Marcelo Alves Carrera – UNITOLEDO Marcelo Plens – UNITOLEDO RESUMO Certificada sua importância nas organizações militares envolvendo as operações de guerras no transporte de material bélico e deslocamento de tropas, a logística ganhou fronteiras nas últimas décadas tornando-se o principal agente indutor das empresas no gerenciamento e desenvolvimento da produção, desde a aquisição dos insumos até a entrega do produto para o consumidor final. No ambiente organizacional, o serviço de transporte tornou-se um dos principais componentes das atividades logísticas. Desencadeou-se nas organizações uma gestão mais eficiente na escolha do modal utilizado no transporte de cargas, dadas às características que cada modalidade apresenta. Neste sentido, por considerar que a infraestrutura de transportes da Região Administrativa de Araçatuba contribui para o desenvolvimento econômico da região, este artigo, que se caracteriza como uma pesquisa exploratória objetiva analisar os modais logísticos existentes nessa importante região do Estado de São Paulo e colaborar para o estudo da administração. Palavras-chave: Logística, transportes e desenvolvimento econômico. ABSTRAT Certified its importance in military operations involving organizations wars in transporting military equipment and deploying troops, logistics gained borders in recent decades becoming the main inducing agent in the management of enterprises and development of production, from procurement of raw materials to delivery of the product to the end consumer. In the organizational environment, the shuttle has become a major component of logistics activities. Was triggered in organizations more efficient management in choosing the modal used to transport loads, given the characteristics that each modality has. In this sense, considering that the transportation infrastructure of Araçatuba Administrative Region contributes to the economic development of the region, this article, which is characterized as an exploratory research aims to analyze existing modal logistics in this important region of the State of São Paulo and collaborate to the study of administration. Key-Words: Logistics, transportation, and economic development. 1 INTRODUÇÃO Tem-se observado ao longo dos anos que a infraestrutura de transporte é o elemento causador de maior impacto nas atividades econômicas como um todo. Primeiro porque o transporte é o principal componente do sistema logístico. Segundo porque os custos desta infraestrutura são embutidos aos custos dos insumos, o que influencia diretamente no custo de produção e, consequentemente, no preço final dos produtos que chegam até os consumidores. Desta forma, no mercado altamente competitivo, onde as mudanças ocorrem de forma bastante acelerada, a escolha do meio de transporte utilizado no escoamento produtivo tornou-se estratégia para as empresas que buscam manter-se no mercado que atuam. Hoje, a logística vem sendo vista como a nova forma de gerenciamento da cadeia de suprimentos e a infraestrutura de transporte deixou de ser mera coadjuvante deste processo, ganhando destaque como uma das cinco principais estratégias utilizadas no posicionamento logístico, tamanha a sua importância às empresas que buscam diferencial competitivo. Ao longo dos anos, a logística deixou de ser uma estratégia de guerra para se tornar uma estratégia organizacional. Foi após o período pós guerra que a ela ganhou relevância para e economia dos mercados como parte integral dos processos industriais e comerciais e a escolha do modal ideal tornou-se um diferencial competitivo. Neste contexto, no que se refere ao escopo deste artigo, que se caracteriza como uma pesquisa exploratória, o objetivo é analisar os modais logísticos existentes na Região Administrativa de Araçatuba, uma vez que a infraestrutura dos transportes, além de contribuir para o desenvolvimento econômico da região, possui relevância para o estudo da administração. Trata-se de pesquisa exploratória, onde o material utilizado foi extraído de livros que abordam conceitos sobre a logística atual e artigos do gênero, sites institucionais, dentre outras fontes que proporcionaram ao aluno a formulação de ideia sobre a matéria do estudo. 2 ORIGEM E PAPEL DA LOGÍSTICA Diversos conceitos no universo literário estão correlacionados à logística, entretanto, o Council of Logistics Management (CLM), uma organização composta por gestores logísticos, educadores e profissionais da área, define a logística como sendo um processo de planejamento, implantação e controle de mercadorias (BALLOU, 2006). De acordo com Ballou (2006) a logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo dos produtos e de informações, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes a um custo ideal. Além do planejamento, implantação e controle do fluxo de mercadorias, o processo logístico envolve estrategicamente o gerenciamento da obtenção, movimentação e armazenagem de estoques de matéria-prima, produtos semiacabados e produtos finais e seus canais de distribuição, objetivando a maximização da lucratividade (CHRISTOPHER, 1997). A eficiência do nível de serviços torna-se o escopo do esforço logístico, considerando suas incumbências: preenchimento correto, nível exato e no tempo certo dos documentos que envolvem o processo logístico e o monitoramento das necessidades dos clientes e suas diferentes necessidades, considerando os diferentes tipos de clientes, áreas geográficas e produtos (BALLOU, 2006). Conforme Rocha (2003), a logística pode ser vista como um processo estratégico na obtenção, movimentação, armazenagem, suprimentos e distribuição dos produtos acabados ou não, de ponto a ponto, por meio dos fluxos de informações internos e externos, canais de marketing, objetivando a rentabilidade futura viabilizada através do casamento da oferta da empresa com a demanda do mercado. A logística existe desde os tempos mais antigos, porém, a