Durante os meses iniciais de 2013, participo da realização de um curso semi – presencial, como professora, que busca orientar caminhos profissionais de jovens empreendedores. O compromisso que assumi com a equipe foi o de acompanhar os alunos, 'cutucando-os', promovendo sua participação e acompanhando-os no desenvolvimento de seus trabalhos. É importante enfatizar que não se trata de um curso obrigatório, que vai reverter na obtenção de algum diploma ou algum tipo de promoção. Os que participam da atividade se matriculam porque estão interessados em questões de desenvolvimento pessoal e profissional. A dinâmica adotada no curso é a de propor, via plataforma Moodle, exercícios e reflexões que possibilitem ao aluno ir construindo seu caminho profissional, de forma significativa. Meu trabalho consiste em de ler as atividades realizadas e reflexões colocadas pelos alunos e a partir daí indaga-los. Como tenho formação e prática em coaching ontológico, já incorporei uma maneira específica de escutar e perguntar. Valorizo aquelas situações em que emergem divergências, incoerências na fala em detrimento daquelas que remetem ao porque, que, em geral, buscam 'culpados' de alguma situação que não funcionou. Busco escutar, identificar os quebres, incoerências, divergências, as quais são imediatamente evidenciadas e remetidas a quem fala. Com esse modo de atuar, busco, entre outras coisas, torna-los melhores observadores de si mesmos, seguindo aqui aos fundamentos do coaching ontológico, difundido, entre outros, por Leonardo Wolk (2003). Já na revisão da primeira atividade proposta, mantive uma conversa informal com um dos responsáveis pelo curso, na qual se considerava a possibilidade de que o modo direto como atuava com os alunos poderia não ser adequado para aquele momento. Segundo ele, a maneira como indagava poderia afastá-los, ser inadequado. Na perspectiva dele, essa estratégia poderia ser aplicada mais adiante. Diante dessa situação, me detive a refletir sobre esse assunto, formulando-me algumas questões: será que inquietar, desacomodar ou desestruturar o aluno desde o inicio pode afastá-lo ou retê-lo? Como promover a participação do aluno? Como produzir impacto na sua aprendizagem, como provocar mudanças? Penso que identificar e evidenciar imprecisões, descontinuidades na fala e atuar sobre elas, não cala e nem afasta o aluno. O que tenho observado nas experiências acumuladas até agora é que o se logra com essa atitude é um aluno mais engajado e comprometido com seu desenvolvimento profissional. Com isso busco responsabiliza-lo de seu processo de desenvolvimento e é nesse sentido que não foco no treinamento, mas busco produzir processos de aprendizagem, essência do coaching ontológico. Pode ser que no caminho algum aluno se vá, mas os que ficam são aqueles que realmente se alinham e se comprometem com o desenvolvimento próprio. Para mim está é a maneira de motivar, de fazer participar, de produzir impacto desde o inicio, desde o primeiro encontro. Essa estratégia incomoda, desestrutura, mas, o mais importante, faz pensar. O que tenho aprendido em leituras realizadas e percebido nas experiências que tive até então é que os desinteresses, os abandonos estão mais relacionados com a não vinculação de si mesmo com os temas propostos ou com as metodologias adotadas. Sentir-se 'mexidos', não provoca abandono. O que produz desinteresse numa atividade em que o importante não é a obtenção de um título ou de uma promoção é a sensação de que qualquer coisa que se faça está bem, não importando muito o que se faz. Isso é o que desmotiva e leva ao abandono. Disso estou segura. Bibliografia consultada: WOLK, Leonardo. Coaching. El arte de soplar brasas. Buenos Aires, Gran Aldea Editores. 2003