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O que é uma empresa? Em questão de milésimos de segundos veem em nossas mentes projeções de algumas pessoas de camisa e calça sociais, gravata, paletó, segurando alguns papéis em suas mãos, um na impressora, outro à mesa de um colega, outro ao armário do cafezinho, imagens típicas de uma organização tal qual a conhecemos. Contudo, será fácil conceituarmos a palavra empresa? Segundo o dicionário Michaelis, empresa é um empreendimento, um negócio. É uma sociedade organizada para exploração de uma indústria ou comércio. Deixando a modéstia de lado, permito-me complementar esta definição, pois, empresa é também uma ideia. Sim, uma ideia que está na cabeça de seus donos.

Pode parecer loucura, mas as empresas somente existem para cumprir aquilo que seus sócios pensam dela. Por isso é tão difícil promover mudanças na cultura organizacional, pois tais mudanças obrigatoriamente passam por mudar a forma com que os sócios pensam a empresa. Mas o que isto tem a ver com comunicação? Eu lhe respondo que tudo! Se não há um ambiente de comunicação clara entre os sócios e os colaboradores, jamais a empresa será o que os donos querem que ela seja e jamais chegará onde querem que ela chegue. Simplesmente por que os colaboradores não entenderão e não darão prioridade para aquilo que os proprietários entendem por prioridade.

É um paradoxo admitirmos que, em plena era da tecnologia e da informação, o que mais temos nas empresas são problemas de comunicação. Na verdade grande parte dos problemas se originam da falta dela. Todos os dias são lançados novos sistemas de gestão, cada um com suas metodologias e processos de implementação, um mais completo que o outro. Porém jamais podemos esquecer que, mesmo o melhor sistema de gestão empresarial deve ser alimentado por pessoas. De nada adianta o sistema mais caro do mercado se as pessoas não interagirem com ele, de forma a inserir todas as informações necessárias, que permita um bom acompanhamento e uma boa gestão. O sistema pode ser excelente, mas novamente, se quem o opera não estiver com esta prioridade ele não irá desempenhar seu papel. 

Em suma, um bom processo de comunicação nasce nas cabeças que pensam a empresa. Estabeleça um nível de comunicação que faça que seus colaboradores entendam o que você quer deles, e por qual caminho você quer que eles levem a companhia. Provavelmente a postura deles passará a ser a de donos da empresa, defendendo-a arduamente. Deixe claro aquilo que a organização admite, bem como aquilo que não permite. Se o líder máximo da empresa não estabelece uma diretriz clara, permite que cada colaborador tome decisões conforme sua percepção, e isto, às vezes, pode representar a perda de um cliente importante para você e para a empresa, mas que, por ter visão parcial da realidade, não é importante para seu funcionário. Neste caso peque pelo excesso e não pela falta. A comunicação clara e assertiva pode representar um trunfo para sua organização em meio à “corrida pelo ouro”, porém a falta dela pode levar a empresa lentamente ao abismo. Portanto, não fique aí apenas olhando seus funcionários do alto de sua torre. Interaja, promova a comunicação e eles promoverão a sua empresa. Pense nisto!

Quem não se comunica se trumbica

Vivemos em plena era da tecnologia e da informação, porém isso não significa que estejamos promovendo melhor a comunicação. Quem deve ser o precursor da comunicação nas empresas?

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Administradores | Conhecimento para Resultados

Com a Revolução Industrial, na Inglaterra, a partir de 1760, ocorreu uma grande modificação na economia, dando origem a sociedade industrial. Ela é a influenciadora de todo desenvolvimento econômico do mundo contemporâneo. Houve um longo processo de transição, sendo caracterizado pelo desenvolvimento do setor fabril, pela aplicação de energia à indústria, melhora dos meios de transporte e comunicação e o grande desenvolvimento tecnológico. 
No Brasil, a indústria tomou notável importância a partir da revolução de 1930. O governo Vargas investiu fortemente na infraestrutura industrial, criando companhias como o Conselho Nacional do Petróleo, a Cia Siderúrgica Nacional, a Cia Hidrelétrica de São Francisco e, mais tarde, a Petrobras. Após a Era Vargas, Juscelino Kubitschek, com o Plano de Metas, incentivou a produção industrial, que crescia rapidamente. Durante este período a indústria brasileira experimentou importante momento de crescimento, tornando-se, rapidamente, o motor de propulsão da economia nacional.
Contextualizando o cenário industrial atual vemos um setor em colapso. Os indicadores de desempenho da indústria tem impacto direto no resultado econômico nacional. Um estudo entregue pelo Banco Cooperativo Sicredi, aponta que a probabilidade de a economia brasileira já estar em recessão é de 90%. O detalhe é que, expurgando-se do modelo o ICI (Índice de Confiança da Indústria), a probabilidade de recessão cai para 20%, ou seja, o mau momento da indústria contribui ativamente para a desaceleração econômica nacional, ou seja, se a indústria não vai bem, a economia tampouco. 
Com isso as expectativas de crescimento também foram revisadas. Pela 8ª semana consecutiva a previsão do PIB 2014 cai e fica abaixo de 1%. O reflexo na população é quase instantâneo. As indústrias em férias coletivas, adotando severa política de controle de custos, cortando na própria carne, redimensionando as empresas. Não há muito que fazer para este ano, contudo, se o governo não envidar esforços para a indústria, há uma grande probabilidade de termos um 2015, economicamente, catastrófico.