literatura contemporânea referencia que a moderna logística, na sua origem, estava intrinsecamente ligada ao transporte de mercadorias entre as comunidades mais antigas da História documentada da humanidade (BALLOU, 2006) e nas organizações militares, utilizada em operações de guerras, responsáveis diretamente pelo suprimento, transporte de material bélico e deslocamentos de tropas (NOVAES, 2004). De acordo com Pozo (2007), a estratégia logística utilizada em operações militares mais bem planejada, sofisticada e executada da História da Humanidade ocorreu com a invasão da Normandia, pelos americanos, durante a segunda Guerra Mundial. Foi no período pós guerra que a logística se tornou importante para a economia de todos os mercados. Ela deixou de ser meramente uma operação militar para se tornar parte integral dos processos industriais e comerciais (NOVAES, 2007). À medida que os sistemas logísticos eram aperfeiçoados, as atividades logísticas tornavam-se ponte de ligação entre os locais de produção e o consumidor final, abrangendo a noção de que o fluxo das mercadorias deveria ser acompanhado desde o ponto em que existem como matérias primas até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências e necessidades dos clientes, tornando-se parte integrante do gerenciamento da cadeia de suprimentos (BALLOU, 2006). O conceito de logística ganhou proporções organizacionais na década de 60 a 70 quando as ações gerenciais, à época, possuíam foco operacional, resumindo-se nas atuações de armazenagem dos produtos acabados e na distribuição física por meio transporte de cargas (BALLOU, 2006). Entre as décadas de 80 e 90, a distribuição começa a ter foco tático gerencial, o planejamento voltado na redução das desigualdades entre os objetivos do marketing e das finanças, a considerar que a administração do canal de distribuição estava ligado intrinsecamente com os resultados financeiros (CHRISTOPHER, 1997). Assim, a logística começa a ser vista como um processo de integração entre empresas, clientes e fornecedores, assumindo posição estratégica na cadeia produtiva, etapa esta denominada por muitos como “logística integrada” (BALLOU, 2006). 2.1 DA LOGÍSTICA INTEGRADA AO SUPPLY CHAIN Testificada sua importância no processo estratégico organizacional, concomitante à revolução tecnológica, à difusão do uso da internet e a crescente demanda na produção e desempenho em serviços, fizeram evoluir a logística integrada, assegurando-a o conceito de Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) ou Supply Chain Management – SCM (BOWERSOX & CLOSS, 2007). Embora não seja um consenso no mundo, para alguns a logística é muito maior que o SCM, assim, não se pode afirmar que SCM é a evolução da logística, “porém, é muito difícil, em termos práticos, separar a gestão da logística empresarial do gerenciamento da cadeia de suprimentos” (BALLOU, 2006). Na atualidade, os programas de qualidade tornaram-se tendências no universo empresarial, considerando o alto nível de exigências por parte dos consumidores, dado ao elevado crescimento no consumo de produtos e bens de serviços. Bowersox & Closs (2007) afirmam que logística também está ligado à qualidade total. Comunga da mesma ideia Christopher (1997), pois considera que a fidelidade do cliente é medida pelo alto padrão de qualidade entregue na prestação de serviço ou produto. Neste contexto, a logística quebra barreiras organizacionais, pois motiva a crescente integração dos processos de produção e passa a ser vista, a partir de então, como uma nova forma de gerenciamento da cadeia de suprimentos e na geração de valor ao consumidor final (BOWERSOX & CLOSS, 2007). Neste sentido, Kleber & Wanke (2000) identificam a importância das empresas em medirem a qualidade dos serviços prestados pelos sistemas logísticos, com objetivo de identificarem em quais atributos o desempenho logístico é ineficiente ou mesmo em quais outros estão atendendo ou superando as expectativas dos clientes. Para Wanke (2001), a integração das operações de produção com a logística tem contribuído com diversas empresas que buscam eficiência na prestação de serviços ligados à logística e, consequentemente, um lugar de destaque no cenário altamente competitivo como vivenciamos na atualidade. Este processo dá-se o nome de posicionamento logístico. Segundo Wanke (2001), o posicionamento logístico se torna uma ação estratégica quando a empresa busca alcançar eficiência dos níveis de serviços e também de custos, bem como diferenciar-se no mercado atuante. O autor considera cinco categorias de decisão que compõem a estratégia de posicionamento logístico. São elas: 1. Coordenação do fluxo de produtos: coordenada o fluxo dos produtos, ora puxado pelos clientes, ora empurrado pelas empresas. A coordenação do fluxo de produtos dependerá da visibilidade da demanda e do tempo de resposta (ressuprimento e distribuição); 2. Política de produção: consiste nas ações voltadas para produção de estoques e provisionado em demanda de venda futura. 3. Alocação de estoques: essa estratégia busca alocar estoques em um único ponto ou descentralizá-lo por meio dos centros de distribuição. 4. Política de transporte: trata-se do planejamento da movimentação de mercadorias pela cadeia de distribuição física. É a escolha do modal de transporte, com base em preço, custo e desempenho. Tamanha importância se tem na escolha do modal logístico ideal dentro das estratégias de posicionamento logístico, justifica-se tratá-los separadamente no próximo capítulo. 