O conhecimento dos colaboradores em favor de melhores resultados Peter Senge definiu o conceito de “Organização de Aprendizagem” (learning organization), a qual é composta por um grupo de pessoas que procuram, em bases contínuas, aprimorar sua capacidade de criar seu próprio futuro. Em sua definição, a palavra aprendizagem não significa apenas incorporar informações, mas implica mudar indivíduos para que eles se tornem capazes de realizar aquilo que eles pensam realizar. Peter Senge propõe cinco componentes como integrantes da organização de aprendizagem: Domínio Pessoal: é através dele que aprendemos a explicitar a aprofundar nossos objetivos pessoais, a concentrar nossas energias, buscar o foco de nossas ações e aprender a cultivar a paciência, tão necessária à obtenção dos resultados desejados. Modelos Mentais: formas de pensamento correntes na organização, para às quais a gerência deve se atentar. Se forem compatíveis com valores positivos de crescimento, desenvolvimento e de abertura de crédito no futuro, podem ser facilitadoras da ação organização, caso contrário, serão bloqueadoras. Visão Compartilhada: pressupõe clareza de visão dos membros individuais da organização e só existe quando a tarefa decorrente da visão não mais é vista pelos membros do grupo como algo separado de sua própria individualidade. Aprendizagem em Grupo: envolve duas práticas básicas: diálogo e discussão. A primeira tem um propósito meramente exploratório, já a segunda procura estreitar os elementos do diálogo, com a finalidade de buscar a melhor alternativa dentre os elementos identificados. Pensamento Sistêmico: compreender a organização como um sistema aberto, formada de múltiplos subsistemas em interação, com conexões múltiplas, variadas e complexas. Na década de 1950, Peter Drucker já preconizava o conceito de “trabalhadores do conhecimento”, afirmando que as empresas passariam a utilizar cada vez mais o conhecimento de seus colaboradores, o que torna crítico o estabelecimento de uma gestão baseada no conhecimento, isto é, em permitir o desenvolvimento e aplicação do conhecimento individual de cada colaborador em favor da organização. Fazendo uma análise do pensamento dos dois teóricos, é possível concluir que para aproveitar o conhecimento dos colaboradores para gerar melhores resultados, a empresa deve estimular o desenvolvimento pessoal dos seus funcionários, criando condições para a sua aquisição de novos conhecimentos e aplicação nas novas habilidades nas atividades cotidianas. Permitir a participação nas decisões, coletar informações e sugestões, engajá-los no brainstorming e promover empowerment, distribuindo poderes, também são técnicas que os gestores podem utilizar para essa finalidade. Aplicação de sistemas de treinamento e desenvolvimento, construção de canais de comunicação como uma intranet corporativa para a difusão de informações, programas de coleta de ideias e tranferência de conteúdo, contratação de consultorias externas para implantação de metodologias que permitam a participação dos funcionários, entre outras, são algumas ideias interessantes que uma organização poderia utilizar para maximizar sua inteligência competitiva. Sinergia entre ideias e conhecimentos dos envolvidos nos processos organizacionais No início do século XX, Frederick Winslow Taylor, pai da Administração Científica, já preconizava os conceitos de selecionar as “melhores pessoas” para tarefa, treiná-as da “melhor maneira” para a tarefa, determinar a “melhor maneira” de execução e obter como resultado um desempenho aprimorado dos trabalhadores. Com isso, Taylor trouxe à luz uma das primeiras forma de recrutamento e seleção dos trabalhadores, além de estabelecer uma nova metodologia de remuneração variável baseada no grau de contribuição de cada indivíduo e desenvolver uma espécie de cooperação e trabalho em equipe entre o gerente, que planejava o trabalho, e o trabalhador, que executava. Posteriormente, outros teóricos trouxeram à luz novos modelos de pensamento baseados na motivação humana, objetivos organizacionais e relacionamento. Kaplan e Norton, criadores do método de gestão do Balanced Scorecard, já diziam que apenas