Salvem a Indústria

O Brasil busca explicações para definir o que causou a “pane” da Seleção de Luiz Felipe Scolari, levando-nos à derrota por 7 a 1 para a Alemanha. Tirando os comentaristas de resultados que jogam no time do “eu já sabia”, nenhum brasileiro, sequer, sonhava com tão vexatória derrota.
Inegavelmente o resultado foi catastrófico, contudo é preciso buscar obter o máximo de aprendizado de todas as coisas, inclusive das ruins, como foi o caso. Longe de mim querer pregar de “Poliana”, mas se esses momentos não servirem para reflexões do dia-a-dia ficarão marcados somente pela dor. Então, se a dor já existe, porque não fazer dela um momento de aprendizado? Permita-me então, entre alguns devaneios e uns goles de café, propor algumas reflexões e comparações com a rotina das empresas e dos empresários brasileiros, na visão de um administrador.
O conceito de que não é a gota d’água que transborda o copo pode ser muito bem aplicado neste momento. A tragédia de ontem aconteceu porque vários fatores contribuíram para chegarmos ao derradeiro momento com uma queda tão abrupta e dolorida. A principal atividade do gestor é mitigar riscos. É estar atento e efetuar comparações entre o mercado, o concorrente, os clientes e a própria empresa. É tentar entender aquilo que não é dito, ajustar a percepção e estar preparado para o risco conhecido e ter a certeza de que o time está dinâmico e preparado para enfrentar também o risco desconhecido.
Desde a perda de um cliente até a crise econômica de um país, nada acontece de um dia para o outro. Com o passar do tempo as coisas vão dando sinais de que estão saindo aos poucos dos trilhos e do nosso controle. Se nos aprofundarmos no estudo das causas que levaram muitas empresas a sucumbirem, veremos que, por diversas vezes, fomos alertados de coisas que estavam seguindo em um ritmo equivocado e não nos atentamos, ou não tivemos capacidade técnica suficiente para entendermos estes sinais. A falta de planejamento antecipado nos coloca no fim da fila do sucesso. Queres atingir metas arrojadas? Então faça um planejamento consistente para 5 ou 10 anos, delineando o caminho que precisa ser trilhado até lá, com metas e objetivos graduais bem definidos. O brasileiro típico compra os presentes de Natal com o 13º salário no dia 23/dez. O risco de não encontrarmos o presente neste dia é grande, bem como os preços também aumentam nas compras de última hora. Isso é falta de planejamento, é o mesmo que comprar o condicionador de ar no ponto mais alto do verão ou o guarda-chuva em dia de chuva. No caso de uma empresa, o gestor não pode sequer sonhar em definir os objetivos do dia para a noite, ou de um mês para o outro.
No caso da seleção, o time foi definido com 30 dias de antecedência do início da Copa, quando o da Alemanha se preparava há muito mais tempo para a disputa de um título. O time do Brasil treinou pouco e isso também fez a diferença. O psicológico sem o técnico não é nada e do contrário a premissa também é verdadeira. Contudo, a técnica não permite que um time seja atropelado como ontem, o psicológico sim, ou seja, de nada adianta o trabalho psicológico exagerado se estamos colocando pouco a mão na massa. De nada adianta termos uma equipe de vendas motivada se os vendedores não gastam a sola do sapato na rua vendendo.
É importante lembrar que não existe um modelo de trabalho pronto e imutável. A estratégia da equipe deve ser montada de acordo com o perfil de seus integrantes. Fomos “atropelados” pela falta de técnica, o que abalou totalmente o psicológico. Os empresários são “atropelados” pelo mesmo motivo. O time de uma empresa deve estar preparado para atuar de diversas formas. O Sistema Toyota de Produção funcionou e é case de sucesso até hoje como o sistema japonês de produção. Mas será que, se apenas pegarmos as teorias do STP, darmos um “ctrl+C/ctlr+V” em nossas indústrias brasileiras teremos o êxito alcançado no Japão?
Não deveríamos adequá-lo à nossa realidade econômica e de pessoal e partir para o que chamamos de reengenharia? Outro ponto importante é: cuidado ao colocar sua operação nas mãos de apenas um ou dois colaboradores. Eles podem sofrer um acidente de percurso e precisar de afastamento. Trabalhe a liderança e a sucessão em todo time, pois quando menos esperamos podemos ter que eleger um novo capitão. Tenha um líder em todos os processos, pois eles alertam a equipe e ao gestor para os prováveis “furos de marcação”. Em time que está ganhando se mexe sim! Principalmente se estamos ganhando “nos pênaltis” contra concorrentes medianos.
Enfim, a essência de tudo é o planejamento conciso. Planeje, teste a equipe, mude, teste novamente. Verifique o mercado, os clientes, os concorrentes; olhe de fora para dentro e tenha a certeza de que está mirando no alvo certo e com as pessoas certas. Replaneje e tenha a certeza de que foram verificadas todas as variáveis possíveis e que mitigamos tantos riscos quanto poderíamos. O processo é montado de forma que cada jogador seja peça fundamental na conquista dos objetivos e seja devidamente treinado para enfrentar os perigos do dia-a-dia. E lembre-se: o jogador ganha o jogo, o time ganha o campeonato.