5. Dimensionamento da rede: está voltado ao posicionamento das instalações físicas (centros de distribuição), objetivando atender toda gestão de logística integrada e a cadeia de clientes. Dentre as estratégias de posicionamento logístico, evidenciam-se as práticas voltadas à política de transporte. Planejar a movimentação de mercadorias pelos canais de distribuição não é tarefa fácil para o setor de logística, a considerar a sua complexidade nas políticas de preço, custo e desempenho (WANKE, 2001). Assim, a escolha do modal de transporte mais adequado para conduzir o produto ao seu destino final torna-se o escopo da logística quando a busca é conciliar as necessidades das empresas (vantagem competitiva) com as dos clientes (produto certo na hora certa), seja por meio da entrega rápida, segura e eficiente dos produtos, com menor custo possível (BALLOU, 2006). De acordo com Dias (2007), a distribuição é apenas um aspecto de prestação de serviços e o grau de atendimento e confiabilidade é tão importante no global quanto o preço, promoção e a qualidade do produto. Para tanto, a busca pela satisfação das necessidades dos mercados dentro da cadeia de suprimento, em alguns casos, tem forçado as empresas na utilização de diferentes estratégias de distribuição, haja vista que um mesmo produto pode atender necessidades de dois ou mais segmentos de mercado, porém com diferentes métodos de distribuição. O que para muitas empresas o setor de transporte é considerado altamente rentável, para outras se torna sinônimo do aumento dos custos (DIAS, 2007). 2.2 OS MODAIS LOGÍSTICOS E SUA IMPORTÂNCIA A infraestura de transporte tem papel importante no desenvolvimento de um país. De acordo com Ballou (2006, p. 150), “basta comparar a economia de uma nação “desenvolvida” com a de uma “em desenvolvimento” para constatar a importância dos transportes na criação de um alto nível de atividade econômica”. Segundo Ballou (2006, p. 149), “o transporte normalmente representa o elemento mais importante em termos de custos logísticos para inúmeras empresas. A movimentação de cargas absorve 1/3 a 2/3 (de um a dois terços) dos custos logísticos totais”. O setor de transporte é a atividade logística mais importante para a economia e dos custos logísticos das empresas, a considerar que ela tem absorvido, em média, de um a dois terços dos custos logísticos, respectivamente. Trata-se de um setor essencial e vital para o sucesso das organizações, pois a movimentação das matérias-primas e produtos acabados depende exclusivamente desse setor (POZO, 2007). Para cada localidade podem existir diversos modais ou às vezes um só, e à medida que os sistemas de transportes são definidos e ajustados a cada realidade, eles passam a contribuir diretamente para o aumento da competição de mercado, o que garante a economia de escala e a redução dos preços das mercadorias. Na falta de um bom sistema de transporte, limita-se o mercado à produção local, e, com melhores serviços de transporte, o custo de mercados distantes pode ser bastante competitivo (POZO, 2007). Entre os meios de transportes unimodais existentes temos os modais rodoviário, ferroviário, aquaviário, aeroviário e dutoviário, cada qual com características próprias e adequados às determinadas situações estratégicas, contudo, a integração entre alguns modais tornou-se uma tendência na atualidade (BALLOU, 2006). Considerando a relevância e complexidade, a julgar suas variáveis, subjetividades, dentre outros fatores internos e externos ligados à escolha dos modais de transporte, o próximo tópico tem por objetivo apresentar os principais modais logísticos, suas diferenciações, relevâncias, vantagens e desvantagens quando o assunto está relacionado à escolha do modal ideal a ser utilizado no transporte de cargas. 2.3 TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS MODAIS LOGÍSTICOS Não há como estabelecer de forma genérica a escolha do melhor modal, contudo, se deve identificar dentre as características de cada um os fatores críticos de sucesso. Pode-se dizer que a escolha ideal depende exclusivamente das condições e necessidades específicas sobre aquilo que será distribuído, o ritmo de distribuição e o custo logístico. (VIEIRA, 2002). O modal rodoviário é um dos mais simples, eficiente e popular dentre seus pares. Trata-se do modal mais utilizado em rotas curtas de produtos acabados ou semi acabados (POZO, 2006). Dentre as vantagens temos: entregas rápidas e confiáveis de cargas parceladas; modal mais competitivo no mercado de pequenas cargas e serviço de entrega porta a porta; peça fundamental da multimodalidade e da intermodalidade; favorece os embarques de pequenos lotes; facilidade na substituição do veículo em caso de quebra ou acidente (RODRIGUES, 2003). Este tipo de modal também apresenta desvantagens, como: maior custo operacional e menor capacidade de carga; provoca congestionamentos nas estradas em épocas de grandes safras; desgasta prematuramente a infraestrutura rodoviária; modal bastante poluidor e possui elevado custo de manutenção da sua infraestrutura logística (RODRIGUES, 2003). Segundo Ballou (2006), a multimodalidade e a intermodalidade de transportes são operações logísticas empregadas no transporte de mercadorias, utilizando-se modalidades diferentes de transportes no transporte de cargas. Enquanto que na intermodalidade a emissão do documento de despacho é feita uma única vez, com divisões de responsabilidades para operador logístico, na multimodalidade existe apenas um único documento de transporte utilizado que cobre todo o trajeto da carga transportada até o ponto de destino, sendo que a responsabilidade é única e exclusiva do Operador de Transporte Multimodal (OTM). Em contrateste com o modal rodoviário, o modal ferroviário é basicamente um transportador de longo curso e de baixa velocidade. Muito utilizado no transporte de matérias-primas e produtos manufaturados de baixo custo, o modal ferroviário apresenta baixo índice de roubos e acidentes, comparado ao modal rodoviário (BALLOU, 2006). “O transporte ferroviário é realizado, na maioria das vezes, somente entre países vizinhos, mas também é possível a sua utilização em territórios não adjacentes, como no caso do transporte multimodal (marítimo-ferroviário-rodoviário)' (VIEIRA, 2002, p. 111). Para