado em ambientes virtuais em um datacenter do Google no meio oeste dos Estados Unidos. Tudo isso sem colocar um pé para fora da sede do IOS e sem a necessidade de investir na criação de um datacenter próprio, o que seria inviável economicamente e em termos de recursos humanos.
Em média, 1.200 alunos por semestre, das 64 turmas de capacitação gratuita em gestão empresarial com ERP, localizados nas 14 unidades de São Paulo, Diadema, Barueri, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Joinville e Sacramento (Minas Gerais), utilizam o Protheus nos servidores do Google, pela nuvem (internet), nas aulas práticas, sem a necessidade de instalação física do sistema nos computadores de cada sala de aula ou de investimento próprio na aquisição, manutenção e gerenciamento de mais algumas dezenas de servidores de alta performance. 
O Google, por exemplo, possui datacenters em várias regiões dos Estados Unidos, Canadá, Europa e Ásia. Em 2017, conforme informações divulgadas pela companhia, investirá na criação de novos datacenters ao redor do mundo, inclusive no Brasil, em São Paulo. Com rapidez e transparência, sem colocar os pés para fora da nossa casa ou escritório, é possível contratar, configurar e utilizar uma parte dos recursos computacionais dos milhares de servidores disponíveis em cada datacenter. De acordo com a necessidade e a demanda, é possível ampliar ou reduzir a quantidade de recursos computacionais utilizados, sem burocracia e também de forma rápida e transparente.
Quais são os benefícios da computação em nuvem para as pessoas físicas e as empresas, incluindo o terceiro setor? Dentre os muitos benefícios, podemos citar alguns, como:
<ol><li>Acesso às tecnologias de ponta e softwares atualizados</li>
<li>Mobilidade</li>
<li>Flexibilidade</li>
<li>Escalabilidade (rapidez e facilidade para aumentar os recursos de acordo com a necessidade)</li>
<li>Segurança</li>
</ol>A computação em nuvem é uma tendência irreversível, pois também atende às demandas, necessidades e expectativas do usuário final, seja no ambiente doméstico ou corporativo. Cabe às empresas e às pessoas aproveitarem os pontos positivos do modelo em nuvem e de software como serviço, transformando-o em aliado para a melhoria dos seus processos, geração de receita e renda, e crescimento profissional. Esse é um novo mundo proposto pela nuvem: aberto, móvel, livre e flexível, cujo céu é o limite! Assim como as nuvens que pairam acima das nossas cabeças!

Computação em nuvem: que raios é isso?