os indicadores Financeiros não bastam para se atingir os resultados organizacionais, sendo necessário pensar a organização também a partir de indicadores não financeiros como o espectro do Cliente, dos Processos Internos e do Aprendizado e Crescimento, as quais são de elevada importância sob o ponto de vista estratégico. Esses autores concordam que existe uma relação de causa e efeito nos resultados empresariais, de maneira que o lucro é apenas uma consequência da atividade de negócios sob as perspectivas não financeiras. Para exemplificar, caso a empresa deseje maximizar sua lucratividade, precisa questionar qual o fator impulsionador do lucro, que, por exemplo, poderia ser aumentar a satisfação do cliente, questionando qual o fator impulsionador da satisfação do cliente; a resposta poderia ser a melhoria dos prazos de entrega dos produtos, perguntando qual o fator impulsionador dessa melhoria; por fim, conforme os autores, a resposta poderia ser aplicar novos treinamentos junto aos colaboradores da empresa. No fim, caberá à empresa proporcionar investimentos no capital humano para chegar às metas de lucro e retorno do capital financeiro. Logo, o gestor de pessoas precisa despertar e desenvolver os talentos presentes dentro da própria empresa, proporcionando condições que levem à satisfação pessoal e profissional e motivação para o trabalho. Para atingir resultados superiores e garantir a eficácia na entrega da valor para o cliente, a empresa também pode adotar softwares e sistemas de informação com os quais poderá garantir a participação dos seus colaboradores, a difusão de informações e o compartilhamento do conhecimento tácito para a elaboração de novas estratégias. Como exemplo, o próprio web site da empresa, a intranet corporativa, o uso sistemático da internet e programas de auxílio à decisão, podem auxiliar o gestor nesse processo. Desenvolvimento e capacitação adequados às estratégias da empresa em benefício do crescimento organizacional Para Peter Senge, organizações de aprendizagem proporcionam condições para que as pessoas cresçam, se desenvolvam e preencham o seu potencial, e surgem quando a estratégia de negócio exige que se estimule a inteligência coletiva e o engajamento da força de trabalho, e quando a alta gerência não pode mais suprir os funcionários com ideias. O teórico compara o conceito de aprendizagem organizacional com qualidade total, empowerment, inovação e competências essenciais, de modo que fazem parte de um mesmo propósito fundamental: unir o desenvolvimento individual de cada um dos integrantes da organização com o desenvolvimento econômico excepcional de parte dessa mesma organização. Ele diz que no núcleo das organizações encontra-se o ciclo de aprendizagem e que, ao aprender novas habilidades e incorporar novas capacitações, acabamos por ver o mundo de modo diferente. Seguindo o raciocínio de Peter Senge, é possível concluir que, para propiciar aos colaboradores o desenvolvimento e a capacitação adequados às estratégias da empresa, fazendo com que promovam o crescimento da organização, é necessário promover uma mudança na cultura organizacional, de maneira que os indivíduos ali presentes tornem-se maduros o suficiente para se auto-gerenciar e gerenciar o próprio futuro, tornando-se capazes de construir um modelo de realização pessoal e profissional. Segundo o modelo de Senge, o domínio das mudanças duradouras passa pelos espectros de habilidades e capacitações, onde há treinamento e desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo, de consciência e sensibilidades, por meio das quais é possível criar um novo modo de pensar de organização, e atitudes e crenças, onde o indivíduo apresenta uma transformação em sua maneira de agir e pensar. Referências Bibliográficas ALVES, M. J. G. O desafio de reconhecer talentos. Disponível em http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-desafio-de-reconhecer-talentos/48508/. Acesso em 10/04/2011. CARAVANTES, Geraldo et al. Administração: teorias e processo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. CARAVANTES, Geraldo et al. Comportamento organizacional e comunicação. Porto Alegre: AGE, 2008.