Rodrigues (2003), o modal ferroviário, por suas características, oferece vantagens somente quando há grande quantidade de carga a ser transportada a longas distâncias. Considera-se fatores determinantes para a viabilidade da ferrovia a distância e a densidade do tráfego, portanto, um modal por excelência para o transporte de grandes volumes de cargas. Entre as vantagens desse modal observa-se a capacidade para transportar elevada quantidade de carga (mercadorias e passageiros); baixo consumo energético, adaptação ferro-rodoviário (Rodo Trilho ou Road-Railler); capacidade de prover estoques em trânsito (RODRIGUES, 2003); a inexistência de problemas de congestionamento e poluição e a possibilidade no transporte de grandes quantidades de cargas (VIEIRA, 2002). No que se refere às desvantagens do modal ferroviário verifica-se as viagens longas; alto custo relacionados ao transbordo de cargas e altos investimentos na manutenção e construção da malha ferroviária; depende exclusivamente da disponibilidade de material rodante; baixa flexibilidade de rotas; alta exposição a furtos e fraca flexibilidade no transporte de cargas (RODRIGUES, 2003). Muito utilizada no transporte de granéis sólidos e carga em geral, o modal aquaviário ou aquaviário com também é conhecido, envolve todos os tipos de transporte efetuados sobre as águas. Nele inclui-se o transporte fluvial e lacustre (aquaviário interior – envolve as linhas de navegação que liga o Brasil a outros países) e o transporte marítimo, subdividido em transporte marítimo de longo curso (liga o Brasil a outros países mais distantes) e a navegação de cabotagem (objetiva cobrir toda costa brasileira). O transporte marítimo é subdividida em pequena cabotagem (cobre apenas os postos nacionais) e a grande cabotagem (ligações marítimas entre países próximos) (NOVAES, 2007). Verifica-se que a movimentação de produtos sólidos ou líquidos, a granel, possuem lugar de destaque nesse tipo de transporte, com um sistema rigoroso de tabelamento de fretes, que está conferenciado por sua vez com o valor da carga e menos com o custo de transporte (DIAS, 2007). Refere-se ao tipo de modal fortemente influenciado pelas condições meteorológicas. Além de transportar grandes volumes de commodities, os transportadores aquaviários, principalmente aqueles que lidam com o transporte de carga internacional, transportam outros tipos de produtos altamente valorizados (POZZO, 2007). Essas cargas são transportadas exclusivamente em contêineres, em navios porta-contêiner que objetiva reduzir o tempo de manuseio, facilitar o transbordo intermodal e reduzir as perdas e os danos (BALLOU, 2006), Dentre as vantagens do modal aquaviário, Rodrigues (2003) cita a elevada capacidade de transporte, por meio de rebocadores e empurradores; fretes mais baixos em comparação com os demais modais; custos variáveis bem mais baixos; disponibilidade ilimitada; menos poluente por tonelada transportada; maior confiabilidade e o transporte de qualquer tipo de carga, o que faculta o uso da multimodalidade. Como desvantagens temos a baixa velocidade no transporte de cargas; a capacidade variável de transporte de mercadorias em função do nível das águas; rotas previamente fixadas; necessidade de elevados investimentos na regularização de alguns trechos de rios e lagos (RODRIGUES, 2003); pouca flexibilidade de carga; maior tempo para a carga e descarga nos portos; distância considerável entre portos e centros de produção (VIEIRA, 2002); pouca segurança e o elevado custo ligado ao seguro da carga transportada (BALLOU, 2006). Influenciado pela globalização, o modal aeroviário ganha lugar de destaque na cadeia de distribuição, a considerar que o escopo da logística está voltado para levar o produto certo para os lugares certos, no momento certo e com o nível de serviço desejado, pelo menor custo possível (fator custo/benefício) (NOVAES, 2007). Trata-se de um sistema de transporte rápido, que apresenta níveis de avarias e extravios mais baixos dentre os demais modais, resultando do alto nível de confiabilidade e segurança que este tipo de transporte proporciona (NOVAES, 2007). Além dos requisitos rapidez e segurança, o modal, aeroviário, segundo Vieira (2002), traz em suas vantagens a redução dos custos de estoques e sua influência direta no capital de giro (estratégias just in time); é o modal mais indicado para o transporte de mercadorias de alto valor e pouco peso/volume (tendências e-commerce, amostras e mercadorias urgentes); atende praticamente todas as regiões do mundo (importação e exportação), além de exige pouco manuseio da carga, o que contribui para a redução dos custos com embalagens e despesas com seguros. Por outro lado, as principais desvantagens do modal aeroviário referem-se à limitada capacidade no transporte de cargas das aeronaves, haja vista o pequeno espaço disponível no seu interior, o que pode tornar o frete aéreo relativamente mais caro em relação aos demais modais, inviabilizando assim o transporte de cargas que possuem baixo valor agregado (VIEIRA, 2002); não atende o transporte a granel e às fortes restrições às cargas perigosas (RODRIGUES, 2003). De acordo com a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres (2013), o transporte dutoviário, na atualidade, tem se revelado como sendo uma das formas mais econômicas no que se refere ao transporte de grandes volumes, principalmente àqueles ligados ao transporte de óleo, gás natural e seus derivados, em comparação aos modais rodoviário e ferroviário. O modal dutoviário consiste no transporte de granéis, por gravidade ou pressão mecânica, por meio de dutos e cilindros projetados à finalidade a que se destinam. Dentre os principais dutos temos os oleodutos (transporte de petróleo e derivados), minerodutos (produtos derivados de minério) e os gasodutos (destinam-se ao transporte de gases) (RODRIGUES, 2003). Segundo a CNT – Confederação Nacional do