Softwares CRM (Customer Relationship Management – Gestão de Relacionamento com o Cliente) são muito utilizados pelas empresas para melhorar o relacionamento com os seus clientes e, consequentemente, incrementar as vendas. Por meio deles, é possível conhecer melhor os clientes, identificando as suas principais características, necessidades, expectativas, comportamentos e tendências de consumo. Além disso, mapeia-se todo o processo de vendas, controlando as etapas e a sua situação, gerenciando a carteira de clientes e monitorando a previsão de vendas frente às metas da empresa.
Tendo-se em vista as características acima, compreendemos claramente porque criou-se a visão de que o CRM é útil apenas para empresas com fins lucrativos, sendo apenas uma ferramenta de controle das metas de venda e de concretização da transação comercial entre cliente e fornecedor. Nessa visão, a conclusão lógica é que o CRM não tem nenhuma utilidade para as organizações sem fins lucrativos, como associações e ONG´s. Será que essa visão está correta?
Como tantas outras, essa é mais uma lenda urbana do mundo corporativo e profissional. Onde há pessoas, há relacionamento. E onde há relacionamento, o CRM sempre pode ajudar! Portanto, as organizações do terceiro setor podem obter inúmeros benefícios com a utilização adequada de um software CRM.
Mais do qualquer outro ramo de atividade, o terceiro setor tem no relacionamento com pessoas e instituições públicas e privadas uma das suas maiores fontes de apoio e, principalmente, um dos seus maiores desafios. Cada organização social precisa conhecer e saber se relacionar com as pessoas, tanto aquelas que fazem parte da sua esfera de atuação e do seu meio ambiente, quanto aquelas que ainda não se envolveram ou tiveram contato com a instituição, pois disso depende a obtenção de apoio financeiro, material, técnico, de conhecimento, entre outros. Nesse ponto, as organizações do terceiro setor cometem alguns erros, tais como:
<ol><li>Concentram os contatos e os relacionamentos em uma única pessoa dentro da organização. Se esse participante sai ou se ausenta por um longo período, muitas organizações acabam perdendo os seus contatos e, principalmente, o histórico desses relacionamentos. Conquistar e manter relacionamentos são tarefas árduas que demandam grande investimento de tempo e, muitas vezes, até recursos materiais e humanos. Perdê-los por não ter um sistema com os dados dos contatos e o histórico desses relacionamentos é um grande desperdício de tempo, conhecimento e recursos humanos, materiais e financeiros!</li>
<li>Não armazenam o histórico dos relacionamentos. Com isso, desperdiçam a possibilidade de visualizar tendências e descobrir oportunidades e riscos. É uma consequência natural do primeiro erro, pois todo o relacionamento e a percepção de tendências, oportunidades e riscos ficam na cabeça das pessoas. E as pessoas não estão amarradas a nenhuma organização. Elas saem, ausentam-se, procuram novos desafios. Nenhuma organização, seja ela pública, privada ou do terceiro setor, pode depender inteiramente do conhecimento armazenado na cabeça das pessoas. É necessário encontrar formas de fazer com que pelo menos uma parte desse conhecimento, e se possível a mais importante e estratégica, seja registrada, armazenada e resgatada quando necessário. O CRM é um dos pilares dessa estratégia!</li>
<li>Não utilizam o conhecimento adquirido nos relacionamentos para o fortalecimento do vínculo com as pessoas e instituições do seu meio ambiente de atuação. Principalmente em organizações do terceiro setor, uma parcela expressiva das novas parcerias é conquistada por meio de indicações e recomendações de pessoas que conhecem a organização, a sua história, visão, missão, valores e os resultados do seu trabalho. É importantíssimo que as organizações se preocupem e se estruturem para realizar um networking ativo e profissional.</li>
<li>Por não terem os contatos mapeados, o terceiro setor muitas vezes desperdiça a oportunidade de mobilizá-los e reuni-los para a defesa de causas comuns e a cobrança de melhorias e de aumento de eficiência dos órgãos públicos, entre outras demandas e oportunidades. A morosidade e as falhas dos programas e órgãos públicos de apoio ao terceiro setor são amplamente conhecidas pelas organizações. Porém, mais do que simplesmente reclamar, elas podem ser protagonistas no papel de fiscalizadoras e impulsionadoras da melhoria de eficiência do poder público. Esse protagonismo acentua-se e torna-se viável com a união das organizações, que é possível apenas quando se conhecem as pessoas e se constroem relacionamentos próximos e duradouros. Para isso, é necessário que os relacionamentos sejam tratados e administrados profissionalmente, justamente um dos papéis centrais do CRM.</li>
</ol>Os erros acima mostram que o CRM é muito útil para as organizações do terceiro setor, independentemente do seu tamanho e área de atuação. Obviamente, essas variáveis (tamanho e área de atuação) são importantes na definição das funcionalidades do CRM que serão implementadas e, consequentemente, de qual CRM implantar. O que é mais vantajoso: uma solução de mercado ou o desenvolvimento de uma solução própria e customizada? Não há resposta pronta. Tudo dependerá do tamanho, da área de atuação e dos objetivos da organização social.
Para implantar um CRM que seja realmente útil para a organização, e não apenas um “elefante branco” para satisfazer a exigência da gestão e das partes interessadas, ou para servir de propaganda, é necessário refletir e responder algumas perguntas:
<ol><li>O que a organização pretende com o CRM?</li>
<li>Quais são os tipos de contato e partes interessadas com os quais a organização se relaciona ou pretende se relacionar?</li>
<li>Qual o nível de conhecimento e maturidade dos processos da organização e dos seus participantes em relação ao CRM?</li>
<li>Qual o foco do relacionamento? É apenas um networking ou a organização disponibiliza produtos e serviços, tendo a necessidade de acompanhar o processo de venda ou cessão?</li>
<li>Quais são as necessidades e as falhas no relacionamento com os contatos, em qualquer nível, vivenciados pela organização?</li>
<li>Já existe algum processo, mesmo que manual, de obtenção, cadastro, acompanhamento e registro do histórico de relacionamentos?</li>
</ol>Como todo software, o CRM será útil se for bem pensado e implantado. Cada organização tem necessidades e expectativas diferentes de relacionamento com os seus contatos, da mesma maneira que estes também possuem as suas necessidades e expectativas. Mais do que um software, o CRM deve ser uma política e um método de relacionamento com os diversos públicos (partes interessadas) que compõem a órbita da organização.
Não faça do CRM, principalmente nas organizações do terceiro setor, um fim em si mesmo. Mas sim, uma ferramenta de incremento da eficiência no relacionamento com as pessoas! Uma ferramenta de aproximação e cooperação. Uma ferramenta de auxílio para a execução da sua missão e dos objetivos estratégicos da organização.

