A consultoria Hay Group realizou uma pesquisa global que constatou que um em cada quatro colaboradores (27%) não percebe o suporte das organizações para equilibrar questões pessoais e profissionais e têm planos de deixar a companhia em que trabalham nos próximos dois anos. Esse fator interfere diretamente na rotatividade de colaboradores, questão de grande impacto financeiro nas organizações. Se uma empresa de 10 mil funcionários reduzir 10% de seu turnover, em dois anos teria uma economia de US$17,5 milhões (assumindo um salário anual médio de US$ 35.000 e um custo médio de substituição de 50% do salário). Ao mesmo tempo, a preocupação entre vida profissional e pessoal por parte dos colaboradores tem crescido em todo o mundo com 39% dos entrevistados afirmando que não têm um equilíbrio entre as duas questões. Em 2011, esse número era de 32%. No Brasil, que conta com 620 mil respondentes para esse estudo, o indicador foi menor 36%, porém foi notado crescimento em relação ao ano anterior que era de 30%. O estudo também revelou outra questão preocupante: 52% no mundo relataram que não existem pessoas suficientes em sua área para realizar o trabalho necessário. Brasil esse indicador é de 51%. 'A maioria das organizações no mundo continua a pedir para os seus funcionários realizarem 'mais por menos', afirma Elton Moraes, consultor do Hay Group. 'Opções como home office e horários flexíveis não serão suficientes para alcançar esse equilíbrio. Dado que o tempo de trabalho é finito e as demandas não são suscetíveis a redução em um curto espaço de tempo, devem ser pensadas alternativas de longo prazo que ajudem os funcionários a trabalharem de forma mais produtiva e a lidar melhor com situações de extremo estresse. Ao proporcionar um ambiente favorável de trabalho, as organizações ajudam os colaboradores a realizar as tarefas de forma eficiente sobrando mais tempo para as atividades pessoais e fortalecendo o desejo de permanecer na empresa', explica. Por outro lado, o estudo mostra que os profissionais que percebem suporte das organizações para equilibrarem vida pessoal e profissional estão mais satisfeitos com seus pacotes de remuneração e confiança na capacidade de suas empresas de atrair talentos: · Alta satisfação com a remuneração: nas organizações que apresentam equilíbrio entre vida profissional e pessoal, 58% das pessoas concordam com a afirmação 'Eu acredito que sou bem remunerado pelo trabalho que desempenho'. Nas demais empresas, apenas 36% dos respondentes concordam com a afirmação. No Brasil as empresas de melhor suporte têm ainda melhor concordância, de 66%, enquanto as demais são de 39%. · Aumento na confiança na capacidade de atrair os melhores talentos: quando foram questionados sobre 'a capacidade da empresa de atrair funcionários de alta qualidade', 71% dos funcionários das empresas líderes em equilíbrio classificaram 'bom' ou 'muito bom', comparada com apenas 45% nas outras organizações; 'Mais do que nunca os colaboradores em todo mundo estão trabalhando com horário irregular', diz Moraes. 'Para sustentar o desempenho por mais tempo e não perder seus principais talentos, as organizações precisam desenvolver soluções que suportem equilíbrio entre vida pessoal e profissional a longo prazo', completa. Outros achados da pesquisa: · América Central apresenta maior equilíbrio: de acordo com o levantamento na base de dados de 2012, a América Central aparece com o maior equilíbrio entre trabalho e vida, com 70% dos respondentes dizendo que suas organizações os apoiam na busca por um equilíbrio razoável entre as duas questões. A América do Norte aparece na sequência com 65%, seguida pelo Leste Asiático (63%) e América Latina e Caribe (63%) e Sul da Ásia (62%). O Brasil apresenta um número de 64%. · Europeus têm diferentes percepções sobre equilíbrio: colaboradores europeus têm percepções diferentes sobre o suporte dado pelas organizações no equilíbrio entre trabalho e questões pessoais. Na Europa Ocidental apenas 44% acredita que há suporte da organização na realização de um equilíbrio razoável, uma queda de 11% em relação ao ano passado. Já no Leste europeu, 56% percebem o suporte da organização. Entre os respondentes da Espanha, a percepção é tida por 56%; na Alemanha, 50% e França, 41%. Pontos como a crise econômica e a própria cultura desses povos, são fatores que reforçam essas percepções. · África e Oriente Médio apresentam o pior resultado: o estudo do Hay Group mostra que as organizações da África e Oriente Médio são as que dão menor suporte para um equilíbrio razoável (44% e 52%, respectivamente). A África do Sul foi a que apresentou o pior resultado com 43%, uma queda de 9% em relação ao ano passado. O que as empresas precisam fazer? As organizações precisam capacitar seus líderes para: · Lidar com as constantes mudanças e conflitos de gerações; · Ouvir melhor as pessoas e tratá-las com respeito; · Saber engajar e levar aspiração para as equipe; · Saber que é ele o primeiro a buscar equilíbrio entre vida profissional e pessoal. As organizações precisam capacitar seus colaboradores para: · Fornecer orientação clara sobre as prioridades organizacionais para ajudá-los a se concentrar nas tarefas de maior valor; · Implementar políticas e práticas eficientes que assegurem que as tarefas estão distribuídas de forma clara e justa; · Incentivar o trabalho em equipe; · Apoiar as oportunidades de treinamento, desenvolvimento e capacitação para garantir que os colaboradores de todos os níveis tenham habilidade e poder de decisão; · Fornecer recursos adequados para que o trabalho possa ser realizado de forma rápida e eficiente. Sobre o estudo A pesquisa foi feita com base em informações de 2012 do banco de dados global da consultoria de gestão de negócios, Hay Group. Atualizado anualmente, o banco de dados é composto por mais de 5 milhões de colaboradores de 400 organizações de todo o mundo dos mais diversos setores. No Brasil, 620 mil pessoas responderam a pesquisa de 80 organizações nacionais e multinacionais.