Na floresta o alarido era imenso, o papagaio todo envaidecido foi incumbido de ir anunciando por todos os lugares, que no próximo dia de lua cheia haveria uma linda festa caipira, pois era noite de são João, e que todos estavam convidados, só que teriam que comparecer vestidos a caráter. O local escolhido era uma clareira no centro da floresta, lugar suficiente grande para abrigar a todos. O macaco imediatamente já providenciou a sua roupa e os seus instrumentos musicais, ele era o maestro de uma banda, todo contente corria de um lado para outro chamando os componentes da banda para o último ensaio. O leão que por ali passava viu a pata toda charmosa com seu lindo vestido de chita novo e experimentava um chapéu com um grande girassol. Foi logo dizendo: Nossa comadre, porque esse imenso girassol? Ah! Eu quero ser a mais bela caipirinha dessa festa! Você não acha? O leão olhou, balançou a cabeça e disse com seus botões essa pata é mesmo danada, e foi se arrumar, pois iria marcar a quadrilha. A raposa quando viu o corre-corre alegre da bicharada, quis saber o que havia acontecido, e ficou sabendo da festa. Botando a mão no queixo pensou, vou me regalar nessa festa, quero chegar primeiro e começar a comilança. E só de pensar já estou com água na boca. Chegou o grande dia, a alegria reinava em toda a floresta. Lá já estava a raposa toda vestida com uma calça rasgada e um grande chapéu de palha que cobria todo o rosto, quem a visse não a reconheceria. Só que não lhe avisaram em que qual clareira seria o evento. Ela pensou que só poderia ser essa das reuniões de sempre. Esperou, esperou e nada, ninguém aparecia. Foi quando prestando mais atenção, começou a ouvir ao longe música que ressoava alegre pela mata, e ficou furiosa e partiu para lá. Na clareira a alegria era geral, o gato com sua sanfona embalava um gostoso arrasta-pé, o galo com sua zabumba toda enfeitada ia marcando o compasso, o tatu com o padeiro fazia miséria, o sapo que pulava de um lado, para outro tocava o reco-reco, a cegonha toda emplumada afinava o seu bandolim, e o lobo dedilhava com muito sentimento o seu violão, e o macaco com sua batuta comandava com alegria o som melodioso que pairava no ar dando alegria ao lugar. Todos vestidos a caráter já se preparavam para dar início à quadrilha com seus pares apostos. O leão com sua voz impostada e imponente anunciava: Pessoal todos com seus pares, porque a quadrilha vai começar. Olhou para a orquestra e deu o sinal: __ Se preparem. Era uma agitação nas árvores, as aves batiam suas asas alegres e cantavam para acompanhar. No chão batido lá estavam todos os que iam dançar e os que só queriam apreciar. A cigarra toda entusiasmada gritou a todo pulmão:- -Viva Santo Antônio, e o povo delirava, São João, era uma gritaria feliz, e São Pedro, as palmas e os gritos ressoavam por todo o imenso espaço da floresta. O ratinho tomado por tanta alegria e com seu chapelão maior que ele, subiu nas costas do elefante e gritou: Pessoal, viva nóis e a festança, comecem logo, que eu quero me acabar. De repente pula no centro da clareira a raposa. Como puderam fazer isso comigo, nem me convidaram para a festa, eu que sempre fui amiga de todos vocês. Houve um silêncio total. Não se ouvia nem o respirar de ninguém, era como se tudo tivesse parado. O leão se pôs a sua frente e pigarreando, -Sabe comadre raposa, como a senhora já nos deu muitas provas de sua amizade e que muitos de nossos amigos já a conhece muito bem quais são as suas intenções. Então de comum acordo resolvemos não convidá-la para que pudéssemos ter a nossa festa com alegria e sem desconfiança de que alguma coisa ruim iria acontecer. A raposa foi saindo de cabeça baixa, arrastando o seu chapelão. O leão gritou para a cegonha: Dê o tom que a quadrilha vai começar e vamos nós, com muita alegria minha gente. A música se espalhou pela floresta e todos se divertiram até o sol raiar. Foi o maior acontecimento que se tem noticia em toda floresta Moral: Nem sempre os espertos levam vantagem. Profa. Neuza Razza Pedagoga – professora do ensino fundamental e médio.