1. INTRODUÇÃO A burocracia é um sistema de gestão muito utilizado pelas organizações contemporâneas. Toda e qualquer empresa precisa da burocracia para poder aplicar seus métodos de trabalho no mercado. Se considerarmos a sua definição, segundo Max Weber descrito por Kwasnicka (1995): “Burocracia foi primeiramente descrita como tipo ideal de estrutura organizacional. O profissionalismo na burocracia é necessário, pois acredita-se que um sistema não pode funcionar eficientemente a menos que esteja provida de pessoas competentes e especializadas” Segundo Weber as organizações necessitavam de pessoas competentes e que tivessem mérito para poder controlar uma organização. O processo seletivo para a escolha de pessoas para os cargos deveria ser racional, baseado em testes etc., certificando a competência real. As origens do modelo burocrático foram baseadas nas deficiências de outras teorias da administração surgidas anteriormente. A todo momento Weber procura desvincular a empresa e os indivíduos ao mesmo tempo que exige a aceitação dos objetivos organizacionais. Ele procura vinculares as identificações à posição e não ao seu ocupante. Enganam-se aqueles que traduzem a burocracia como um tipo de autoridade onde prevaleça a papelada e a demora em processos de trabalho. Pelo contrário, a burocracia é essencial para todo e qualquer tipo de empresa, pois ela é sinônimo de ordem, regra, lei. Toda e qualquer organização, seja ela pública ou privada, necessita de ordem para poder funcionar. O que prejudica uma organização burocrática é o excesso de burocracia, fazendo com que o sistema fique engessado ao apego a essas regras, normas e leis. Os autores e estudiosos nesse assunto chamam esse fenômeno de “disfunções da burocracia”. Segundo Motta (1991) as principais disfunções da burocracia são: Internacionalização das regras e exagerado apego aos regulamentos;Excesso de formalismo e de papelório;Resistência a mudanças;Despersonalização do relacionamento;Categorização como base do processo decisorial;Superconformidade às rotinas e procedimentos;Exibição de sinais de autoridade;Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público. As causas das disfunções da burocracia residem basicamente no fato de que a burocracia não leva em conta a chamada organização informal que existe fatalmente em qualquer tipo de organização, nem se preocupa com a variabilidade humana (diferenças individuais entre as pessoas) que necessariamente introduz variações no desempenho das atividades organizacionais. Em face da exigência de controle que norteia toda a atividade organizacional é que surgem as conseqüências imprevistas da burocracia. As disfunções da burocracia são confundidas muitas vezes com a palavra burocracia. Disfunções é o oposto de uma burocracia que leve a organização ao sucesso pleno e eficiente de suas atividades. As disfunções faz com que os membros de uma empresa fiquem apegados as normas e leis a tal ponto que esquecem o foco principal da organização que é agilizar seus métodos de trabalho para oferecer aos usuários de seus produtos e/ou serviços uma qualidade satisfatória. 2. A Saúde Pública no RN A saúde pública no Brasil, e em especial no Rio Grande do Norte, sempre foi uma necessidade primordial da maioria da população. A assistência médica pública constitui um sistema complexo e relevante no âmbito da gestão de serviços de saúde. O cidadão que financia a atividade pública através de pagamentos de impostos, precisa ter um serviço de saúde eficaz para o seu direito a vida. Desde os primórdios da humanidade a saúde sempre foi um tema de bastante interesse pelos estudiosos de políticas públicas. A saúde constitui a base para todo e qualquer projeto que o cidadão possa ter na sua vida. Gozar de boa saúde é direito do cidadão e dever do estado em proporcionar tal serviço. A saúde pública no Brasil e no nosso estado é vítima de grandes deficiências na sua estrutura assistencial. A carência de medicamentos, aparelhos em hospitais públicos e o despreparo da população na prevenção de enfermidades são fatais para explicar o quadro que se apresenta da saúde pública no Brasil. Levantamento feito pela organização mundial da saúde em parceria com o ministério da saúde chegou ao número de aproximadamente 105 milhões de brasileiros que não tem assistência médica particular, isto é, não tem planos de saúde, dependendo assim do serviço oferecido pelo governo federal. Esse tema merece muita dedicação e afinco ao se pesquisar, pois ele é um grande desafio que as autoridades públicas têm a enfrentar. Muitos problemas graves se mostram