Do outro lado da tela… A tecnologia promoveu mudanças significativas no comportamento e na vida do Homem contemporâneo. Hoje rasgamos as distâncias continentais em horas. O Japão é logo ali e com um clic conectamo-nos ao mundo todo. Nossos melhores amigos necessariamente não dividem os mesmos muros conosco, tampouco freqüentam os mesmos lugares. Eles estão bem ali, do outro lado da tela. Pois sim, nada como fazer amizades sem sair de nossa residência. Aliás, por questões de segurança é melhor mesmo não sairmos de casa, pois é perigoso… Será? Tem gente que concorda, outros discordam. Eu estou no rol dos que discordam. Óbvio, não vamos dar sopa para o azar, mas gosto muito de sair e entrar em contato com as pessoas. Já que falamos de tecnologia e facilidades gostaria de perguntar-lhe: Você já se pegou somando 5+5 na calculadora do micro, acordou de madrugada apenas para ler e mails ou, então, chamou seu colega da mesa ao lado para almoçar pelo msn? Se essas são uma constante em sua vida, sinto em informar, mas você pode estar se tornando um dependente tecnológico. No entanto, fique tranqüilo, a cura existe e exige apenas o bom senso de não trocarmos o mundo real pelo virtual. Sim, caro leitor, a tecnologia, não obstante a toda maravilha que nos proporciona, se exagerada na dose, pode atrapalhar, causando, inclusive, dependência. Mas por que podemos nos viciar de tal forma no mundo virtual que venhamos mesmo a esquecer do mundo real? Porque o mundo virtual é prazeroso, salvo exceções, nele encontramos amigos que não víamos há tempos, matamos saudade, conhecemos pessoas. Nada de repreensões, tudo muito agradável, regado à simpatia, tornado-se, pois, sempre um convite para cada vez mais nos entregarmos. Sem contar que no mundo virtual nos soltamos mais, e a comum timidez dá lugar à desenvoltura, afinal, o micro protege-nos daquele temeroso olho no olho. Salutar então que aproveitemos essa facilidade que a tecnologia nos faculta. Todavia, não podemos esquecer que também há o mundo real, e é neste mundo que mais nos aprimoramos como seres humanos. É no mundo real que encontramos mais de perto as diferenças e com ela aprendemos, que convivemos com quem não temos tanta afinidade, que somos impelidos a exercitar a paciência, compreensão, tolerância… O mundo real é o concreto, o virtual o sonho! Com o mundo virtual relaxamos, com o real aprendemos e exercitamos. Uma troca importante, uma interação fascinante que se bem dosada traz enormes benefícios. Por isso, observemos os pontos positivos do mundo real: É nele que experimentamos grandes alegrias, porquanto nada substitui o olho no olho, o abraço apertado, o toque e a energia que exala o momento em que duas criaturas afins estão frente a frente. Importante lembrar: a tecnologia veio para facilitar as coisas, promovendo o progresso, encurtando caminhos, dinamizando processos, é ela – tecnologia – uma eficaz ferramenta para aproximação das pessoas. Veio atingir justamente onde o mundo real, por motivos óbvios, não consegue atingir, ou seja, a tecnologia veio para somar, agregar, jamais substituir. O mundo virtual é um complemento do mundo real, jamais seu substituto. É, portanto, justo darmos ao mundo virtual seu verdadeiro valor, sem exageros prejudiciais. Sem dúvidas que no mundo contemporâneo podemos ter amizades do outro lado da tela, mas, também, do outro lado do muro. Vale a pena tentar.