O filme descreve acontecimentos na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial. Investigando a morte da sobrinha numa câmara de gás por ser doente mental, o agente nazista Kurt Gerstein, especializado em higienização, é enviado a Auschwitz, na Polônia, para acompanhar o tratamento dado aos judeus deportados. Aterrorizado com o massacre que até então desconhecia, retorna a Berlin certo de que deve denunciar a ação do governo de Hitler. Não lhe dão ouvidos, porém, os pastores da Igreja protestante da qual faz parte, e vira-lhe as costas a Igreja católica, cuja ação do Papa seria essencial para um recuo da política nazista. Sob pressão pelo cargo que ocupa (e pelas aparências que precisa manter), e recusando-se a deixar a Alemanha, Gerstein é auxiliado pelo jovem padre jesuíta Riccardo Fontana, cuja proximidade ao Papa Pio XII poderia fazer chegar ao mundo as informações da matança em escala industrial de seres humanos na Alemanha. Enfatizando a luta solitária do cidadão contra o sistema, o roteiro utiliza o recurso de dar a todos os demais personagens uma visão negativa e bidimensional, inclusive minimizando a importância da ação da Igreja, que também deu abrigo a considerável número de famílias judias, salvando-as da morte. Também é correto o temor, mostrado no filme, do Vaticano no caso de um pronunciamento direto contra a Alemanha. A resposta, uma imediata invasão de Roma, representaria não só o fim de uma ajuda aos perseguidos judeus, como colocaria os próprios católicos na lista de perseguidos. O filme mostra também a maneira como o governo alemão manipulava a opinião pública, principalmente as crianças, que adoravam a saudação nazista. Em entrevistas, Costa-Gavras lembrou que não havia então sindicatos, nem imprensa organizada; sobrava à Igreja a obrigação de informar o mundo e posicionar-se frente ao genocídio. “Amém” – Correlação com os dias de hoje Amém, é a visão do diretor grego Constantin Costa-Gavras do silêncio da Igreja Católica frente ao holocausto presenciado na Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, defendeu-se que o filme estaria na verdade falando do presente utilizando o passado, sendo seu verdadeiro alvo a omissão da comunidade mundial diante do capitalismo, que através da globalização financia a miséria ao redor do mundo. O capitalismo é traduzido num sistema de mercado baseado na iniciativa privada, monopolização dos meios de produção e exploração de oportunidades de mercado para efeito de lucro. Exatamente no lucro concentra-se toda a crueldade e irracionalidade do capitalismo que destina o sacrifício do trabalho de todos para o enriquecimento de uma minoria. A burguesia provoca guerras e destrói éticas para seu enriquecimento material. É inadmissível que o controle da produção econômica e do mercado centralize-se nas mãos de uns poucos magnatas, que provocam recessões e crises surpreendentes de acordo com seus interesses. O quadro no qual o capitalismo se apresenta é a de crescente deterioração social, com desemprego, fome e profunda miséria. Gera subdesenvolvimento, promove guerras por interesses financeiros e por elas investe gigantesca quantidade de dinheiro na indústria bélica. Essa corrida armamentista financia forças terroristas que lutam contra regimes democráticos. A militarização da sociedade é uma conseqüência cruel do capitalismo, bem como a crescente concentração de riqueza nas mãos da oligarquia financeira. É a velha história de que poucos têm muito e muitos têm pouco. Esse é o legado básico o capitalismo. O capital financeiro rege nossas vidas. A idéia de um desenvolvimento sustentável é ridicularizada e a democracia esvai-se nos preconceitos contra grupos sociais e no sufocamento de pessoas que lutam por justiça social e acabam jogadas no ostracismo. E atualmente a concentração de riquezas tem aumentado vertiginosamente e proporcional à perda de direitos trabalhistas. A educação e a saúde estão precaríssimas. Em nosso país, por exemplo, mães passam dias e noites numa fila para que seu filho possa estudar. Volta para casa sem a vaga e chora pelo futuro de seu sucessor. Sem educação desde criança, pouca chance terá de desenvolver seu potencial e pensar criticamente. Há também as crianças e adultos, que morrem, e em grande número, por doenças de fácil erradicação ou então por não ter o que comer. Ou alguém ainda não viu os nordestinos, os africanos subnutridos há dias sem comer. Aquilo é real. Aquelas são pessoas reais. São sofrimentos reais. Diante de tal constatação, fica difícil defender o capitalismo em qualquer plano que seja.