5S, antes de mais nada, é uma ferramenta baseada na organização de métodos e preceitos, que visa tornar o ambiente de trabalho mais organizado, simples, seguro e, principalmente, eficiente. O conceito vem quebrar um antigo paradigma utilizado por muitas pessoas, principalmente por funcionários já antigos de uma empresa, que há anos exercem a mesma função, aquele tal: 'a minha bagunça é organizada', ou 'eu me encontro na minha bagunça'. Tais afirmativas são rigorosamente combatidas quando se pensa em aplicar os passos 5s dentro de uma empresa, uma vez que, logo de princípio é usada uma palavra que deve ser abolida do vocabulário de uma empresa, a palavra 'bagunça'. É claro que um funcionário que convive há longos vinte anos na mesma área, usando as mesmas ferramentas do mesmo modo todos os anos encontrará facilmente o que precisa, agora, se acaso esse funcionário vier a faltar algum dia, é muito provável que algum outro companheiro que venha substituí-lo demore muito tempo para se encontrar e encontrar o que necessita para trabalhar naquele nicho. E é exatamente isso que o 5s vem combater! Ao invés de 'bagunça', deve-se usar a 'organização', as coisas devem ser simples e claras, de modo que qualquer um encontre facilmente o que precisa, sem precisar aprender macetes antigos e empíricos de outros funcionários. O nome 5s é oriundo do japonês, e figura cinco palavras, ou cinco passos, usados para a implantação da ferramenta. No japonês, todos os cinco passos são iniciados com a letra S, mas, na tradução para o português não foi possível que se mantivesse a letra inicial, então, usa-se antes da tradução o termo 'senso de', para manter-se então o S inicial. Os passos têm ordem de implantação, e são os seguintes: SEIRI (senso de utilização), SEITON (senso de ordenação), SEISO (senso de limpeza), SEIKETSU (senso de padronização) e SHITSUKE (senso de autodisciplina). É importante lembrar que a ferramenta dos 5s é bastante simples, não é tão complicada como pensam algumas pessoas, contudo, é por ser exatamente fácil que as pessoas não dão a devida importância para a manutenção da ferramenta. Mister lembrar que 5s é um TRABALHO EM EQUIPE, nunca individual. Não se concebe pensar em: aplicação de 5s para os funcionários de chão-de-fábrica. Não! 5s é uma ferramenta que deve ser levada a sério tanto pelos funcionários da produção quanto pelos dirigentes do topo da empresa. Para isso, deve-se sempre ser pensado em 'formas de manutenção do 5s', seja por cursos, treinamentos, cartilhas, manuais, fazendo assim com que todos os colaboradores da empresa se envolvam com a prática e com a técnica de modo definitivo, para se poder atingir e visualizar metas. Para isso, a empresa pode até ter funcionários específicos contratados para trabalhar com a manutenção, implantação, implementação, educação e divulgação do 5s. É legal lembrar que a educação no 5s deve atingir não apenas a vida e rotina de trabalho de uma pessoa, mas, pode e deve ser aplicada também à vida extra-empresa do colaborador, já que todo o conceito pode também ser vislumbrado como uma filosofia. SEIRI Seiri significa utilização. Esse primeiro passo pode parecer um tanto quanto perturbador quando for executado, pois, dependendo do ambiente de aplicação, pode parecer revolucionário. O passo Seiri sugere que tudo seja organizado, ordenado. É como uma 'faxina de primavera', mais conhecida no inglês, como 'spring cleaning', onde todos os cômodos da casa são limpos passo-a-passo, desde o guarda-roupa até debaixo do sofá ou da cama. É nesse passo o momento de se inutilizar de fato coisas que já são inutilizadas, mas, que por tendência própria das pessoas, costumam ser armazenadas em função da maldita frase: 'ah, quem sabe um dia eu possa precisar disso'. É importante ressaltar que as coisas inutilizadas não são imediatamente descartadas, elas devem se destinar a um espaço de armazenamento por um tempo, para que se analise se estas ferramentas não poderiam ser utilizadas em outro setor, por exemplo. Então, se mesmo assim elas continuarem sem função alguma, destinar-se-ão ao descarte definitivo. O passo Seiri também significa separar as ferramentas com defeitos das ferramentas em bom estado, pois essa também é uma tendência de algumas pessoas, de deixar 'tudo para mais tarde', confiando que se lembrarão a todo momento quais são as ferramentas que funcionam bem e quais são as que funcionam não tão bem assim para mandá-las ao conserto… Mister ressaltar que o Seiri foi pensado justamente para amenizar ou até mesmo acabar com a tal 'spring cleaning', uma vez que se visa a não acumulação de materiais desnecessários outra vez. Um bom exemplo de cotidiano do Seiri é a organização dos arquivos de computador de uma pessoa. É impressionante como cada vez mais as empresas lucram oferecendo HDs cada vez mais potentes, com uma capacidade de armazenamento tão grande. Tudo isso é causa da não-aplicação do Seiri à vida pessoal e cotidiana, pois as pessoas armazenam, armazenam e armazenam cada vez mais coisas que nunca mais verão. Abrem pastas, sub-pastas, criam folders, e quando veem, já não há mais espaço disponível para o que seria realmente necessário na máquina, e acreditam que talvez mais uns 20 ou 60Gb resolveriam seus problemas… SEITON O senso de organização. Uma vez que o primeiro S foi aplicado, e que as coisas não necessárias foram descartadas, deve-se aplicar o segundo S, onde as ferramentas que sobraram deverão ser organizadas de forma clara e precisa. Um exemplo legal da implantação do Seiton é os artistas. Em seus ateliês eles têm suas tintas organizadas, em alguns