A mudança nos ambientes de negócios faz com que as empresas necessitem mudar suas abordagens de vendas, objetivando satisfazer as necessidades dos seus clientes, causados pela complexidade das novas demandas, globalização, aumento de oferta, avanços tecnológicos e acesso dos compradores a informação. Esta perspectiva leva a empresa a redefinir a venda em termos de interação entre os atores, que visam criar e manter relacionamentos estreitos, onde o serviço possa ser trocado por meio de arranjos institucionais e otimização de relacionamentos. Pesquisadores dizem que o marketing herdou um modelo de economia de troca, onde a lógica dominante era baseada na troca de bens, geralmente produtos manufaturados, isto é, baseado em recursos tangíveis, incorporando valor e transações. Apontam que novas perspectivas surgiram, onde a lógica é focada em recursos intangíveis, cocriação de valor e relacionamentos. As empresas, mesmo que já tenham começado a entender esta nova lógica, continuam a gerenciar as vendas e serviços como funções separadas, onde a força de vendas está focada na geração de receitas e busca de novos clientes, e a área de serviços mantém o foco na satisfação e retenção de clientes. A lógica dominante de serviço, mostra que as empresas estão evoluindo em nestas atividades. Assim, a função de vendas passa a incorporar novas atividades durante o processo, incluindo os intangíveis, além de produtos ou a trabalhar junto com os clientes para oferecer novas soluções. O serviço é conceituado como a aplicação de recursos de um ator em benefício de outro. A lógica dominante do serviço atesta que a cocriação de valor cria um ambiente no sistema de vendas, onde os recursos usados na troca de serviços normalmente são voltados para o mercado. Além disso, esta lógica argumenta que a integração de recursos dos atores e práticas de cocriação de valores são permitidas e restringidas por arranjos institucionais. Em resumo, a lógica S-D teoriza que a cocriação de valor ocorre em ecossistemas de serviço, em sistemas relativamente autocontidos e autossuficientes de atores integrados e recursos conectados por acordos compartilhados e criação de valor mútuo através do intercambio de serviços. Neste ambiente de mudanças a venda pode ser definida como o fenômeno da interação humana entre indivíduos/organizações, com o objetivo de trazer o intercâmbio econômico dentro de um contexto de criação de valor. Esta definição, na lógica de serviço, não deixa claro quais são os benefícios e os mecanismos para esta interação, troca e cocriação de valor, então, Hartmann, Wieland e Vargo (2018) definiram venda como a interação entre os atores com o objetivo de criar e manter pontos de passagem estreitos, onde o serviço pode ser trocado de forma eficiente por meio do alinhamento de arranjos institucionais e a otimização de relacionamentos. Hartmann, Wieland e Vargo (2018) ofereceram uma nova fundamentação teórica para venda, chamada de Ecossistema de serviço. Nela, os atores são vistos desempenhando papeis fundamentais nos alinhamentos e arranjos institucionais e otimização dos relacionamentos para troca de serviços. Além disso, o ecossistema tem implicações para manter os negócios, e os atores precisam entender as práticas de integração de recursos que levaram os agentes a comprarem e usar suas soluções. Assim, as empresas podem entender melhor como e porque as soluções ofertadas foram adquiridas e caso haja necessidades não atendidas, conjuntamente podem resolver as incompatibilidades. Importante destacar que, as vendas não se limitam aos vendedores, mas sim, a todo ecossistema empresarial, então, as empresas precisam reavaliar quais posições precisam de expertise em vendas por meio de treinamento ou contração de funcionários já treinados. Além disso, afirmam o papel importante da tecnologia da informação para conectar e facilitar a comunicação dos atores, pois as narrativas relacionadas a vendas não se limitam a interações interpessoais, mas compreendem muitas formas de comunicação. O valor do serviço é contextual, intangível e frequentemente de natureza experimental, então, comunicar o valor aos clientes requer novas habilidades, pois neste ambiente as interações com o cliente são mais complexas e estratégicas. Dentro desta dinâmica, me atrevo a concluir que o pedido que recebemos dos clientes são a recompensa pelos serviços que prestamos a eles. Inovar em vendas é preciso. Por Jader Morari, coordenador comercial na Galvanotek Embalagens e aluno do Mestrado Profissional de Gestão e Negócios da UNISINOS – Universidade do Vale do Rio do Sinos e Université de Poitiers