CRM em organizações do terceiro setor: usar ou não usar, eis a questão!

Nas empresas com fins lucrativos consolida-se cada vez mais a percepção da importância de um software ERP (Enterprise Resource Planning – Planejamento de Recursos Corporativos), que controla e integra os dados e os processos de cada área da empresa, para o incremento da eficiência e do bom funcionamento da operação. Inicialmente, um software ERP era visto como coisa de gente grande. Ou seja, apenas para grandes empresas e conglomerados. Porém, nos últimos anos, vimos uma disseminação maciça dos softwares ERPs em pequenas e médias empresas, que perceberam a importância da integração entre as áreas e os benefícios que o ERP traz para as suas operações. 
Diante desse cenário, podemos nos perguntar se o ERP também beneficia as organizações do terceiro setor. Para muitos, a resposta é não! Uns alegam que o terceiro setor não tem fins lucrativos. Portanto, acreditam que não se justifica o investimento, geralmente alto, em um software que, na percepção dessas pessoas, tem o único objetivo de maximizar o lucro pelo aumento da eficiência administrativa. Para outras pessoas, a operação do terceiro setor é simples demais, não justificando também a implantação, geralmente complexa, de um ERP. E um terceiro grupo de pessoas não considera a implantação de um ERP como algo importante no terceiro setor porque ainda vê essas organizações como amadoras ou acredita que elas devam continuar com uma administração não profissional. 
As opiniões expostas no parágrafo anterior representam uma visão ultrapassada, equivocada e reducionista do papel do terceiro setor na economia e na vida das pessoas. O fato de uma organização atuar no terceiro setor não a exime da responsabilidade pela busca de mais eficiência administrativa e operacional. Na verdade, essa responsabilidade é ainda maior no terceiro setor, pois trabalha-se essencialmente com recursos financeiros e materiais de mantenedores, patrocinadores e/ou doadores. Portanto, a busca de melhorias nos processos internos, de disponibilização e utilização adequada dos dados e, consequentemente, de aumento da eficiência administrativa, é uma obrigação fundamental das organizações do terceiro setor. 
Com base nisso, torna-se claro que um software ERP é uma ferramenta importante para as organizações do terceiro setor, proporcionando inúmeros benefícios para a sua gestão. Além disso, quando bem implantado e utilizado, gera um ganho de imagem para a instituição, pois agiliza o atendimento das mais variadas demandas (parceiros, mantenedores, patrocinadores, comunidade, público atendido, etc.), permite a descoberta de tendências no setor na qual a instituição atua e facilita a obtenção de indicadores. Com isso, aumenta-se a transparência da instituição, e consequentemente a sua credibilidade. 
Muitos benefícios de um software ERP para o terceiro setor são semelhantes aos de uma empresa com fins lucrativos. Podemos citar alguns, como: 
<ul><li style="text-align:justify;">Controle e padronização dos processos, tanto os internos, de cada área, como aqueles necessários para a integração dos dados entre todos os setores da instituição;</li>
<li style="text-align:justify;">Agilidade no fluxo das informações entre as áreas, permitindo a visualização rápida da situação econômico-financeira e operacional da instituição. Com isso, ganha-se tempo, qualidade e assertividade na tomada de decisão;</li>
<li style="text-align:justify;">Diminuição do risco de dados e decisões se perderem por meio de processos manuais e sem registro formalizado num sistema;</li>
<li style="text-align:justify;">Identificação de novas oportunidades e serviços pela análise em tempo real das informações;</li>
<li style="text-align:justify;">Visualização clara das fontes de receita e do peso de cada uma na estrutura orçamentária;</li>