casos, por cores em degradeé, ou por tipos de tintas, etc. O mesmo pode ser feito numa empresa. As ferramentas utilizadas num processo ou setor podem ser armazenadas em ordem de utilização, ou por função específica, tamanho, peso, medida, enfim, podem ser armazenadas e devidamente etiquetadas, de forma que qualquer funcionário possa localizar a ferramenta que precise facilmente, sem precisar ficar revirando um almoxarife inteiro para isso. Contudo, para que o passo Seiton possa ter sucesso, é necessário que se motive todos, repito TODOS, os funcionários à colaboração constante. As regras de organização não podem ser quebradas nem 'uma vez ou outra', nem em momentos de pressa e nem em ocasião alguma. Elas devem ser seguidas à risca, pois caso isso não aconteça, não demorará muito para que o processo tenha que ser reiniciado mais uma vez. O passo Seiton também deve ser visto como fundamental para a segurança dos trabalhadores, pois evita acidentes ocasionais, como por exemplo, um funcionário que busca uma chave-de-fenda se cortar numa navalha, apenas pelo fato de ambas estarem guardadas no mesmo recipiente sem nenhuma especificação. Chega a hora da utilização de tarjas, linhas, marcações, post-its, tudo para dar informações precisas ao usuário. Aqui também se reforça a necessidade de um devido treinamento, para que cada funcionário esteja adaptado às regras de cor, linhas e afins aplicadas na organização dos materiais pela empresa. Também a saúde física e mental são ressaltadas nesse passo, uma vez que deve-se buscar a não-utilização de movimentos e desgastes desnecessários. SEISO O senso de limpeza é um dos mais fundamentais e preocupantes dentro de uma organização. Esse passo deve ser visto não como uma aplicação burocrática, mas como uma precaução para o bem estar e para a saúde dos funcionários. Por isso que em algumas fontes encontrar-se-á algo como 'senso de saúde' para esse mesmo passo. O Seiso é divido em três etapas. Primeiro faz-se uma limpeza geral sobre todas as coisas do ambiente. Segundo, deve ser feito uma limpeza mais específica, em determinadas máquinas, ferramentas, locais de trabalho etc. E por último será feita a limpeza mais detalhista. Esta deverá ser aplicada nas partes quase inalcançáveis, nas partes em que geralmente não se é comum haver limpeza. Entretanto, é importante lembrar que uma limpeza mal-feita ou mal-pensada pode ser ainda mais prejudicial do que a própria sujeira. Um funcionário pode escorregar numa poça de óleo de vinte centímetros caída no chão, mas terá muito mais chances de ir ao chão escorregando num piso completamente molhado com resquícios de sabão por toda parte. Assim, deve-se pensar em 'materiais corretos' para a limpeza. Deve-se optar por aspiradores, luvas de borracha, botas não-deslizáveis, sabão mais solúvel e até materiais antiderrapantes. Após feita a limpeza, utiliza-se o conceito Seiton para o armazenamento dos produtos de limpeza num espaço especificamente destinado e organizado, e o conceito Seiri para armazenar somente o que é realmente usado e necessário para a limpeza. Nem é preciso dizer que para o sucesso do Seiso, a disciplina dos usuários deve ser foco principal. Sem disciplina o problema só será disfarçado, nunca eliminado. Contudo, mesmo após a aplicação do Seiso, sujeiras inesperadas podem surgir. Uma máquina pode estar com vazamento de óleo, por exemplo. Então, também faz parte do Seiso a avaliação. Deve-se buscar a fonte da sujeira e ELIMINÁ-LA, ou seja, deve-se buscar combater as causas e não as consequências. SEIKETSU A padronização é deveras simples e importante. Imagine o que seria de um Mc Donald's ou de um Hard Rock Cafe sem padronização. Neste passo, uma vez que tudo o que não é utilizado já foi eliminado, que as coisas já estão devidamente em seus lugares e que a limpeza já é predominante, deve-se estabelecer uma padronização de ações, de rotinas, de processos entre os funcionários. Isso não significa uma reengenharia. Não! Podem-se ser usados até mesmo os mesmos procedimentos que já são utilizados, se isso for visto, após estudos aplicados, como uma melhor alternativa, mas, dever-se-á ter tudo devidamente padronizado, e não ser mais empírico. As cores são uma sugestão bacana para esse passo. Um exemplo: mentalize a cor amarela. Agora olhe ao seu redor e veja como as coisas amarelas parecerão pular e se destacar à sua vista… Trabalhar com o subconsciente dos funcionários pode otimizar muito os processos. SHITSUKE O Shitsuke não é um passo de grandes mudanças estruturais. Ele não propõe nada além de mudanças psicológicas e naturais por parte dos funcionários, contudo, nem de longe deve ser vista como menos importante. O projeto do quinto passo é fazer com que cada funcionário possua o seu senso de autodisciplina, ou seja, que ninguém precise avisar todos os dias e todas as horas o que ele está fazendo de errado ou de certo. Cada um deve saber por si próprio o que fazer, quais consequências isso trará para ele e para o meio e porque faz aquilo. Nesse passo, deve-se eliminar expressões como 'para que tudo isso?', ou 'isso tudo é realmente necessário?'. Pelo contrário, uma das metas do quinto S é fazer com que os funcionários possam ter orgulho de onde trabalham e do que fazem do modo como fazem. Por isso, encontrar-se-ão fontes que chamarão o quinto S também de 'senso de manutenção'. Pode-se encontra hoje mais de 10S, o que, num futuro não distante, não será incomum, mas, por hora, é padrão o conceito dos apenas 5S. por ANDRÉ LUÍS PINTO DE OLIVEIRA, 19 , Graduando em Tecnologia de Logística e Transportes, FATEC. referência: syque.com