Nos últimos anos o Brasil tem se configurado como um grande celeiro de empreendedores, pessoas ousadas que se atrevem a inovar na construção de negócios além dos limites da empregabilidade. Essas pessoas apresentam um perfil diferente dos demais indivíduos, porém, diante das novas exigências do mundo dos negócios, é necessário desenvolver habilidades que qualifiquem o empreendedor contemporâneo. David C. McClelland conduziu estudos e pesquisas que o levaram a concluir que há dois tipos de indivíduos: o primeiro é composto por uma minoria de pessoas que são desafiadas pelas oportunidades e possuem alto grau de disposição para lutar pelo alcance de resultados; e o segundo é formado pela maioria que não se sente desafiada a lutar pelo alcance de objetivos. A partir desses resultados, McClelland desenvolveu uma teoria que expressa essas características, a qual ficou conhecida como Teoria das Necessidades, cuja definição segue abaixo: Necessidade de Realização: busca da excelência, de se realizar, lutar pelo sucesso etc. Necessidade de Poder: necessidade de influenciar, comandar, fazer com que os outros façam as coisas etc. Necessidade de Afiliação: necessidade de amizade e de relacionamentos próximos e amigáveis. Pessoas com alto nível de Necessidade de Realização são indivíduos naturalmente dotados de um forte perfil empreendedor, preferindo assumir riscos moderados, responsabilidade pessoal pelo alcance de metas e de resultados e receber o feedback pelas suas atividades. Desta forma, essas pessoas têm preferência por trabalhos de risco médio, moderado, rejeitando os trabalhos de riscos de nível baixo e de nível alto. Isso ocorre porque atividades muito fáceis não lhes satisfazem, pois não se configuram em verdadeiros desafios, e também rejeitam atividades cujo grau de dificuldade seja muito alto, pois não gostam de resultados que podem ser conquistados com o fator sorte. Eles preferem ser protagonistas, atores sociais, e não apenas coadjuvantes e meros expectadores. O Realizador prefere empreender porque seu interesse consiste em satisfazer-se sob o seu ponto de vista pessoal e não em convencer outras pessoas em melhorar. Porém, McClelland não admite que nenhuma dessas características seja hereditária ou determinada geneticamente, pois, segundo ele, essas pessoas aprenderam assim com seus pais. Essa teoria concorda com as ideias do sociólogo francês David Émile Durkheim, segundo o qual a sociedade, como coletividade, condiciona o comportamento individual, ou seja, uma geração transmite os conjuntos de normas às gerações seguintes. Assim, um ser humano aprende e desenvolve habilidades a partir do relacionamento com pessoas das gerações anteriores. Esse pensamento abre portas para duas conclusões: a primeira é a de que, se a Necessidade de Realização não é inata, então ela pode ser aprendida, o que traz à tona o fator educação como forma de treinamento e desenvolvimento pessoal; a segunda é a relação dessa necessidade com o próprio desenvolvimento pessoal do empreendedor. Isso significa que um indivíduo que não seja considerado empreendedor pode desenvolver qualidades empreendedoras a partir do processo educacional. Tom Peters disse que “numa sociedade baseada no conhecimento, é necessário ser estudante a vida toda“. Paralelamente, a principal razão para a falência de empresas no Brasil, conforme apontado pelos próprios empreendedores, está na falta de conhecimentos gerenciais, o que torna crítico o desenvolvimento de habilidades de gestão para o sucesso empresarial. As principais habilidades são: Habilidades Técnicas: conhecimentos, métodos, técnicas e manuseio de coisas físicas como máquinas e equipamentos necessários para desempenhar tarefas específicas, muito fortes no nível operacional; Habilidades Humanas: trabalhar com pessoas, comunicar, compreender atitudes e motivações, liderar, referentes à capacidade de desenvolver e manter relacionamentos interpessoais, mais vigentes no nível gerencial; Habilidades Conceituais: compreender a complexidade da organização e o ajuste do comportamento das partes, referentes à expressão de ideias e conceitos abstratos, preponderantes no nível executivo, da alta direção. Isso demonstra que o empreendedor moderno precisa se atualizar constantemente por meio do desenvolvimento de habilidades gerenciais para garantir o sucesso do seu empreendimento. A educação se torna importante fator para o seu crescimento pessoal. Desta forma, o indivíduo pode desenvolver e aumentar o nível de sua Necessidade de Realização, tendo, consequentemente, o desenvolvimento do perfil inerente a essa necessidade. Não obstante, as qualidades consideradas inerentes ao empreendedorismo, como a coragem, a ousadia, a determinação, criatividade, cooperação, competitividade, liderança, motivação e o trabalho em equipe, são igualmente importantes. Mas também é necessário saber construir um bom plano de negócios, conhecer o mercado em que atua e desenvolver estratégias inteligentes de marketing e de gestão de pessoas para maximizar o potencial de sucesso da empresa.