presentes em vários aspectos ligados à saúde: Falta de equipamentos, profissionais, recursos financeiros, entre outros. Cuidar da saúde de uma nação é uma tarefa muito complexa e que exige uma habilidade e seriedade muito grande por parte dos gestores. Acredito que a situação da saúde pública no nosso país e no nosso estado pode melhorar a partir do momento que se as autoridades públicas priorizem os anseios da população, dificuldades que nossa população atravessa principalmente os de baixa renda, que são aqueles que mais necessitam do auxílio do serviço de saúde. No momento de uma construção de agenda pública coisas urgentes como a saúde deve ser priorizada, pois ninguém, nenhum estado e nenhum país alcança o desenvolvimento sem a cultura da boa saúde. Um País para alcançar o desenvolvimento não pode ser um país doente, de enfermidades. Precisa ser um país sadio, onde as pessoas possam ter saúde para desenvolver suas habilidades profissionais para construir o futuro. De acordo com esse raciocínio, a saúde passa a ser fundamental. O direito à saúde é básico. O direito a vida. O direito a vida é fundamental, aliás, segundo a constituição de 1988, a seguridade social orienta-se por dois princípios: o de saúde e assistência social. Esses são garantidos pelos poderes públicos independentemente de qualquer contribuição especial. A saúde e a assistência social por não dependerem de pagamento de contribuição social, têm garantia universalizada, não estando, pois, excluídos dessa proteção os servidores públicos; a prestação gratuita de tais serviços não corresponde a uma contraprestação do estado ao contribuinte, trabalhador ou servidor público. Vivemos atualmente a chamada “era da informação” onde existe uma revolução total na indústria, política, educação. É mais do que em tempo o nosso país absorver essa era da informação e cuidar da saúde do povo brasileiro que está na UTI. O Brasil precisa entrar em sintonia com os países mais desenvolvidos do planeta e absorver deles modelos de gestão eficiente e eficaz. O retrato da saúde no nosso país é, no mínimo, angustiante. Principalmente quando entramos na esfera de cidades do interior do país, aonde postos de saúde não funcionam e a população se ver obrigada a ir à cidade da capital superlotar os hospitais estaduais. Trazendo para a realidade do estado do Rio Grande do Norte, o não funcionamento dos postos de saúde do RN gera um gravíssimo problema de superlotação dos hospitais públicos de Natal. O hospital Monsenhor Walfredo Gurgel atende diariamente cerca de 800 a 1000 pacientes vítimas das mais variadas enfermidades que assolam a população do nosso estado. Enfermidades essas que na sua maioria poderiam ser resolvidas com um mínimo de estrutura dos postos de saúde do interior e da capital. A falta de estrutura básica desses postos de saúde faz com que o hospital superlote e consequentemente a população no consegue ter um atendimento imediato e com qualidade, pois a falta de equipamentos, aparelhos e profissionais qualificados acabam sendo bem inferiores a demanda. Dinheiro mal alocado e mal gasto. A população agoniza nas filas de hospitais públicos, enquanto que alguns cidadãos mais abastados têm ao seu dispor o que a de mais moderno em termos de atendimentos médicos e hospitalares. Afinal de contas, essa é uma das mais terríveis características do nosso país: a imensa desigualdade social. O governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva tem se caracterizado ao longo desses últimos três anos como sem muita distinção na esfera macro que o seu antecessor Fernando Henrique Cardoso. Se formos analisar os indicadores que medem o desenvolvimento de uma nação – indicadores econômicos, políticos e educacionais – perceberemos que a nação cresceu timidamente frente a capacidade que o Brasil detêm. Se formos analisar a questão da desigualdade social (sem sombra de dúvida, um dos mais assustadores índices e que prejudicam o desenvolvimento de um país seriamente) percebemos que a mediocridade é o sinônimo que mais se encaixa no momento de se avaliar do desempenho demonstrado. Segundo Sampaio (2004) “Quanto à redução da desigualdade social, cabe dizer: considerados os dois anos, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi medíocre, não chegando a afetar o PIB per capita. Melhorou em 2004, mas não teve impacto maior – seja na questão do emprego (que aumentou pouco diante do tamanho da força de trabalho), seja na dos salários (de fato, o salário médio diminuiu no biênio)”. O estado tem uma efetiva participação nesses resultados, que embora tímidos, representam