Com jornadas de trabalho que começam às 9h e vão até às 23h, e podem incluir expedientes também aos sábados, o brasileiro Hugo Barra assume uma grande tarefa em uma das metrópoles mais populosas do mundo. De Pequim, ele comanda a expansão da Xiaomi, gigante high-tech dos mercados emergentes, atual líder de smarthphones na China e quinta maior fabricante do mundo. Formado em Ciências da Computação pelo MIT, a carreira de Hugo Barra decolou após fundar em 2000, junto a colegas da universidade, uma startup de reconhecimento de voz, a Lobby7, vendida para a Nuance. Hoje, aos 38 anos de idade, ele acumula em seu currículo experiências na Netscape, Disney, Merrill Lynch, Mckinsey. A reviravolta da sua carreira profissional aconteceu em 2013, quando trocou o Vale do Silício por Pequim. Após 5 anos no cargo de vice-presidente de gerenciamento de produtos da Google, ele renunciou ao posto para assumir a vice-presidência da Xiaomi e comandar sua internacionalização. Atualmente, a multinacional chinesa está presente em 7 países de variados continentes, e está prestes a chegar ao Brasil e à Índia. Ao se mudar para a China e assumir o comanda da Xiaomi, Barra teve que enfrentar diversos desafios, principalmente relacionados à adaptação ao ritmo de vida no oriente. Primeiramente, a incomunicabilidade foi o que mais o chocou, como afirmou em entrevista à GC Brasil. No mundo dos negócios, a comunicação acontece em inglês, mas aprendeu o que chama de “chinês de sobrevivência'. 'Você não consegue nem ler uma placa de trânsito e ninguém na rua fala inglês', disse o brasileiro. O segundo desafio é levar a multinacional a outros países do oriente e ocidente. Prestes a chegar ao Brasil, Barra está bem confiante quanto a receptividade dos consumidores brasileiros, baseado em experiências anteriores com a Google, mas destaca que precisa modificar a visão nacional para os produtos chineses. “Se vierem com qualquer anúncio de Xiaomi, todo brasileiro vai associá-los com produto 'xing ling'. Os produtos são bons, mas a percepção que normalmente o brasileiro tem de itens chineses é de possuírem baixa qualidade', destacou. O vice-presidente da Xiaomi levará ainda este ano os produtos e a tecnologia da marca também para a Índia, e afirmou que pretende expandir os negócios para outros mercados emergentes, como a Rússia e México. Entre 2011 e 2013, seu nome estampou as listas mais importantes de executivos considerados os mais influentes do mercado, aparecendo na Wired, Época e Business Insider. Com toda essa carga de responsabilidade, não seria exagero afirmar que, atualmente, Hugo Barra é o brasileiro mais poderoso no mercado de tecnologias high-tech do mundo.