É inquestionável o nível de empreendedorismo do brasileiro. Somos um povo criativo, acostumado com os desafios e dificuldades diárias que um país em desenvolvimento impõe. Mais ainda, sonhamos com a riqueza e o fim da observância à autoridade e à hierarquia dentro das organizações. Por vezes planejamos o tão esperado dia em que seremos finalmente donos de nossas opiniões e senhores do nosso tempo. O problema é que quando chegamos lá, vemos que a coisa mudou totalmente de figura. As antes duras jornadas de 8 horas de trabalho tornam-se ovacionadas frente as sem-fim preocupações de um diretor. Será que vou receber todas as contas? Será que os funcionários não estão me passando a perna¿ E o leão, será que no fim do ano e ele não vai assombrar tudo o que construí? E aquelas maravilhosas férias de 30 dias que agora se espremem entre dia e outro de descanso, que sempre acabam com alguma ligação ou email que “nunca” podem esperar. E o 13º? Não era ótimo tê-lo para desfrutar de algum conforto de final de ano? Ah, mas pelo menos a hierarquia não existe mais, agora eu sou o topo do organograma organizacional! É talvez nem isso. E se consideramos as vezes em que nossos grandes fornecedores com incrível poder de barganha, simplesmente chegam de uma hora para outra e dizem que os preços subiram, ou que a mercadoria não vai ser entregue no prazo previsto, que as condições mudaram. Podemos nós, pequenos e iniciantes empresários descartá-los de nossa lista? Para quem vai ser pior? Aí vem a questão. Não estamos diante de mais um organograma formal, todavia uma “hierarquia indireta” nunca vai deixar de existir em nosso cotidiano. O pequeno empresário acaba por ser sempre empregado, não do seu patrão, mas dos seus próprios fornecedores.