A frustração do hexa 2014 – análise sob a ótica de um administrador

Maurício de Sousa completou 90 anos — e, mais do que um marco pessoal, esse aniversário celebra a trajetória de um empreendedor visionário que transformou lápis e papel em um dos maiores cases de negócios do Brasil.O criador da Turma da Mônica construiu um universo narrativo amado por gerações, expandiu sua marca para dezenas de setores e provou que uma ideia nascida de maneira simples pode se tornar global quando alinhada a propósito, constância e estratégia.A seguir, cinco lições que todo empreendedor e gestor deveria aprender com ele.&nbsp;1. Comece pequeno, mas pensando grandeMaurício não iniciou com uma grande estrutura. Começou com tirinhas em jornais de bairro, desenhando na sala de casa, com recursos limitados. Mas sua visão sempre foi ampla: criar personagens com identidade própria, capazes de se conectar com o público por décadas.Lição: projetos grandiosos não precisam nascer grandes — eles precisam nascer com propósito claro e visão de futuro.&nbsp;2. Construa personagens fortes — ou sua marca não sobreviveráO sucesso da Turma da Mônica é resultado de estratégia. Cada personagem possui personalidade, valores e propósito. Essa construção profunda faz com que o público se reconheça neles.Isso é branding em sua forma mais genuína.Lição: produtos passam, personagens ficam. No mundo dos negócios, marcas com identidade emocional sólida sobrevivem mais tempo.&nbsp;3. Diversifique sem perder a essênciaO império de Maurício se expandiu para TV, cinema, streaming, educação, parques, licenciamento, produtos, restaurantes e experiências. Porém, tudo se conecta a um único núcleo: o universo da Turma da Mônica.A expansão nunca perdeu coerência.Lição: diversificar não é fazer de tudo; é criar um ecossistema que fortaleça sua marca, em vez de diluí-la.&nbsp;4. Inovar é uma necessidade, mesmo para íconesA Turma da Mônica não ficou presa ao passado. Evoluiu em temas, linguagem e formatos: Mônica Jovem, live-actions, inclusão e representatividade, abordagem de temas educativos, presença nas novas plataformas e diálogo com novas gerações.A marca cresceu junto com seu público.Lição: tradição não pode ser desculpa para estagnação. Negócios que não se modernizam viram memória — e não legado.&nbsp;5. Prepare sua empresa para viver além de vocêMaurício fez o que muitos empreendedores brasileiros evitam: profissionalizou a gestão, preparou herdeiros, organizou a governança e consolidou um processo de sucessão.Ele entendeu que seu legado não é apenas criativo — é também empresarial.Lição: se o negócio depende exclusivamente do fundador, não é empresa — é carreira com CNPJ. Negócios de verdade precisam sobreviver ao criador.&nbsp;O legado de Maurício vai além dos quadrinhosA Turma da Mônica ensinou valores para milhões de crianças. A trajetória de Maurício, por sua vez, ensina sobre visão, estratégia, gestão e inovação para empreendedores de todas as idades.Sua história demonstra que é possível construir algo grandioso no Brasil, manter relevância por gerações e unir propósito, negócio e impacto social.Maurício transformou imaginação em modelo de negócio, cultura em marca global e personagens em patrimônio afetivo do país.Aos 90 anos, ele não comemora apenas uma vida, mas um legado.