Transporte (2012), além do transporte por dutos apresentar características particulares, ele se destaca por suas vantagens na movimentação de produtos em grande volume, porém de baixo valor unitário. O nível de risco no transporte dutoviário é baixo se comparando com os demais modais. Por conter um elemento de transporte fixo (é a carga que se desloca), o risco de acidentes, perdas e roubos é exíguo, significando uma economia com gastos de seguro. Ressalta-se que o transporte por dutovias, do ponto de vista sustentável, reduz o impacto ambiental com obras de infraestrutura de transporte, como o desmatamento; é menos poluentes e possui baixo índice de risco relacionados aos acidentes ambientais no transporte de cargas perigosas (CNT, 2012). Dentre as desvantagens existentes no nesse tipo de modal, verifica-se o transporte de produtos específicos; elevados custos despendidos com os sistemas de bombeamentos e terminais de captação; exigência na contratação de mão de obra especializada voltada para a construção da infraestrutura modal; riscos ambientais de grande proporção, caso ocorra rompimentos de dutos e a exigência de licenças ambientais (CNT, 2012). É crescente a utilização do transporte multimodal que objetiva justamente limitar a utilização do transporte segmentado. Segundo Rodrigues (2004, p. 104), “o moderno conceito de multimodalidade baseia-se na total integração dos modais de transporte”. Conforme Ballou (2006), existem dez combinações de serviços multimodais possíveis, entretanto, nem todas essas combinações são consideradas práticas pelo mercado: 1) trem-caminhão; 2) trem-navio; 3) trem-duto; 4) caminhão-avião; 5) navio-avião; 6) caminhão-navio; 7) caminhão-duto; 8) navio-duto; 8) navio-duto; 9) navio-avião; 10) avião-duto. Para Rodrigues (2004, p. 107), “o transporte multimodal alia a conveniência e a simplicidade jurídico-administrativa do transporte unimodal à eficiência econômico-energética do transporte segmentado, com um único responsável perante o dono da carga”. Dentre as tendências hoje existentes no mercado multimodal, é crescente a utilização do sistema semireboque sobre vagão, denominado nos EUA como flatcar (TOFC= trailer on flatcar, ou ainda piggyback), no transporte de bens de alto valor agregado. O transporte semireboques em vagões plataforma ferroviários, normalmente é feito em trajetos bem maiores que aqueles cobertos em caminhão (BALLOU, 2006). Como visto, operacionalmente falando, há grandes diferenças entre os meios de transportes existentes, entretanto, cada qual com características e particularidades que definirão o modal a ser escolhido ou a combinação entre eles. “Há assim, uma flexibilidade modal para o embarcador, flexibilidade essa que pode ser utilizada sempre que houver um elenco de alternativas disponíveis” (NOVAS, 2007, p. 243). 2.4 O TRANSPORTE E SEU IMPACTO NA ECONOMIA Com o advento da globalização, tem-se observado elevada tendência por parte dos consumidores na aquisição de diferentes produtos para satisfazer suas necessidades. Trata-se da dinâmica da oferta de produtos antes nunca vivenciada. Com base nessa nova tendência mundial as empresas, além de iniciarem o processo de renovação e ampliação do seu portfólio de produto, passaram a adotar mudanças que contribuem para a diminuição de estoques, alterações no sistema de transporte objetivando atender o consumidor final no momento certo, adoção de logísticas integradas porta a porta, dentre outras transformações tecnológicas que visam à obtenção de vantagem competitiva frente aos seus concorrentes e novos entrantes (BALLOU, 2006). Para Novaes (2007), esse dinamismo, que vai se acentuando com o tempo, gera forte necessidade de informações por parte dos consumidores. A logística tem papel importante na disseminação dessas informações e o setor de transporte, segundo Fleury (2002), torna-se o principal componente do sistema logístico. Sua importância tem relevância na qualidade dos serviços logísticos uma vez que impacta diretamente no tempo de entrega, na confiabilidade e segurança dos produtos. Na grande maioria das empresas as atividades de transporte estão intrinsecamente ligadas aos custos logísticos, pois a movimentação de cargas absorve, em média, de um a dois terços dos custos logísticos. Basta compararmos a economia de uma nação “desenvolvida” com a de uma “em desenvolvimento” para verificarmos a importância dos transportes na criação de um alto nível de atividade econômica (BALLOU, 2006). Segundo o Instituto de Logística e Supply Chain – ILOS (2013), os custos logísticos voltaram a crescer no Brasil, representando atualmente 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo quase 50% mais alto em comparação aos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, por exemplo, e o transporte é o setor que mais tem contribuído para este aumento. Para Vieira (2002), no Brasil, a logística representa 60% do custo total de um produto, sendo o transporte (distribuição física), responsável por 51% dos custos logísticos e o 9% restantes estão ligados às atividades de gestão de estoques e administração do fluxo de informações. Atualmente no Brasil existem estudos voltados pela diminuição em massa do chamado “Custo Brasil”, que por sua vez é formado por itens como impostos, estradas, sejam elas rodoviárias e ferroviárias, sistemas de armazenagem, transportes hidroviários (fluviais e de cabotagem), sistemas portuários e encargos de mão de obra. Toda essa conjuntura faz com que os setores ligados à logística busquem a cada dia um aproveitamento mais eficaz do sistema de transportes, objetivando melhorar a ergonomia no preço do frete (POZO, 2007). A conformação dos modais logísticos de transporte brasileiro pode ser observada na figura 1. O transporte aeroviário no Brasil possui pouca representatividade (menor que 1%), em comparação com os demais modais logísticos, a considerar que o seu escopo está voltado no transporte de passageiros e de pequenas encomendas. Observa-se uma sobrecarga no sistema modal rodoviário, pois absorve 52% de toda carga transportada no território brasileiro (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2013). Conforme Fleury (2002, p. 1), “o setor rodoviário de cargas no Brasil se caracteriza por uma alta fragmentação e excesso de oferta, resultado da inexistência de regulação, que torna as barreiras de entrada praticamente nulas”, o que leva às praticas de concorrência predatória, servindo como barreira ao uso dos demais modais. Outro fator preponderante nesta decisão diz respeito ao baixo preço do frete desse modal, que compromete a rentabilidade do setor. 