Para mim só existe uma resposta para esta pergunta: não sabem ou não conseguem aplicar o principio da entidade. Para quem não sabe, o principio da entidade consiste em saber distinguir os sócios da empresa: a empresa é uma pessoa jurídica e os sócios são pessoas físicas ou outras pessoas jurídicas; eles (os sócios e a empresa) não são uma só pessoa. Por mais que eu já tenha lido e ouvido falar sobre os inúmeros motivos que levam as empresas a fecham antes de completarem cinco anos ou permanecerem estagnadas por anos a fio (geralmente endividadas ou na “corda bamba”), este é, de longe, o motivo mais óbvio. É difícil para o dono de uma pequena empresa distinguir o que é patrimônio da empresa e o que é dele, como dono. Acredito que um dos motivos para que isso ocorra tão frequentemente é a falta de preparação para os empreendedores. Com os incentivos fiscais oferecidos pelo governo para a formalização, muitas pessoas abrem empresas sem nem ao menos saber como administrá-las ou geri-las e acabam por “misturar” tudo: pensam que todo o dinheiro que a empresa rende é a remuneração deles – o que, de fato, não é bem assim. Deste modo, todas as receitas da empresa são gastas de forma supérflua – os sócios/ donos compram casas, carros e outros bens particulares – esquecendo-se, entretanto, que uma empresa não gera somente receitas, mas também despesas e custos para que aja produção e, por conseqüência, receita. Voltando ao princípio da entidade – a causa da falência precoce –, é preciso que este seja aplicado de forma eficaz na empresa, ou seja, os sócios/ donos precisam ter em mente que as receitas da empresa pertencem à empresa e que eles como sócios terão sua devida remuneração de acordo com a porcentagem que possuem nas ações ou de acordo com o estabelecido no Contrato Social. À priori, toda essa conversa de principio da entidade soa de forma abstrata, contudo, é preciso que seja entendido não apenas como uma regra contábil, mas como uma regra para a prosperidade dos negócios, visto que os donos de uma empresa, seja ela grande ou pequena, não podem gastar tudo que a organização gera de receita, pois, se o fizerem, logo não haverá como pagar a mão de obra, fazer a manutenção dos equipamentos e comprar insumos, vez que tudo isso é custo e, por consequencia, deve ser adquirido com o dinheiro da empresa e não com a remuneração dos sócios. Ou faria sentido estar sempre aumento o capital social sem aumentar os lucros?