<li style="text-align:justify;">Disponibilidade de recursos financeiros e humanos para serem utilizados na inovação do negócio, ao invés de serem consumidos na execução de atividades rotineiras e manuais, que podem ser perfeitamente automatizadas em um software ERP. Por exemplo, por que perder tempo com o controle manual do desempenho dos alunos? Ao implantar um software de gestão educacional, a equipe de educação libera tempo e cérebros para pesquisar melhorias pedagógicas, novos cursos que atendam a necessidade das empresas e aumentem a empregabilidade dos jovens, novas ferramentas que aumentem o interesse deles pelo aprendizado, entre outros benefícios e inovações. Outro exemplo é na questão administrativa e financeira: ao invés de consumir tempo e recursos humanos em controles manuais das tarefas e dos indicadores financeiros e econômicos, que podem ser automatizados por um software ERP, pode-se investir no estudo de novas formas de captação de recursos, em métodos inovadores de prestação de contas etc. </li>
</ul>Além destes, existem benefícios, alguns intangíveis, que são ainda mais úteis às organizações do terceiro setor: 
<ul><li style="text-align:justify;">Imagem de profissionalismo, transparência e atualização tecnológica;</li>
<li style="text-align:justify;">Automatização dos processos relacionados à operação e a função da entidade, permitindo a obtenção de indicadores que mostram se o resultado, a visão e a missão estão sendo atingidos ou no caminho certo.</li>
<li style="text-align:justify;">Mais segurança, precisão e agilidade na prestação de contas aos parceiros, mantenedores e patrocinadores;</li>
<li style="text-align:justify;">Conhecimento do perfil do público-alvo do trabalho da organização;</li>
<li style="text-align:justify;">Conhecimento e gerenciamento das diversas partes interessadas, inclusive daquelas com potencial para tornarem-se parceiros, patrocinadores e até mesmo mantenedores;</li>
<li style="text-align:justify;">Chancela de parceiros com credibilidade e percebidos como referência em suas áreas de atuação. Por exemplo, ter as contas e o balanço auditados e aprovados por grandes empresas de consultoria ou ter uma instituição bancária de credibilidade como parceiro ou patrocinador em projetos;</li>
<li style="text-align:justify;">Transformar-se em referência na sua área de atuação pela qualidade dos serviços prestados e pela excelência da sua gestão. </li>
</ul>Cada vez mais as organizações do terceiro setor competem entre si pelos recursos financeiros, humanos e materiais disponíveis. É fundamental que, como toda empresa, as organizações estruturem-se administrativamente, preocupando-se em controlar, gerenciar e melhorar a sua estrutura e as suas operações. O desconhecimento da real situação operacional e econômico-financeira não é mais uma opção. O mundo demanda cada vez mais organizações do terceiro setor profissionalizadas e estruturadas, pois somente assim elas extrairão o máximo dos recursos utilizados no seu trabalho e na sua missão. Quanto mais eficiente e bem gerida uma organização do terceiro setor, maior é o seu potencial de transformar a sociedade. 
Obviamente, há inúmeros benefícios que não foram listados aqui e outros peculiares às diferentes áreas de atuação. Cabe a cada organização identificar as informações estratégicas que lhe permitirão visualizar, com precisão, a situação atual, os gargalos que impedem o crescimento e a melhoria dos seus serviços, a situação operacional e econômico-financeira, os desafios, as ameaças e as oportunidades. A implantação de um software ERP não é um fim em si mesmo. É o início de uma jornada que apresentará muitos caminhos, alguns recheados de armadilhas, e exigirá mudanças de rota até que se encontre a melhor estrada para o avanço da organização.