3 METODOLOGIA A logística tem por objetivo levar ao consumidor final o maior número de mercadorias, com o mínimo custo necessário e menor tempo possível. Neste contexto, os modais de transportes tem papel importante neste processo, pois a escolha do meio de transporte ideal interfere basicamente nas dimensões de tempo, utilidade de lugar e no diferencial competitivo, a considerar que a infraestrutura de transportes vem se tornando um dos principais gargalos no desenvolvimento do país. Considerando o importante papel da logística de transportes no desenvolvimento econômico da Região Administrativa de Araçatuba, a presente pesquisa acena para uma análise da infraestrutura de transportes existente na RA de Araçatuba. Diferenciada das demais regiões do Estado de São Paulo por ligar a região com os Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais, a economia da RA de Araçatuba se concentra basicamente na produção agropecuária integrada à atividade industrial e na fabricação de produtos alimentícios e a infraestrutura de transportes da região tem papel fundamental no desenvolvimento regional. O estudo foi realizado pela coleta de informações extraídas das diversas fontes de materiais já publicados (livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados na internet sobre logística), proporcionando ao acadêmico maior conhecimento, compreensão, formulação de hipóteses e visão geral sobre o objeto da pesquisa. Segundo Vergara (2000), este tipo de pesquisa pode ser definido como uma pesquisa exploratória. Comungam da mesma ideia Cervo & Bervin (1996) e Gil (2007), pois consideram que a pesquisa exploratória objetiva maior familiaridade com problema, seja por meio explícito ou por hipóteses, envolvendo o levantamento bibliográfico, entrevistas, análises que estimulem a compreensão, manifestando-se nas formas de pesquisas bibliográficas e estudos de casos. 4 A INFRAESTRURA DE TRANSPORTES DA RA DE ARAÇATUBA De acordo com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE (2014), a Região Administrativa de Araçatuba (RA) está localizada no noroeste do Estado de São Paulo. Com mais de 750.000 habitantes, em 2014, a região abriga 1,76 % da população do Estado de São Paulo. Segundo a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo (2013), a RA de Araçatuba ocupa 7,5% do território paulista, ou seja, uma área com aproximadamente 23.952 km², englobando 43 municípios na sua base territorial. A figura 2 destaca os municípios integrantes da RA de Araçatuba, com destaque para as cidades de Araçatuba (181.579 mil hab.), Birigui (108.728 mil hab.), Penápolis (58.510 mil hab.) e Andradina (55.334 mil hab.). Em 2011, o PIB regional e o PIB per capta alcançaram a casa dos R$ 16.513 milhões (reais correntes) e R$ 22.305 mil (em reais correntes), respectivamente. Os valores das importações somaram US$ (FOB) 91,35 milhões (reais correntes), enquanto que as exportações US$ (FOB) 516.916.212 milhões (reais correntes) (FUNDAÇÃO SEADE, 2014). Considerada a segunda Região Administrativa do Estado de São Paulo em volume de negócios ligados a exportação, a RA de Araçatuba obteve um crescimento superior a 900% nos últimos 13 anos (de 1999 a 2012). A carne bovina representou 31% das exportações da região, enquanto que o açúcar foi responsável por 22,6%. Os mercados que mais colaboraram foram a China, Estados Unidos e Reino Unido, especialmente a Grã-Bretanha (FUNDAÇÃO SEADE, 2014). A economia regional está concentrada na produção agropecuária integrada à atividade industrial. A fabricação de produtos alimentícios (açúcar, derivados de carne, massas e polpas de frutas e de processamento de leite), biocombustíveis, produtos de couros e calçados, vestuário e acessórios, móveis e papel/celulose, são os principais segmentos da indústria de transformação da região (FUNDAÇÃO SEADE, 2014). Para a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo (2013), a multimodalidade no transporte de mercadorias, propiciada pela boa estrutura rodoviária, hidroviária e ferroviária, caracteriza a região como importante rota de transporte para o Centro-Oeste do país. O modal rodoviário se destaca em relação ao demais modais existentes na região. Dentre as rodovias utilizadas para o escoamento produtivo da RA de Araçatuba, destaque para parte da Rodovia Washington Luís (SP–310) e Rodovia Marechal Rondon (SP–300), principais elos da região com a capital paulista e o Estado de Mato Grosso do Sul, e as rodovias transversais, Rodovia Euclides de Oliveira Figueiredo (SP–563) e Rodovia Assis Chateaubriand (SP–425), que ligam a região com os Estados do Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal (ANTT, 2014). Vale destacar as melhorias realizadas pelo Governo do Estado às estradas vicinais da região. Com investimento em torno de R$ 56,8 milhões na duplicação da Rodovia Elyeser Montenegro Magalhães (SP–463), permitirá a intermodalidade com os terminais hidroviários de Araçatuba e a Estrada de Ferro – EF 364. Além da diminuição dos riscos e número de acidentes e manutenção dos veículos que trafegam pela rodovia, os investimentos resultarão na melhoria contínua da trafegabilidade e comunicação entre os municípios que atuam no setor sucroalcooleiro (GOVERNO DE SÃO