Maurício de Sousa 90 anos: 5 lições de negócios do pai da Turma da Mônica

A tecnologia é como se fosse o motor de um veículo, e a estratégia o mapa. Sem este último, o motor apenas nos fará andar em círculos



A tecnologia deveria ser um dos maiores motores da inovação, mas, ao invés disso, em muitas empresas, acaba se tornando um freio deste desenvolvimento. Em uma era intensa de transformações digitais, a corrida desenfreada pelo destaque competitivo impulsiona o investimento massivo desses recursos, muitas vezes, sem inteligência ou real conhecimento de como funcionam. E, o que acontece quando essa adoção é puramente reativa e carece de profundidade estratégica? A tecnologia, ao invés de alavancar, passa a travar a inovação.



Para entendermos melhor essa correlação, vamos utilizar o exemplo da inteligência artificial, um dos recursos que mais vem se destacando nesse sentido. Segundo uma pesquisa da McKinsey, a adoção de IA subiu de 55% para 72% globalmente entre 2023 e 2024. No Brasil, outro estudo da IDC apontou que 58% das empresas nacionais já utilizam esse recurso, além de 32% que se consideram preparadas para aproveitá-la nos próximos dois anos.



Essa virou uma das tecnologias mais presentes em nosso cotidiano, em soluções amplamente utilizadas pela população como o ChatGPT, Gemini e demais ferramentas de conversação. Mas, e se disséssemos que os exemplos acima não são, de fato, inteiramente desenvolvidos com base na IA? São classificados, na verdade, como modelos de linguagem de grande porte (LLM), os quais se utilizam de deep learning e redes neurais para processar e gerar linguagem natural.



Outro ponto crucial que poucos se questionam é a origem dos dados compartilhados por essas ferramentas. Muitos deles captam as informações provenientes das plataformas melhor ranqueadas nos buscadores online – porém, até que ponto são, realmente, verídicas e confiáveis? Tudo que está disponível online nesses sites pode ser totalmente acreditado? Quem os inseriu, e de onde também os capturaram?





Falta esse senso crítico quanto ao entendimento do que é, ou não, uma inteligência artificial, assim como a veracidade de tudo que é compartilhado por essas redes neurais. Sem esse olhar e critérios rigorosos, sua adoção massiva pela ânsia em também contar com benefícios de uma IA poderá, certamente, gerar muito mais uma dependência perigosa do que um investimento inteligente e vantajoso ao crescimento corporativo.



Imagine esse movimento desenfreado dentro de cada vez mais organizações ao redor do mundo, direcionando essa tecnologia nos processos internos na busca por um maior lucro, destaque competitivo, e demais conquistas que elevem a imagem e reputação da marca em seu segmento. Ao invés de se tornar um apoiador fundamental nessa prosperidade, tenderá, na verdade, a engessar um planejamento realmente estratégico, assim como intensificar uma dependência tecnológica sem nenhuma geração de valor.



Com isso, ao invés de entendermos a tecnologia como um copiloto do ser humano, de forma que impulsione nossa criatividade e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, muitas vezes, ela assume um protagonismo por completo nas tarefas de diversos profissionais, de forma que tome todas as decisões sozinha do que deve ser feito e, com isso, elevando os riscos de engessar processos e métodos que poderiam melhorar a eficácia das operações.



Para evitar esses riscos de utilizar a tecnologia como substituta do pensamento crítico e criatividade de cada um de nós, é essencial que, antes de tudo, haja um maior entendimento de que forma cada recurso realmente funciona, até que ponto suas informações são 100% verídicas e qual a melhor forma de explorá-los a favor de um melhor desempenho e produtividade. É como se fosse o copiloto de um avião: nunca irá comandar totalmente a aeronave, mas apoiar em um voo seguro que chegue ao destino.