A implantação de um ERP gera benefícios para as organizações do terceiro setor?

Nem todo “ainda não” significa “nunca”. Nem toda opinião é neutra. Nem todo líder enxerga potencial onde há silêncio. E às vezes, estar pronto é simplesmente se dar permissão para tentar



Já ouviu essa frase: “Você ainda não está pronto para isso”?



Ela costuma vir em momentos cruciais da carreira, especialmente quando decidimos almejar algo maior. Às vezes, essa frase é um alerta justo. Mas, em outros casos, ela pode ser apenas uma projeção uma forma de transferir limites emocionais ou estratégicos de quem a diz para quem a escuta. Enquanto lia “O Príncipe”, de Maquiavel, percebi como o jogo do poder depende, acima de tudo, de percepção. E muitas vezes, o que parece um conselho é, na verdade, uma estratégia de contenção embalada em boas intenções.



Com o tempo, aprendi que crescer profissionalmente nem sempre depende só da performance técnica. Às vezes, depende de percepção. E quem controla essa percepção pode ter seus próprios interesses. O líder que dá o feedback também tem uma agenda às vezes consciente, às vezes não. Pode ser o medo de perder um talento da equipe. Pode ser a dificuldade de lidar com alguém que avança mais rápido do que ele avançou. Pode ser a pressão silenciosa de “controlar” a ambição dos seus subordinados para manter o jogo sob controle. E claro: pode ser também que ele esteja certo, e que de fato haja lacunas de preparo. Livros como “O Animal Social”, de David Brooks, e “Armas da Persuasão”, de Cialdini, me ajudaram a enxergar isso com mais clareza. Neles, percebi como emoções, vieses e agendas ocultas moldam decisões que, na superfície, parecem racionais.



Mas como separar uma crítica técnica de um julgamento emocional? Como saber se você não está pronto mesmo ou se apenas disseram isso porque era conveniente que você acreditasse?



Uma boa reflexão começa com três perguntas: estou realmente me preparando para o que desejo, ou apenas desejando? O feedback que recebi veio com argumentos claros ou apenas com autoridade? E por fim: estou analisando tudo isso com frieza, ou estou querendo validar minha própria urgência de crescer?



Nem sempre a resposta é simples, e às vezes o nosso próprio ego também atrapalha. É preciso maturidade para entender que algumas críticas doem porque são verdadeiras. Mas também é preciso lucidez para perceber quando o limite que colocaram em você não é sobre você é sobre o outro.



No fim das contas, o maior erro é acreditar que alguém externo vai ser o único sinal verde da sua evolução. Pessoas que crescem são aquelas que se colocam em movimento antes de estarem completamente prontas. Que se arriscam. Que erram. E que aprendem no caminho.



Nem todo “ainda não” significa “nunca”. Nem toda opinião é neutra. Nem todo líder enxerga potencial onde há silêncio. E às vezes, estar pronto é simplesmente se dar permissão para tentar.



Você está esperando alguém te dizer que é hora? Ou está criando as condições para que a hora chegue?

Você não está pronto, será mesmo?

A verdadeira gestão não se mede apenas pelos resultados financeiros, mas pela capacidade de deixar marcas positivas nas pessoas, nas organizações e no mundo



Quando pensamos em Administração, muitas vezes imaginamos gráficos, planilhas e relatórios. Mas administrar é muito mais do que lidar com números: é compreender pessoas, gerir diferenças, construir culturas e tomar decisões que moldam destinos. Nesse sentido, até uma série como Wandinha, com seu universo sombrio e enigmático, pode nos oferecer lições valiosas para o mundo da gestão.



Wandinha é uma jovem que não se deixa guiar pelas expectativas externas. Enquanto todos ao seu redor seguem padrões estabelecidos, ela prefere trilhar um caminho próprio, marcado pela autenticidade e pela coragem de ser quem é. Essa postura nos lembra que, em Administração, um verdadeiro líder não busca agradar a todos, mas sim conduzir com firmeza, mesmo quando isso exige ir contra a corrente. A essência da liderança está justamente em sustentar convicções e inspirar confiança em meio à adversidade.



A escola Nevermore (Nunca Mais), palco principal da história, é um microcosmo de qualquer organização real. Ali convivem personagens com habilidades, histórias e personalidades muito distintas. Essa diversidade, ao mesmo tempo que gera conflitos, também é fonte de inovação e crescimento. E aqui surge uma lição poderosa: administrar não é tentar apagar diferenças, mas aprender a valorizá-las. Uma empresa saudável é aquela que enxerga na pluralidade a sua maior riqueza, transformando contrastes em colaboração e criatividade.



Outro aspecto marcante é a forma como Wandinha lida com crises. Em vários momentos, ela se vê diante do desconhecido, cercada por ameaças e desafios que poderiam paralisar qualquer um. Mas sua resposta é sempre a mesma: determinação, estratégia e resiliência. Ela não foge do problema, não espera soluções prontas. Pelo contrário, cria caminhos, assume riscos e mobiliza quem está ao seu redor para alcançar resultados. Essa é a essência da gestão em tempos de incerteza: ser capaz de se reinventar diante do caos sem perder a clareza de propósito.