PAULO, 2014). O transporte por meio do modal hidroviário se faz presente na RA de Araçatuba. O Governo Federal investirá R$ 432,3 milhões na construção do Estaleiro Rio Tietê. De acordo com a TRANSPETRO (2014), as barcaças construídas por esse estaleiro formarão 20 comboios, com capacidade para transportar 7,6 milhões de litros de etanol cada. Considerando como a alternativa de transporte sustentável, o modal hidroviário emite um quarto do gás carbônico, consumindo cerca de vinte vezes menos combustíveis do que o utilizado pelo transporte rodoviário, comparado para uma mesma carga e distância percorrida, com capacidade de carga equivalente a 172 carretas ou de 86 vagões ferroviários (TRANSPETRO, 2014). A viabilidade do transporte do etanol pela hidrovia corresponde ao equivalente a 40 mil viagens de caminhão por ano, com ganhos ambientais, econômicos e de segurança (TRANSPETRO, 2014). De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ (2014), a Hidrovia Tietê-Paraná possui 1.726 km de extensão, abrangendo 05 estados da Federação que se localizam na área de influência dessa importante Hidrovia: Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo (cf. figura 3). Segundo a TRANSPETRO (2014), a Hidrovia Tietê-Paraná possui enorme importância econômica para a região e demais Estados, pois permitirá o escoamento da produção de etanol para a Refinaria de Paulínia (REPLAN) e de lá, por dutos, para os terminais de São Sebastião (SP) e Ilha D'Água (RJ), até seguirem para mercados externos. O transporte de etanol pelo modal hidroviário possibilitará ao etanol brasileiro disputar mercados externos de forma mais competitiva. Trata-se do Programa de Logística Integrada de Escoamento de Etanol da Petrobras, que contará com a construção de novos dutos, centros coletores e terminais logísticos. Em se tratando do transporte por ferrovia, após a concessão da malha ferroviária regional para a iniciativa privada, o modal ferroviário despontou como uma das melhores opções de complementaridade à hegemonia do modal rodoviário na região. O escoamento da produção regional de açúcar pela ferrovia é uma realidade na RA Araçatuba, uma vez que a região contempla um terminal rodoferroviário na cidade de Araçatuba, financiado pela multinacional francesa de exportação SUCDEN e suas sócias, as usinas de álcool ARALCO, de Santo Antonio do Aracanguá, e UNIALCO, de Guararapes (BINI, 2009). A malha ferroviária da RA Araçatuba está inserida na Malha Oeste, pertencente à Rede Ferroviária Federal S.A, sob a concessão da empresa ALLMO – América Latina Logística Malha Oeste S.A (cf. figura 4), ligando os Estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo (ANTT, 2014). A região possui representatividade no transporte de gás natural por meio do gasoduto Bolívia – Brasil. A TBG, Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S/A, é a empresa responsável pelo transporte do gás natural até as Companhias Distribuidoras. Segundo a TBG (2014), o gasoduto é uma tubulação que leva o gás natural das fontes produtoras até os centros consumidores. Com cerca de 3.150 km de extensão (557 km na Bolívia e 2.593 km no Brasil), o gasoduto Bolívia – Brasil possui capacidade no fornecimento de 30,08 milhões de metros cúbicos (equivalentes a 200 mil barris/dia de petróleo), dividido em três estações: Estações de Compressão – ECOMPs (19 unidades), Estações de Medição (05 unidades) e Estações de Entrega (44 unidades). Encontram-se inseridas na RA de Araçatuba as Estações de Compressão de Mirandópolis/SP e Penápolis/SP, bem com as Estações de Entrega localizadas nas cidades de Valparaiso/SP e Bilac/SP (cf. figura 5). As ECOMPs são estações que mantêm a pressão do gás em condições de transporte por meio do gasoduto, acionadas por turbinas a gás que acionam os compressores, enquanto que as Estações de Entrega, instaladas em pontos estratégicos ao longo do gasoduto, são responsáveis pela distribuição do gás aos centros distribuidores (TBG, 2014). A RA de Araçatuba conta atualmente com três importantes aeroportos, o Aeroporto Estadual Paulino Ribeiro de Andrade, Aeroporto Estadual Dário Guarita e o Aeroporto Estadual Dr. Ramalho Franco, localizados, respectivamente, nas cidades de Andradina, Araçatuba e Penápolis, entretanto, ambos com foco no transporte de passageiros (DAESP, 2014). De acordo com o Portal do Governo de São Paulo (2013), pensando no significativo aumento do número de passageiros no Aeroporto Dário Guarita de Araçatuba, o DAESP (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo), investiu, em 2013, aproximadamente R$ 3,5 milhões em obras de ampliação e melhorias (adequação das pistas de rolamento e vias de acesso; sinalização vertical dos sistemas de pistas e pátios e aquisição de um caminhão de bombeiro). Esses investimentos habilitará o aeroporto a receber aeronaves maiores, como jatos e boeings. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Estabelecer uma única definição sobre a logística não tarefa fácil, afinal de contas sua definição não é consenso no mundo acadêmico. Assim, pode-se definir a logística como uma ferramenta de gestão e integração do Supply Chain (Cadeia de Suprimentos), cujo objetivo é apoiar as organizações em suas decisões estratégicas, buscando atender de forma eficiente e eficaz as necessidades próprias e de seus clientes. Verificou-se que logística também é um termo recorrente no meio empresarial. É através do gerenciamento logístico que as empresas estão se especializando, fidelizando seus clientes e assegurando maior competitividade dentre os seus concorrentes. A logística motiva a crescente integração dos processos, sendo vista desde então como a nova forma de gerenciamento da cadeia de suprimentos. Denota-se que o posicionamento logístico é a nova forma estratégica de gestão dos processos logísticos, cujo objetivo principal é a redução dos custos, o aumento da produtividade e lucratividade, além da