Faça, também, diagnósticos periódicos nas empresas, em termos de cultura corporativa, aplicando métricas direcionadas a esse sentido que sinalizem de que forma os times estão compreendendo os pontos acima e o que ainda pode ser melhorado para que consigam gerar valor com as ferramentas investidas. A gestão de conhecimento é parte fundamental para o máximo proveito de cada tecnologia, de forma que as equipes saibam como manusear soluções disruptivas entendendo seu papel como auxiliadoras, e não que substituirão o trabalho humano.



Ter tempo de qualidade fora das telas é outro fator importante. O brasileiro passa, em média, mais de nove horas navegando na internet, segundo dados da pesquisa Consumer Pulse, o que não apenas pode agravar transtornos mentais como a ansiedade, mas também prejudicar nosso poder criativo. Quanto mais tempo de ócio desconectados tivermos, maior será o descanso de nossas mentes e, consequentemente, as chances de termos ideias inovadoras.



O fato de a tecnologia poder travar a inovação não é uma crítica às ferramentas digitais em si, mas sim à falta de entendimento e estratégia quanto a seus funcionamentos e aplicações. O futuro da inovação não será definido por quem investe mais em hardwares ou softwares robustos, mas sim por quem conseguir integrar a digitalização com real geração de valor. Em uma comparação, a tecnologia é como se fosse o motor de um veículo, e a estratégia o mapa. Sem este último, o motor apenas nos fará andar em círculos.



Alexandre Pierro é mestre em gestão e engenharia da inovação, engenheiro mecânico, bacharel em física e especialista de gestão da PALAS, consultoria pioneira na implementação da ISO de inovação na América Latina.

Quando a tecnologia trava a inovação?

Em um mundo que exige performance constante, dormir bem é um ato de equilíbrio e humanidade, não luxo, mas cuidado com o corpo e com a vida



A noite vai se aproximando, a cidade vai ficando quieta e o silêncio deveria ser um convite ao sono. Que engano! É justamente quando o corpo afunda que a mente declara guerra. Ela é um carro desgovernado numa estrada escura, sem destino, atropelando preocupações emaranhadas e listas de tarefas que piscam. Não há paz noturna; há apenas o caos insuportável de lembranças dolorosas que surgem como fantasmas do passado, iluminados por uma luz fraca e incômoda.&nbsp;



A ciência chama isso de hiperativação cognitiva, mas para você, que vive isso na pele, é uma batalha exaustiva entre um corpo exausto e um cérebro que se recusa a desligar, roubando o sono que você tanto precisa. Esse problema é amplo.&nbsp;



O Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças na tradução livre), uma agência do governo americano responsável pela saúde pública, pesquisa e controle de doenças, estima que um em cada três adultos dorme menos de seis horas por noite. A Organização Mundial da Saúde classifica a privação de sono como uma “epidemia silenciosa”.&nbsp;



No Brasil, levantamentos recentes indicam que mais de 70% da população enfrenta algum distúrbio do sono, indo da insônia à apneia. O ponto central não é apenas a quantidade de sono perdida, mas o círculo vicioso entre ansiedade e insônia. O estresse do dia se acumula e, em vez de diminuir, cresce a noite. A insônia aumenta a ansiedade e a ansiedade piora a insônia. Formando um tornado psicológico que se repete noite após noite.





<h2 class="wp-block-heading">A biologia de um cérebro em estado de alerta</h2>



Para entender o ciclo, é preciso observar o corpo. Nossos antepassados sobreviveram por manter-se atentos a ameaças, graças à resposta de luta ou fuga, regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), que libera o cortisol, o hormônio do alerta.



Normalmente, o cortisol sobe pela manhã e cai ao anoitecer, permitindo a ação da melatonina, que induz o sono. Em pessoas ansiosas ou sob estresse contínuo, esse ritmo se desorganiza: o corpo permanece em vigília. Estudos mostram que quem sofre de insônia tem cortisol elevado à noite e menor produção de melatonina.



A falta de sono impede que redes neurais, como a de modo padrão (DMN), reduzam a atividade. Esse circuito ativo alimenta pensamentos intrusivos. Segundo Matthew Walker, da Universidade da Califórnia em Berkeley, a privação de sono amplifica a resposta de medo da amígdala e enfraquece o controle do córtex pré-frontal, é como passar a noite com o pé no acelerador e sem freio.



