A arte do encantamento de nossos clientes é diretamente ligada ao quanto somos capazes de surpreendê-los positivamente, superando suas expectativas iniciais e temores com relação ao nosso produto ou serviço. Em um mundo dinâmico e globalizado, onde as verdades deixaram de ser absolutas e passaram a ser, apenas, verdades momentâneas localizadas através Google, é cada vez mais complicado manter um cliente fiel a marca “A” ou “B” somente por um diferencial de preço ou distinções mínimas na concepção dos produtos ou serviços. O que conta, em grande parte, para a obtenção de certo grau de fidelidade a uma marca, é o quanto a empresa está disposta a inovar, visando proporcionar aos seus clientes novas, duradouras e agradáveis sensações, que o induzam a um sentimento de felicidade. A Apple, que desde 1985 não conta com a presença do criativo Steve Wozniak, um dos seus fundadores, e agora com a saída de seu grande mentor, Steve Jobs, foi pioneira na arte de trazer a sensação de bem-estar a seus consumidores, criando uma identidade muito peculiar atrelada a sua marca e a quem utiliza seus produtos, sempre inovando nos mais diversos segmentos da tecnologia . Ter um produto Apple, há tempos deixou de ser “apenas” algo que vem atender a um simples desejo de consumidor. A Apple foi alçada a um nível quase “religioso” por parte de alguns dos seus consumidores mais fervorosos e pelo mercado de maneira geral. Possuir um produto Apple, atualmente, significa muito mais do que somente o status diretamente atribuído à marca. Possuir um IPhone, um Ipad ou Macbook Air tornou-se quase um karma para seus adeptos. Uma ação que, alguns acreditam, altera o estado de percepção do usuário, elevando-o a uma espécie “nirvana” tecnológico. Uma religião onde o praticante alcança um estado de espírito diferenciado, atingido apenas por alguns poucos iluminados na face da Terra. Obviamente, maximizei um pouco os sentimentos que envolvem a empresa e os produtos do Sr. Jobs. Mas foi apenas para dar uma dimensão de o quanto sua saída da Apple pode significar atualmente para o mercado de tecnologia. Seus feitos e suas criações são copiados em escala mundial, sem que ninguém ainda tenha atingido seu nível de genialidade e, muito menos, tenha ameaçado sua supremacia. A Apple, seja por seus feitos, sua história e até, talvez, pela forma como Steve Jobs conduziu-a “messianicamente” durante o período em que esteve a frente dos negócios, tornou-se quase uma religião, uma febre de milhões de pessoas, que passaram a acreditar que ela pode ser a resposta para todos os problemas do mundo contemporâneo. Mas enfim, é chegada à hora da verdade. Sem seu “deus”, a Apple precisa, mais do que nunca, reinventar-se (o que é uma de suas especialidades), sob pena de que se isso não ocorrer, uma legião de fanáticos tornem-se descrentes e, por conseqüência, sejam remetidos ao nível “ateus” da tecnologia.