As complexas demandas da atualidade requerem novas respostas e diferentes políticas das organizações, especialmente no que tange ao relacionamento com seu público interno e externo. O avanço da globalização, das tecnologias de comunicação, o conflito de gerações no ambiente de trabalho, dentre outros fatores, vem provocando significativas mudanças na maneira como as pessoas se relacionam, bem como em seus valores e até mesmo em seus hábitos de consumo. Aliado a isso tem-se no Brasil uma rápida difusão nos últimos anos dos novos modelos de família, tendo em vista que além do tradicional modelo matrimonial, a sociedade assim como a legislação brasileira, contemplam hoje a união estável, as famílias homoafetivas, as monoparentais, as pluriparentais, dentre outros. Essa grande ruptura de paradigmas, naturalmente se reflete nas organizações. E assim como estas rápidas transformações exigiram uma reconstrução jurídica para se atender às diferentes demandas destes novos modelos de família, por exemplo, as empresas de hoje também vem sendo pressionadas à incorporar à sua estratégia empresarial questões como a gestão da diversidade, tanto em suas práticas de gestão de pessoas quanto em seu marketing, por exemplo. O termo diversidade, no contexto organizacional, embora comumente seja associado apenas aos grupos de minoria como negros, mulheres e homossexuais, tem um significado muito mais amplo e abarca uma grande gama de dimensões que incluem além de gênero, raça e etnia, outras dimensões relevantes tais como idade, religião, personalidade, experiência funcional, e origem geográfica. Desta forma, entende-se a diversidade como qualquer característica que possa influenciar a identidade de uma pessoa, ou a maneira pela qual ela trata os problemas e vê o mundo. Portanto, diante desta nova realidade, gestores e organizações tem um grande desafio que é lidar com a diversidade, ou seja, adotar políticas que contemplem equipes cada vez mais heterogêneas e que com todas as suas diferenças sejam capazes de extrair o melhor que a diversidade pode proporcionar. Afinal, tem-se hoje no contexto organizacional, colaboradores que esperam que os benefícios sejam estendidos para seus cônjuges do mesmo sexo, clientes que querem ver seu modelo de família representado nas propagandas e outras ações mercadológicas, dentre outros. Contudo, um grande problema no cenário brasileiro, é que embora a colonização do país tenha possibilitado uma grande fusão de culturas e raças, tornando o Brasil rico em diversidade, o país convive com graves problemas de intolerância ao diverso que podem ser facilmente visualizados no racismo velado ou desvelado, em preconceitos explícitos ou implícitos contra deficientes físicos e nos índices alarmantes de violência contra homossexuais e mulheres. Assim, geralmente nas organizações, os colaboradores homossexuais precisam esconder sua orientação sexual, as mulheres e negros possuem menores oportunidades de crescimento profissional e inúmeros deficientes sequer tem acesso a boas oportunidades de emprego. Esses fatores provocam desmotivação, frustração, conflitos e inevitavelmente impactam na performance e na imagem corporativa. Apesar de ainda existir uma grande lacuna no que se refere à estudos e informações quanto à políticas de gestão da diversidade no Brasil, observa-se que as organizações que já entenderam que a diversidade é uma realidade e que pode impactar positivamente seu desempenho e cujas práticas extrapolam a visão simplista de entender a gestão da diversidade apenas como um cumprimento legal de inclusão de minorias como deficientes, negros e mulheres no mercado de trabalho e que buscam o desenvolvimento de uma cultura organizacional verdadeiramente multicultural vem adotando ações e programas capazes não somente atrair e manter equipes heterogêneas mas que acarretam significativos benefícios, tais como: melhor resolução de problemas, maior criatividade e inovação, melhora da imagem da empresa, entre outros. Contudo, destaca-se como aspecto negativo a ocorrência de conflitos que poderão ocorrer em virtude da adoção de uma força de trabalho heterogênea nos mais diferentes aspectos, o que demanda uma adequada gestão e uma política coerente.Portanto, as organizações brasileiras, de maneira geral, ainda engatinham no que se refere ao tema gestão da diversidade, entretanto, não se pode desconsiderar o avanço obtido por muitas nos últimos anos. 2017-08-19 Por Paula Lopes de Oliveira Maia Mestre em Administração Professora EBTT, IFSULDEMINAS, campus Passos