certo crescimento nas questões que procuram diminuir a desigualdade social no nosso país. Saúde. Saúde é o problema mais difícil. Por quê? Porque pela nossa constituição todos os brasileiros têm direito à saúde para qualquer tipo de doença, qualquer que seja a classe do brasileiro, rico ou pobre, e tem que ser gratuito. Só que, pela falta de infra-estrutura, recursos mal alocados, muitos brasileiros detêm o direito a esse serviço gratuito, mas não são usuários, recorrendo aos planos de saúde. Diante disso, em termos de indicador de eficiência e eficácia, a saúde pública deixa a desejar, pois uma boa parte da população necessita dos serviços básicos de saúde e não tem acesso a esse serviço por motivos já mencionados. A assistência médica pública constitui um sistema complexo e relevante no âmbito da gestão de serviços de saúde. O cidadão, que financia a atividade pública através de pagamentos de impostos, precisa ter um serviço de saúde eficaz para que o seu direito a vida seja preservado. O governo precisa equipar os postos municipais, estaduais e federais públicos. Precisa dar mais atenção aos hospitais públicos, e isso é fundamental. Porque ou bem nós dispomos do serviço público e do serviço filantrópico, de condições necessárias, para que a população tenha acesso ao bem fundamental, que é a saúde, ou não há de ser através do sistema privado que nós vamos resolver esses problemas. Porque eles são fundamentais para complementar, eles são fundamentais para que aqueles que não tenham recursos possam ser atendidos. Mas eles vão ser cada vez mais, insuficientes para atendimento da população no que é básico. Essa vai depender do Sistema Único de Saúde (SUS), e o SUS dependerá, cada vez mais, de colocar em bom estado os serviços públicos. 3. Saúde Pública x Teoria de Weber A relação que posso fazer entre a saúde pública e a teoria da Burocracia segundo Max Weber seria que os recursos financeiros para serem liberados do governo federal para os governos estaduais investirem na área da saúde, para a compra de aparelhos, construção de hospitais e medicamentos passa por uma demora muito grande para que essa liberação seja concretizada. Essa demora (que seria uma disfunção da burocracia) causa uma insatisfação generalizada na população que será beneficiada. População que não tem sua saúde em dia, em prefeitas condições não tem disposição para trabalhar, isso gera subdesenvolvimento em um estado e provavelmente em um país. Enquanto o nosso Brasil não investir em políticas públicas sérias que invistam verdadeiramente, e sem excesso de burocracia, no social, o desenvolvimento torna-se utópico. Um país sem saúde, educação, moradia, não tem condições de competir de igual frente as maiores potências do mundo. E sabemos que muitos desses problemas poderiam ser resolvidos com mais de vontade política, priorizar o que é necessário, atender o que é urgente. Sem excesso de burocracia, a fim de se construir uma sociedade mais digna, saudável e justa. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS País saudável significa, praticamente, tratar da saúde no conjunto da população. Então eu acredito que nós todos, com a liderança do ministério da Saúde, com o apoio eficaz do ministério da educação, mesmo em matéria de saúde, devemos ter uma postura muito clara sobre a necessidade de nos defrontarmos com essa questão pungente de como melhorar as condições de vida da nossa população, de tal maneira que se possa assegurar uma vida saudável a essa população. Eu acredito que o governo e a sociedade se esforçam, embora ainda longe de ser suficiente, para que haja acesso às condições de tratamento de saúde. Descongelar as antigas formas de gestão da coisa pública, e dar prioridade ao que é necessário e urgente deve fazer parte da agenda política de uma nação para que essa possa atingir o pleno desenvolvimento. A burocracia dos processos é necessária para que se mantenha a ordem e a justiça, porém é necessário que aja uma reformulação de gestão no sentido de não ter um excesso de burocracia para se resolverem as questões sociais da nossa cidade, do nosso estado e consequentemente do nosso país. 5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: KWASNICKA, Eunice Laçava. Introdução a Administração. São Paulo: Atlas, 1995. MINISTÉRIO DA SAÚDE. WWW.MINISTERIODASAUDE.GOV.BR. Visitado em 10/12/2006. MOTTA, Fernando C.P. Teoria Geral da Administração. Pioneira. 16. ed. São Paulo, 1991 SAMPAIO, Maria de Fátima M. de et al. Saúde Brasil 2004 – Uma análise da situação de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 2006.