<h2 class="wp-block-heading">O impacto invisível no dia seguinte</h2>



Na manhã seguinte, surgem cansaço, irritabilidade e falta de foco. Mas os prejuízos vão além. Durante o sono REM, o cérebro consolida memórias e processa emoções; quando essa fase é interrompida, aprendizado e equilíbrio emocional sofrem. Dormir pouco eleva o risco de hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. A má qualidade do sono desregula hormônios do apetite, aumentando a fome e reduzindo a saciedade, o que favorece o ganho de peso.



Socialmente, o impacto também é grande: quem dorme mal falta mais ao trabalho, erra com mais frequência, sofre mais acidentes e evita o convívio por exaustão. Um problema individual que, em larga escala, vira questão de saúde pública.



<h2 class="wp-block-heading">O peso cultural e a tecnologia no sono moderno</h2>



Dormir pouco ainda é visto como sinal de disciplina e produtividade. Líderes que enviam mensagens fora do horário e colegas que exaltam quem “vira a noite” reforçam a ideia de que o descanso é negociável. Assim, dormir cedo parece descompromisso, e priorizar o sono soa como fraqueza. O mito da “coruja noturna” prospera, embora noites curtas prejudiquem atenção, memória e saúde.



A biologia dos cronotipos explica parte disso: há pessoas naturalmente mais matutinas ou noturnas, mas o problema surge quando o relógio social impõe um padrão único. Quem rende melhor à noite e precisa acordar cedo acumula um “jet lag social”, que causa irritabilidade e queda de desempenho, além de compensações com cafeína e açúcar.



A tecnologia agrava o cenário. Não é só a luz azul que atrapalha a melatonina: o conteúdo também estimula. Notícias tensas, debates e séries de suspense mantêm o cérebro em alerta. Aplicativos exploram recompensas e rolagem infinita, transformando “só mais um minuto” em meia hora desperdiçada.



Outro hábito comum é adiar o sono para “ter um tempo para si” após um dia exaustivo. Essa compensação se torna rotina e rouba o descanso. Romper o ciclo exige ajustar o ambiente, limitar mensagens e reservar o fim da noite para relaxar. Pequenos rituais sinalizam ao cérebro que é hora de desacelerar.



<h2 class="wp-block-heading">A ciência da recuperação</h2>



A ciência já mostrou: não há solução mágica, mas caminhos sólidos. O sono não se recupera por força de vontade nem com um comprimido. Exige cuidado multidimensional, ajustes de comportamento, apoio médico e consistência.



O problema não está só “na cabeça” ou “no corpo”. Ansiedade, estresse, hormônios e ambiente precisam ser tratados em conjunto. Soluções isoladas, como pílulas ou técnicas ocasionais, raramente funcionam. O que dá resultado é combinar acompanhamento médico, novas rotinas e manejo da mente acelerada.



Essa abordagem torna o sono mais estável e confiável. Mesmo assim, muitos resistem a buscar ajuda. O ponto é seguir um processo estruturado, pois o sono pode ser reaprendido com orientação adequada.&nbsp;



Medicamentos ajudam em fases críticas, mas o uso prolongado traz riscos. Devem ser apoio pontual, não solução definitiva. Tratar o sono como um projeto de saúde completo, unindo ciência, acompanhamento e prática, é o caminho mais promissor para transformar noites turbulentas em descanso restaurador.



<h2 class="wp-block-heading">O amanhecer após o tornado</h2>



Dormir melhor beneficia toda a sociedade. Políticas que valorizem o sono, ajustem jornadas e desencorajem a exaustão aumentam produtividade, reduzem custos e melhoram o bem-estar. Em países desenvolvidos, a perda de produtividade por privação de sono custa bilhões por ano.



A pandemia mostrou o quanto as fronteiras entre trabalho e vida pessoal são frágeis, e o sono foi o primeiro a ser sacrificado. A vantagem é que ele pode ser treinado, restaurado e protegido.



A mente acelerada que rouba o descanso é real, mas reversível. Com consciência, técnicas adequadas e mudança cultural, é possível recuperar noites tranquilas.



Em um mundo que exige performance constante, dormir bem é um ato de equilíbrio e humanidade, não luxo, mas cuidado com o corpo e com a vida.



* Charles Betito é fundador da MIND station e especialista em saúde mental corporativa e sono

Quem não se comunica se trumbica

Rodrigo Ivo Pereira

Além da Ideia: como o networking pode transformar sua empresa, com Reginaldo Pereira | Café com ADM 467

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