No fundo, o que a trajetória de Wandinha nos mostra é que administrar vai além de planejar metas e executar tarefas. É sobre liderar com autenticidade, construir culturas sólidas e enfrentar desafios com a confiança de que cada crise pode se transformar em uma oportunidade.



Assim como Wandinha, que encontra força em sua singularidade para transformar o ambiente ao redor, nós, administradores, também precisamos ter coragem de sermos fiéis à nossa essência. Porque a verdadeira gestão não se mede apenas pelos resultados financeiros, mas pela capacidade de deixar marcas positivas nas pessoas, nas organizações e no mundo. Essa talvez seja a maior lição da série: a verdadeira administração nasce quando unimos estratégia e humanidade, razão e sensibilidade, gestão e inspiração.

O que Wandinha pode ensinar sobre Administração

O futuro da memória talvez esteja em uma boa noite de sono cuidadosamente projetada



Aquela reunião importante terminou há apenas duas horas. Você tinha anotado tudo, feito conexões brilhantes e até marcado um follow-up para o dia seguinte. Mas quando vai enviar o e-mail resumindo os próximos passos... seu cérebro dá um branco. O cliente pediu alterações em qual slide mesmo? E o prazo que a equipe combinou, era sexta ou segunda? Ou pior: lembra perfeitamente o rosto de alguém que conheceu ontem, mas esqueceu o nome justo na hora da apresentação.Por que algumas memórias grudam como cola, enquanto outras escorrem como água entre os dedos?



A resposta está no que acontece enquanto você dorme. Ao contrário do que se pensava, o sono não é um simples 'desligamento'. É um laboratório noturno onde seu cérebro seleciona, costura e armazena o que realmente importa. Estudo da Universidade de Toronto revelou que reviver mentalmente um momento especial antes de dormir — como aquele jantar que deixou você feliz, aumenta em até 65% a chance de fixá-lo na memória. E se ele aparecer em seus sonhos? Aí a recordação ganha cores ainda mais vivas.



Mas isso é só o começo. O que você faz acordado, desde como reage às emoções até o ambiente que escolhe, também molda o que fica ou se perde. É possível melhorar a memória dormindo melhor e isso não é exagero. Dormir bem não é um luxo, é uma estratégia cognitiva. E, como mostram dados recentes da neurociência, funciona muito bem. Reduzir horas de sono afeta diretamente o funcionamento do hipocampo, a principal região cerebral envolvida na formação de novas memórias.&nbsp;



Dormir menos de cinco horas por noite pode reduzir o resultado do trabalho do hipocampo em até 40%. É como se o hipocampo fosse o “HD" do seu cérebro, e quando você dorme menos de 5 horas por noite ele funciona como um celular com 3% de bateria. Você até consegue tirar uma foto (ou seja, vive a experiência), mas ele desliga antes de você postar. Traduzindo: aquele relatório que você estudou ontem? Pode já ter virado um arquivo corrompido.



Vale lembrar que existem exceções raras a essa regra. Os chamados “curto-dormidores” formam uma pequena parcela da população que, por uma condição genética específica, consegue funcionar perfeitamente bem com apenas quatro ou cinco horas de sono por noite. Tudo isso, sem impactos na memória, na saúde ou no desempenho cognitivo. Mas atenção: isso não é algo que se treina ou se escolhe ser. Para a imensa maioria das pessoas, dormir menos do que o necessário compromete o cérebro de forma significativa, especialmente nas funções ligadas ao aprendizado e à lembrança de informações.



E não para por aí. Sono de má qualidade está associado ao acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro, como a beta-amiloide e a Tau, substâncias diretamente relacionadas à doença de Alzheimer. Dormir menos de seis horas por noite também eleva os riscos de infecções, diabetes tipo 2 e infartos, o que demonstra que a memória não é um sistema isolado: ela reflete o equilíbrio (ou desequilíbrio) do corpo como um todo.



Agora pense bem: e se fosse possível, além de dormir melhor, reativar certas memórias durante o sono? Cientistas estão explorando essa possibilidade usando sons associados a eventos específicos durante as fases estratégicas do sono. Os resultados preliminares indicam que isso pode potencializar ainda mais a retenção de memórias autobiográficas. O futuro da memória talvez esteja em uma boa noite de sono cuidadosamente projetada.

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Marcos César Pires Gomes

Empreendedorismo: como construir um legado, com Raquel Teixeira e Cleusa Maria | Café com ADM 461

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Sobre o autor

Marcos César Pires Gomes

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