Nos últimos anos as pesquisas têm mostrado que as mulheres estão mais preocupadas em se especializar do que os homens. O que vemos hoje é o predomínio de mulheres nos cursos universitários e de pós-graduação. Fato extremamente interessante, pois mesmo com todas as atribuições inerentes das mulheres contemporâneas, elas ainda encontram tempo para estudar e se desenvolver profissionalmente. Isso é totalmente válido, pois as empresas hoje estão buscando os profissionais mais capacitados, e se elas querem conquistar seu espaço no mercado, o caminho é exatamente esse. Entretanto, mesmo com todo o investimento das mulheres em seu aperfeiçoamento, a situação nas organizações não corrobora essa mudança de comportamento: os homens ainda são maioria nos cargos de direção, e pior, quando em cargos equivalentes, recebem salários mais altos que as mulheres. Como explicar essa discrepância? Uma vez que a tônica do mercado é deter e recompensar os profissionais mais preparados. Por que as mulheres, maioria nos cursos de especialização, não estão colhendo os frutos desse investimento? Infelizmente ainda existe um certo preconceito em manter mulheres em posições de comando, dadas as inúmeras atividades que são de responsabilidade feminina, como levar filhos ao médico, comparecer a reuniões de pais e mestres, cuidar da casa, sem contar os dias que seu rendimento cai devido aos fatores hormonais. Como a maioria das organizações pensa apenas em valores numéricos, essas baixas eventuais de suas funcionárias são consideradas um prejuízo na produtividade. O que não é levado em consideração é que as mulheres conseguem executar diversas tarefas ao mesmo tempo e conciliam família e trabalho, e essa habilidade poderia ser aproveitada em ganhos de produtividade. Sim, se fossem elaboradas políticas de gestão de pessoas favoráveis, como, por exemplo, o uso de jornadas flexíveis ou trabalho por projetos, isso conferiria às mulheres uma melhor adaptação do seu tempo, e as deixaria mais satisfeitas e motivadas, consequentemente, produziriam mais, pois naquele momento saberiam que poderiam se dedicar à empresa. E obviamente que a empresa iria ganhar, pois contaria com uma profissional qualificada, podendo aproveitar todo seu potencial. Mas como esse cenário ainda é um pouco distante, mesmo com todo o avanço tecnológico e ideológico nas organizações, as mulheres ainda buscam o seu espaço no mercado, se especializando para atender às exigências cada vez mais “exigentes” dos recrutadores. Sim, essa é uma linha de raciocínio, mas será que as mulheres também não estão buscando o desenvolvimento profissional por que as melhores posições são dominadas pelos homens? Essa uma questão para nós, os administradores, refletirmos. Falamos tanto em gestão por competências e valorização de pessoas, contudo, paradoxalmente, parece que, na prática, esses conceitos continuam nos livros, pois as mulheres e suas competências ainda não atingiram o patamar esperado em sua carreira em recompensa por seus esforços.