Medidas simples – como negar poder a míni-déspotas – inibem em até 80% formação de “clusters de corrupção”, afirma Barry Wolfe, especialista em crimes no mercado financeiro. Com base em sua experiência, Wolfe criou uma lista de ações para empreendedores e altos executivos que não querem correr o risco de ver suas companhias envolvidas em desgastantes casos de crimes corporativos. 'São só algumas dicas simples para ajudar enquanto o pessoal prepara suas novas medidas de compliance', explica Barry, 'mas penso que 80% dos casos que já atendi não teriam ocorrido se coisas assim tivessem sido levadas em consideração.' Confira a lista criada pelo especialista, com 11 medidas para evitar a corrupção dentro da sua empresa: 1. A ideia 'top down' tem de ser vital como um coração: o compromisso com a ética deve vir de cima para baixo na hierarquia corporativa, que precisa exercitar de fato e a cada momento a 'gestão pelo exemplo'. 2. Em um dilema entre ética e competência, opte pela primeira. Erros éticos são mais simples de consertar que 'acertos' não éticos. 3. Trate funcionários com respeito. O desrespeito é uma das grandes causas de males corporativos que vão bem além de processos e coisas assim. 4. Seja leal com seus subalternos se quer que eles também sejam leais para com você e a empresa. Funcionários com orgulho do local onde trabalham vestem a camisa e ajudam a combater erros e posturas não éticas. 5. Isso pode soar polêmico, mas vá em frente: pesquise parceiros, fornecedores e funcionários antes de cadastrá-los ou contratá-los. É comum fraudadores habituais serem aceitos em empresas íntegras simplesmente porque elas não pesquisaram antes. 6. Incentive condutas agregadoras e não dê chance ao azar em relação a funcionários desagregadores: os demita. O eventual bem que eles possam fazer é pouco perto do mal que distribuem corroendo as equipes. 7. Mantenha abertos canais claros e formais de comunicação em todos os escalões da empresa. Estruturas informalizadas tendem a criar 'buracos negros' dentro do quais informações sobre ameaças potenciais podem desaparecer. 8. Crie processos simples para que fluam informações e se resolvam rapidamente questões de dilemas éticos, conflitos de interesse, resolução de disputas e reclamações. 9. Com relação a denúncias de fraudes ou outros potenciais mal feitos, crie processos com garantias de proteção e, até, incentivos e recompensas. 10. Evite concentração de poder nas mãos de míni-déspotas – personalidades dominantes tendem a ter certa liberdade abusiva em relações de poder, no limite exercendo tirania, intolerância e intimidação. 11. Há quatro grandes perfis de funcionários – o Competente Ético, o Competente Antiético, o Incompetente Ético e o Incompetente Antiético. Curiosamente, a tendência é promover o Competente Antiético e levá-lo ao topo, porque aparentemente ele dá resultado para a empresa. Mas é só aparência: o ideal é demiti-lo. Tratam-se de pessoas perigosas para a saúde corporativa.