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Há alguns anos atrás, quando da abertura de um Seminário de Telecomunicações, um especialista contratado promoveu um exercício para os mil e quinhentos profissionais presentes no grande auditório.
O tema objetivava pensar a criatividade nas empresas da época. Deveriam existir dois momentos distintos.

No primeiro, os participantes fixariam uma nota para sua auto capacidade para criar. Para tanto, o apresentador projetava em uma grande tela uma escala de 0 a 10 pontos, com intervalos de um ponto. Com auxílio de um marcador deslizava-o lentamente de zero para dez. Desejava-se que cada um levantasse a mão quando do apontamento da sua auto avaliação.

Timidamente as primeiras participações surgiram quando do anúncio da nota sete, cresceram aceleradamente até oito e meio, porém ninguém se apresentou além da nota nove. A modéstia conteve a genialidade de alguns.

Para cada momento, o apresentador promovia uma intervenção bem humorada que levava a plateia às gargalhadas. Constatava-se que todos admitiam possuir uma criatividade acima da média.

O apresentador aproveitou a afirmação de uma plateia criativa, para refletir das possibilidades de mentes com tais características na produção de resultados para suas empresas. Marcou os argumentos que fazem do processo criativo um emulador do desenvolvimento dos negócios.

O segundo momento, utilizava-se da mesma escala porém os participantes deveriam atribuir uma nota para a liberdade e incentivo recebidos nas suas empresas de origem, para que a prática da criatividade pudesse ocorrer intensamente. Para surpresa da maioria, não se conseguiu ultrapassar a marca de quatro pontos. Uma evidencia das limitações impostas pelo ambiente de trabalho da época.

Passaram-se mais de vinte anos.

Os bons autores pregam a inovação e suas aplicações como a melhor solução para enfrentar os desafios da competitividade. Entretanto, encontram uma barreira nos indicadores da produtividade, provocadores de uma corrida alucinante em direção ao cumprimento de metas. Um ambiente muito mais limitador que o primeiro, quando pensando a criatividade.

Preocupante é se constatar que os desafios dos nossos dias beneficiam acentuadamente uma minoria.

Apesar do uso intensivo de tecnologia, não se produzem os benefícios sociais desejados.

Lamentável retrocesso

Há alguns anos atrás, quando da abertura de um Seminário de Telecomunicações, um especialista contratado promoveu um exercício para os mil e quinhentos profissionais presentes no grande auditório. O tema objetivava pensar a criatividade nas empresas da época. Deveriam existir dois momentos distintos. No primeiro, os participantes fixariam uma nota para sua auto capacidade para [&hellip;]

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Administradores | Conhecimento para Resultados

As discussões tão comuns sobre o trabalho das pessoas na empresa, quase sempre desconsideram o fato de que elas são a própria organização.
 
A consolidação de um sujeito coletivo, capaz de fazer acontecer o projeto comum próprio de um empreendimento, guarda como desafio maior a gestão de pessoas.
 
Individualmente, cada componente da organização representa uma identidade exclusiva. Segundo o filósofo "O ser é uno".
 
Alimentando um projeto pessoal de vida, suportado por um modelo interpretativo da realidade construído por valores, conhecimentos e habilidades individuais, a cada dia milhares de pessoas partem dos pontos e camadas sociais as mais diversas, para se articularem em um mesmo espaço na busca dos objetivos específicos de um dado empreendimento. Trocam a sua participação por moedas previamente contratadas.
 
Nem sempre o projeto coletivo de uma empresa se alinha com os projetos individuais dos seus colaboradores. Razão pela qual as grandes discussões ocorrem balizadas pelo eixo econômico.
 
A exigência do conhecimento específico para o cumprimento das atividades, deixa de identificar e valorizar outros saberes, muitas vezes representando uma oportunidade de mudança para o próprio negócio.
 
A programação do período contratado de trabalho, sendo referenciada pelos objetivos a serem alcançados pelo motor produtivo, acaba por neutralizar todos os aspectos que não digam respeito ao atendimento funcional dos postos de trabalho.
 
Não guardar uma preocupação maior com a humanização do ambiente profissional, pode se transformar no problema maior.
 
Há quem perceba o empregado como passivo, sempre na dúvida em aceitar responsabilidades, devendo ser controlado pelo gestor.
 
Muitos percebem nos relacionamentos, a construção de uma identidade promotora de um modelo social capaz de promover a satisfação de um grupo.
A auto-realização sinaliza para outros como objeto da prática dos conhecimentos, capacidades e habilidades. A decepção se instalará na impossibilidade desta prática.
 
Finalmente, a percepção do desenvolvimento da carreira que possibilita um ajustamento permanente entre o empregado e a instituição, resultando na ampla compreensão dos processos em jogo.
 
A variedade de percepções múltiplas por parte dos estudiosos, ratifica a importância das pessoas nas organizações, porém denuncia a complexidade da gestão.

Recursos diferenciados

Muitos são os autores que entendem como razão maior da gestão, tomar decisões. A frequência com que os desafios se apresentam aos gestores todos os dias, acaba por impor um compromisso cujos resultados podem significar uma ameaça na sustentação dos empreendimentos.
 
