Quando se fala em mapeamento e melhoria de processos, é necessário desmistificar o paradigma da burocracia, pois os próprios profissionais da área de Processos, na sua maioria, ficam mais preocupados em documentar os processos ao invés de implantar uma sistemática de gestão alinhada com a estratégia, que auxilie na execução da mesma e, principalmente, que alcance os resultados esperados pela empresa. A principal pergunta que deve ser feita é: “Para que estamos implantando este modelo?”. E uma das respostas está na necessidade de a empresa atingir continuamente bons resultados ao longo do tempo, e isso não ocorre sem ter conhecimento e uma boa governança sobre os processos que suportam a produção dos produtos e serviços vendidos por ela. Os benefícios da Gestão por Processos são inúmeros, entre eles podemos citar alguns como: – Auxilio para implementação da estratégia organizacional; – Ganho de flexibilidade organizacional, eliminando muitas vezes trabalhos manuais e retrabalhos; – Facilita a gestão do conhecimento organizacional; – Reduções de tempo, custos e erros na execução das atividades; – Tomada de decisão baseada em fatos e dados; – Análise clara dos impactos que uma mudança pode provocar: – Atribuição clara de responsabilidades. Porém, para chegar a estes resultados, é necessário um caminho longo, e que deve, impreterivelmente, ter o apoio total da alta administração. Todos na empresa precisam enxergar o valor das mudanças, de que propor melhorias trará reconhecimento e não punições. Para implantar este modelo, os prinicipais passos para a implantação da Gestão por Processos são: – Definir a cadeia de valor, ou seja, quais os processos que suportam o negócio da empresa; – Dentro da cadeia de valor definir os Processos Chave, aqueles vitais para o sucesso da empresa; – Definir o processo atual, expectativas dos clientes, propósito, visão e KPIs; – Se necessário, propor novo processo (Redesenho de Processo); – Definir matriz de responsabilidades; – Aplicar matriz de maturidade e definir metas de evolução; Para os KPIs: Identificar métricas, definir metas, determinar baseline, garantir acuracidade na apuração dos indicadores e garantir análise critica; Implantar ferramentas de gestão (Gestão a vista, rituais de análise critica, como por exemplo, reuniões de resultado, análise de causas, definição e acompanhamento dos planos de ação e reports de resultados). Muito importante: Revisar os processos, no mínimo anualmente, com o plano de estratégico, para garantir alinhamento com as estratégias da empresa. Posso afirmar, com base em minha experiência, que vi tentativas fracassadas de implantação deste modelo, mas muito mais por erro de estratégia dos responsáveis pela implantação, do que pela complexidade que este trabalho representa, mas também vi muito mais casos de sucesso quando o foco era resultados melhores, e não simplesmente ter um book de processos com fluxos desenhados. Podemos perceber que a forma como utilizamos as práticas de gestão, quaisquer que sejam elas, é que faz com que consigamos atingir os resultados ou não, e também a aderência das pessoas na sua utilização e a perenidade ao longo do tempo. As pessoas, em sua maioria, não gostam de mudanças, então, como dissemos antes, elas têm que perceber valor neste modelo, e é com o viés de resultado que devemos nos preocupar quando estivermos implantando ou simplemente trabalhando com Gestão por Processos. Rodrigo Luccatto é Gerente-sênior da OThink. Tem 15 anos de experiência na Gestão e Melhoria de Processos, Ferramentas da Qualidade e Projetos. Atuou em empresas de grande porte e multinacionais do segmento Financeiro, Telecom, Serviços e Indústria.