busca pelos altos níveis de excelência entregues aos clientes. Conclui-se que a movimentação de cargas absorve grande parte dos custos logísticos, portanto, ficou evidenciado que no campo estratégico da logística o transporte possui importante papel de desempenho a serviço das empresas e dos clientes, a considerar sob a ótica dos custos e das questões ligadas às dimensões de tempo e lugar. Constatou-se que na atualidade o transporte representa o elemento mais importante em termos logísticos. Dentre os modais existentes no Brasil, o modal rodoviário é o que possui maior representatividade, com volume de 52% de toda carga movimentada no país, seguido pelo transporte ferroviário com aproximadamente 30%, e o restante dividido entre os demais modais (MINISTERIO DOS TRANSPORTES, 2013). Verificou-se que essa realidade não é diferente na RA de Araçatuba, restando comprovado que a economia da região depende muito desse meio de transporte para fomentar ainda mais o desenvolvimento regional. A região tem na Rodovia Marechal Rondon (SP – 300) o principal elo com o centro do Estado de São Paulo e o Estado do Mato Grosso do Sul, entretanto, como rotas alternativas para o escoamento produtivo da região, as rodovias transversais, Rodovia Euclides de Oliveira Figueiredo (SP–563) e Rodovia Assis Chateaubriand (SP–425), que ligam a região com os Estados do Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal, são coadjuvantes nesse processo. Identificou-se que o uso do modal ferroviário na região vem crescendo em volume transportado, resultado comprovado com a expansão do setor de agronegócio da região e adjacente. Esse crescimento vem sendo impulsionado pelo aumento da demanda dos produtos chamados commodities agrícolas (açúcar e etanol), assim como na articulação de mais de uma ou várias modalidades de transporte, a chamada intermodalidade dos transportes que a região vem desenvolvendo. Atualmente, a malha ferroviária da região liga os Estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo e pertence à Rede Ferroviária Federal, sob concessão da empresa ALLMO – América Logística Malha Oeste S.A. Há na região um terminal rodoferroviário instalado na cidade de Araçatuba, financiado pela multinacional francesa de exportação, a SUCDEN e suas sócias, em parceria com usinas de álcool da região (ARALCO e UNIALCO). Entende-se que o modal ferroviário reúne as melhores condições de transportes em detrimentos aos demais modais (aquaviário, dutoviário e aeroviário), despontando assim como a uma das principais alternativas frente à hegemonia do transporte rodoviário, que atualmente absorve grande parte da carga transportada de commodities. Verificou-se a utilização do modal hidroviário na RA de Araçatuba para o escoamento de etanol produzido na região. Com o início das obras do Estaleiro Rio Tietê, instalado na cidade de Araçatuba, a região passa a ser referência no Polo Hidroviário estadual por fazer parte da Hidrovia Tietê-Paraná, que está inserida no Programa de Logística Integrada de Escoamento de Etanol da Petrobrás. Trata-se de programa criado pelo Governo Federal com o objetivo de suprir as dificuldades logísticas do setor sucroalcooleiro. Embora a capacidade do modal dutoviário ainda seja extremamente limitada, identificou-se a sua utilização na RA de Araçatuba. Utilizado pela emprega TBG como meio de transporte do gás natural proveniente da Bolívia (gasoduto Bolívia-Brasil), a região se faz presente com as instalações de 02 (duas) Estações de Compressão, que garantem a continuidade do fluxo de gás nas tubulações e de 02 (duas) Estações de Entrega, que abastecem as redes de distribuição e estas, consequentemente, as indústrias e termoelétricas da região. Constatou-se que na RA de Araçatuba o uso do modal aeroviário é restrito ao embarque e desembarque de passageiros. Embora a região contemple 03 (três) excelentes aeroportos instalados nas cidades de Andradina, Araçatuba e Penápolis, o transporte aéreo de cargas é quase que inexistente. Como sugestão para promover o desenvolvimento econômico da RA de Araçatuba, considerando os recursos logísticos já existentes na região, como localização estratégica, infraestrutura de transportes de qualidade e recursos naturais em abundância, propõe-se um estudo voltado para transformar essa importante região do estado em um Complexo Intermodal de Cargas, fomentando a instalação na região de empresas nacionais e multinacionais ligadas ao ramo da logística, pois se conclui que a multimodalidade dos transportes é o caminho para a competitividade. Com base na pesquisa realizada, ficou evidenciado que a logística de transportes possui papel importante no desenvolvimento econômico da RA de Araçatuba, contudo, não se deve falar em desenvolvimento econômico e se esquecer das questões ligadas à sustentabilidade, pois são processos que devem caminhar na mesma direção. Neste sentido, considerando que o tema sustentabilidade postula maior abrangência de estudos e planejamento, como forma de aguçar o espírito pesquisador dos acadêmicos, sugere-se uma linha de pesquisa mais detalhada e específica nessa área, que busque identificar possíveis impactos causados pelos modais de transportes nesta importante região do estado e, consequentemente, às gerações futuras. 6 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (ANTAQ). Página Inicial. Navegação interior. Disponível em: < http://www.antaq.gov.br/Portal/Default.asp> Acesso em: 01 maio 2014. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE TERRESTRE (ANTT). Página Inicial. Infraestrutura. Dutoviário. Disponível em: <http://www.antt.gov.br/index.php/content/view/4964/Dutoviario.html>. Acesso em: 15 nov. 2013. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE TERRESTRE (ANTT). Página Inicial. Infraestrutura. Ferroviário. Disponível em: < http://www.antt.gov.br/index.p… >. Acesso em: 28 abr 2014. 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