Da leitura do que propõe Herbert Simon, cientista político americano, resolvi transpor para o ambiente produtivo brasileiro, pensando identificar aspectos colaborativos para o aumento da competência.
 
Tudo começa com a existência de um olhar estratégico sobre o cenário de atuação. Uma ação movida pelo desejo de antecipar-se ao problema. Um gesto proativo.
 
Aqui, me vem à lembrança o momento em que um especialista Argentino foi cobrado para definir intensivamente, o que poderia expressar o olhar estratégico e ele disse:
 
"Eu vi um rio,
Era feito de água e tempo
Eu vi outro rio."
 
Os aplausos que se seguiram foram muito demorados.
Ser capaz de apreciar rápidos momentos subsequentes no curso de um trabalho e deles extrair a informação notável, que denuncia o desvio a corrigir, pressupõe o domínio logicamente articulado de muitos conhecimentos, nem sempre previstos nas grades curriculares do pensar acadêmico.
 
Quando desenvolvemos em dez volumes para a Editora LTC-RJ a "Biblioteca de Gestão Estratégica" e dedicamos o primeiro volume ao entendimento da "Visão Estratégica", habilmente elaborado pelo saudoso parceiro Dalledonne, guardávamos a preocupação de colaborar com o momento inicial, proposto por Simon.
 
Identificado o desvio, cabe desenvolver e analisar possíveis caminhos a trilhar, pensando a melhor solução.
 
Há que se buscar nas metodologias clássicas a referência de partida. O algorítmo final, certamente estará contendo aspectos específicos do ambiente considerado, ratificado pela experiência do gestor. Não é da mesma natureza que admitir um achismo sustentado pelo tempo de profissão. Não são poucos aqueles que repetem por toda uma vida o modelo de um sucesso obtido ao início da carreira. Neste contexto, relembro Alvim Toffler quando afirmou que "Nada pior que o sucesso anterior".
 
Finalmente, Herbert Simon alerta para os novos problemas surgidos no curso da solução de uma situação inicial, trazidos por contingências. Uma percepção mais complexa e posta em tempo real ao longo dos trabalhos.
 
Em "Gerentes que Duram" – Editora E-papers, Wagner Siqueira afirmou: "A solução consiste no esforço sistemático de desenvolver uma atitude pessoal e grupal de equilíbrio entre estabilidade e instabilidade, entre a certeza de relações e ambigüidade."
 
Neste contexto, o olhar atento exige muito mais que ver a banda passar.

Lembrando a águia

A limitação de tempo disponível para uma atualização de leituras è justificada pela crescente carga de trabalho, a cada dia.
 
A pura e simples aceitação da afirmação anterior, vai permitindo que o mesmo motivo interfira no tempo dedicado à família, nos exercícios físicos, no lazer, nos contatos sociais e, até mesmo, no sono de toda noite.
 
Sem que percebamos, um prejuízo de ordem geral.
 
A falta das leituras que atualizam, ratifica a mesmice no domínio das decisões, resultando em soluções menos estratégicas, desprovidas de criatividade, preservando as propostas conservadoras.
 
A desatenção com a família, acaba por provocar um ambiente coletivo tenso, marcado por descontentamento, permitindo o aumento de conflitos facilmente geridos por uma presença mais atenta.
 
A redução dos exercícios físicos, permite que a saúde seja ameaçada por novos agentes negativos, reduzindo a capacidade de operar com eficiência nos diversos cenários que envolvem os gestores, a cada momento.
 
A impossibilidade de um lazer sistematizado, enfraquece a rede de relações, levando ao esquecimento de muitos.
 
Não tenho lembrança que o afastamento de um gestor, vitimado pelo trabalho exaustivo e praticado sem os necessários cuidados, tenha provocado a falência da Instituição empregadora.
 
Somos efusivos quando abordamos direitos e deveres, entretanto o que constatamos evidencia com relação à própria individualidade, que somos incapazes de apresentar práticas devidamente alinhadas com as teorias apregoadas.
 
A necessidade de preservar o emprego, a importância de ter percebida a dedicação ao trabalho, o desafio da verticalização da carreira, estão entre as muitas justificativas que buscam responder aos questionamentos provocados pelos muitos erros nas relações com a família, nos exercícios físicos, no lazer e nos contatos sociais.
 
A agressividade que se apresenta quando os questionamentos se tornam mais intensos, esconde no seu profundo uma individualidade insegura, incapaz de pensar as necessárias mudanças e a busca determinada das soluções.
 
Fico imaginado o ganho global, quando os gestores puderem dispor de tempo para uma atualização de conhecimentos apoiada nas leituras apropriadas, conduzir o exercício da profissão garantido por um tempo cientificamente administrado, as relações com a família mantidas em níveis elevados, a saúde, o lazer e os amigos complementando o viver, devidamente lembrados.
 
Recordo alguém que abordando o tema, teria afirmado:
 
" De heróis os cemitérios estão cheios".

Lamentável retrocesso

Eraldo Montenegro

IA e Cibersegurança: como a Kaspersky está redefinindo o setor, com Roberto Rebouças

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Eraldo Montenegro

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