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Como palestrante profissional algumas vezes participei de eventos em que o tema &#8220;marketing pessoal&#8221; foi abordado. Impressionante a forma superficial com que o assunto costuma ser tratado: fala-se de etiqueta, de boas maneiras à mesa, de como se vestir corretamente&#8230; Como se só existisse a variável &#8220;promoção&#8221; no mix de marketing; como se só as aparências importassem. É claro que não basta ser, é preciso parecer. Mas o conteúdo do produto, no caso, uma pessoa, não é importante? É essencial que o indivíduo que quer cuidar do marketing pessoal seja competente e que, sobretudo, invista continuadamente em sua formação.
Outro aspecto a ser considerado: não existe um padrão de comportamento universal que funcione em qualquer lugar, em qualquer circunstância. Um político que está visitando o interior do país, não deve se vestir, nem se comportar durante um almoço com agricultores, da mesma maneira que se comportaria se estivesse visitando empresários na capital. Calça jeans e camisa xadrez podem ser uma gafe tanto quanto terno e gravata. Tudo depende do contexto. O que funciona em uma situação, não funciona em outra. Desempenhamos diversos papéis sociais e para cada um deles existem regras implícitas, não declaradas, distintas – o que não significa termos diferentes personalidades (para saber mais, recomendo o livro &#8220;A representação do eu na vida cotidiana&#8221;, do sociólogo canadense Erving Goffman, editora Vozes).
É preciso que se reflita sobre o que é marketing. São muitas as definições existentes, entretanto, a de Philip Kotler é obrigatória: segundo o autor, trata-se do processo social e administrativo, por meio do qual indivíduos e grupos de indivíduos conseguem o que precisam e desejam por meio de troca de produtos e valores. Embora, em palavras resumidas, seja o processo de comprar e de vender, podemos também considerar tudo aquilo a que se possa recorrer, de forma ética, para que se faça o melhor negócio possível, de preferência satisfazendo a outra parte com quem se negociou, de modo que esta se interesse, em oportunidades futuras, a voltar a fazer negócios conosco. Este é o grande desafio do marketing: atrair e manter clientes, desenvolvendo com eles uma lucrativa relação ao longo do tempo.
No chamado marketing pessoal, as ferramentas de marketing são as mesmas do marketing convencional, o que muda é o produto a ser oferecido que, nesse caso, como já mencionado, é uma pessoa. Tais ferramentas, conhecidas como os 4 P&#8217;s – produto, preço, praça e promoção –, são as variáveis controláveis que permitem que um produto ou serviço seja direcionado e posicionado para um determinado público. E aí está uma palavra-chave: &#8220;público&#8221;. É preciso conhecer o público para o qual o produto &#8220;pessoa&#8221; será oferecido. Falar a sua língua, se identificar com ele. Quando em Roma, não devemos dançar como os romanos? Quando em uma entrevista de emprego, &#8220;dance&#8221; conforme a cultura da empresa. Isso significa falar, se vestir, se comportar como alguém de lá de dentro, de modo que o entrevistador, ao conversar com você, pense: &#8220;puxa, ele parece um dos nossos&#8221;.
Se preocupe com o &#8220;parecer&#8221;, mas não se esqueça do &#8220;ser&#8221;. E tenha bom senso, é fundamental. O problema é que, segundo palavras de René Descartes, em seu &#8220;Discurso do método&#8221; (e ele tem toda razão&#8230;), mesmo aquelas pessoas que nunca se satisfazem com o que têm – que sempre querem mais – estão satisfeitas em relação ao bom senso: acham que já têm o bastante.

Sobre marketing pessoal

Artigo de Gerardi Pereira aborda o marketing pessoal: Calça jeans e camisa xadrez podem ser uma gafe tanto quanto terno e gravata. Tudo depende do contexto. Desempenhamos diversos papéis sociais e para cada um deles existem regras implícitas, não declaradas, distintas.

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Ao adquirir um produto ou serviço, tem-se, invariavelmente, algum nível de expectativa em relação a ele. Quando essa expectativa não é satisfeita, o cliente fica frustrado. Por outro lado, quando é superada, este fica "encantado" com o que adquiriu. Ter qualidade em um produto, serviço ou processo é fazer o que se espera, é cumprir o prometido, é satisfazer as expectativas. Nem mais, nem menos. Um produto de qualidade cumpre o seu papel: satisfaz a necessidade ou desejo para o qual se destina.Fatores macro ambientais podem fazer oscilar os níveis de expectativa do consumidor e, portanto, redefinir, num determinado mercado, o conceito de qualidade: toda e qualquer situação em que um produto fica sujeito a comparações com outras marcas (entrada de novos concorrentes, fim de um monopólio, abertura de mercado, para citar apenas alguns exemplos), cria novos parâmetros de qualidade. Portanto, temos que a qualidade precisa se alimentar de atualização e reciclagem.Se até o início dos anos noventa, quando o Brasil tinha sua economia fechada para o resto do mundo, qualidade era considerada diferencial competitivo (se é que poderíamos considerar competitivos os mercados de então), hoje ela é lugar comum: a empresa que não oferece qualidade está fadada a sobreviver à margem do mercado.A correta gestão da qualidade, deve estar atenta para o conceito de eficácia - "fazer o que precisa ser feito", segundo palavras de Peter Drucker -, sob pena de cair na perigosa armadilha de transformar o indesejável, no indesejável de qualidade, como as filas de banco de qualidade, as esperas telefônicas de qualidade (com musiquinha e tudo!)...

Sobre qualidade

"O poder do Stradivarius é psicológico", título de matéria do jornal "O Globo" de 4 de janeiro de 2012, me serviu de inspiração para escrever o presente artigo. Uma pesquisa coordenada pela especialista na acústica de violinos da Universidade de Paris, Cláudia Fritz, reuniu violinistas voluntários por ocasião de uma competição internacional nos Estados Unidos. Os participantes tiveram que comparar três instrumentos ultramodernos, com um Guarneri e dois Stradivarius, usando vendas em seus olhos para que não soubessem qual violino estariam tocando. A despeito do consenso que existe acerca da superioridade "inquestionável" dos violinos Guarneri e Stradivarius, os músicos, vendados, não souberam distinguir esses instrumentos de outros mais modernos. Dos 21 participantes voluntários da pesquisa, apenas 8 elegeram um violino clássico como seu preferido e na comparação entre apenas um violino clássico e um novo, o Stradivarius ficou em último lugar. A pesquisadora declarou, por fim, que não havia qualquer segredo que justificasse a convicção geral da superioridade inquestionável dos Straivarius e Guarneri, a não ser na mente das pessoas. Ou seja, conforme o título da matéria do jornal, um tipo de poder psicológico.Não consumimos música somente pela audição, não consumimos uma bebida somente pelo paladar, nem uma tela a óleo somente pela visão, tampouco um perfume apenas pelo olfato. Nossos sentidos nos fazem experimentar o mundo que nos cerca em nível fisiológico. Entretanto, há um segundo nível – psicológico – responsável pelo processo da percepção: interpretamos o que vemos, tateamos, cheiramos, ouvimos, e degustamos, através dos "filtros" de nossas crenças, nossos valores, pressupostos, preconceitos, experiências passadas. Se vivermos momentos agradáveis enquanto, concomitantemente, sentimos o cheiro de lenha queimando na lareira, esta experiência ficará marcada e influenciará positivamente a interpretação deste mesmo sentido (o cheiro da lenha queimando) em ocasiões futuras. Do mesmo modo, ao conhecermos historias de determinados produtos – como as do violino Stradivarius – nosso processo perceptivo será fortemente influenciado por elas. A publicidade se vale de recursos semelhantes para influenciar a preferência de compra do público.Quando se faz um teste cego, como no presente caso do violino Stradivarius, está se avaliando apenas a qualidade intrínseca de um produto e em termos exclusivamente fisiológicos, desprezando-se o que há de mais importante para o marketing, a percepção do consumidor, alicerce para a construção de marcas fortes. O famoso case do fracasso do lançamento da New Coke nos anos 80 – a despeito do "sucesso" do teste cego que foi realizado antes de seu lançamento – confirma o que está sendo, aqui, proposto. Ao desprezar a história da marca "Coca-Cola" e concentrar-se apenas no sabor do refrigerante durante o processo de decisão do lançamento, a empresa deu um tiro no próprio pé: ignorou o que tinha de mais valioso, a percepção do consumidor, que transcende, infinitamente, o sabor fisiológico de sua fórmula, "impossível" de ser copiada. Impossibilidade esta, aliás, que nada mais é do que parte de sua história.

Sobre marketing pessoal

Gerardi Pereira

IA e Cibersegurança: como a Kaspersky está redefinindo o setor, com Roberto Rebouças

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Sobre o autor

Gerardi Pereira

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