A importância da leitura na formação docente Raquel do Nascimento Lopes / UFC Thalita Cristina Pimentel Cavalcante/ UFC Resumo: O presente trabalho pretende relatar a presença da leitura no ensino superior. Com o foco na formação de professores. Analisaremos o processo da leitura, parte crucial do letramento e exercício pleno da cidadania, exporemos a nossa formação e prática leitora dentro da instituição de ensino superior. O objetivo é o de analisar a importância da leitura na formação de professores críticos, futuros profissionais capazes de compreender e de transformar a realidade em que está inserido. O método utilizado foi à pesquisa bibliográfica, com o objetivo de buscar respostas para questionamentos relacionados à importância da formação do professor e a presença da leitura em nossa licenciatura. Como considerações finais entendemos a leitura como pilar fundamental para a formação docente e possibilitadora da prática educativa consciente e responsável. Palavras – Chave: Leitura; formação docente; ensino. INTRODUÇÃO A relevância da leitura para a vida social, política, econômica, cultural e educativa é inquestionável. Ela vai além do processo de alfabetização. É no letramento que a leitura merece toda a atenção por possibilitar a inserção e atuação do ser humano nas cinco esferas citadas acima. Com isso o presente trabalho pretende relatar a presença da leitura no ensino superior. Com o foco na formação de professores. Analisaremos o processo da leitura, parte crucial do letramento e exercício pleno da cidadania, exporemos a nossa formação e prática leitora dentro da instituição de ensino superior, com o relato de nossa experiência vivenciada nas disciplinas do curso de pedagogia da Universidade Federal do Ceará. Sobretudo, o objetivo é o de analisar a importância da leitura na formação de professores críticos, futuros profissionais capazes de compreender e de transformar a realidade em que está inserido chegando a importantes conclusões através de um processo de reflexão, ato de pensar e de analisar uma situação levando em consideração vários aspectos para uma tomada de decisão. METODOLOGIA Para o embasamento teórico tivemos momentos de leitura detalhada através de uma pesquisa bibliográfica, com o objetivo de buscar respostas para questionamentos relacionados à importância da formação do professor e a presença da leitura em nossa licenciatura. LEITURA E A FORMAÇÃO DOCENTE Para analisarmos o processo da leitura na prática docente devemos compreender, inicialmente, o que é a leitura e quais seus aspectos e suas contribuições para a construção de um educador crítico. Para Ezequiel Theodoro, “ler é, antes de tudo, compreender”. Para o autor o processo de leitura é muito mais que uma decodificação de signos e sim é uma compreensão de o que está entre as entrelinhas dos textos. Para Paulo Freire, “o ato de ler é uma compreensão do mundo e supera a idéia de leitura mecanizada e o educador exerce um papel fundamental nesse processo”. Para Solé, a leitura é um processo no qual “o leitor é um sujeito ativo que processa o texto e lhe proporciona seus conhecimentos, experiências e esquemas prévios”. Na visão do autor, na leitura colocamos as nossas histórias de vida em comparação, com o livro podemos nos questionar aspectos com significado, algo próximo da nossa realidade. Passando para outro aspecto a ser debatido nesse trabalho e, que por sinal é o tema central, exporemos a presença da leitura na formação acadêmica mais especificamente, no ensino superior. Para Paulo Freire, educar é como viver e exige a consciência do inacabado. Segundo o autor, ensinar é muito além da transmissão do conhecimento, onde o professor é o sujeito ativo e os alunos passivos, a intitulada educação bancária. Partindo desse conceito de ensino tradicionalista vemos que a formação acadêmica no ensino básico e até mesmo no ensino superior, na atualidade, essa visão não foi muito modificada, pois muitos profissionais ainda têm essa idéia de que o aluno não é capaz de construir seu conhecimento por consequência se tornar um ser critico. Temos, como futuros profissionais da educação, saber o real significado de educar, pois ser professor é muito alem do que uma profissão é uma missão que exige dedicação e acima de tudo, amor em compartilhar saberes, respeitando as vivencias e a individualidade de cada um, estabelecendo relações de autonomia para que seja construído um ser pensante desde sua formação inicial e não só no ensino superior. Para sermos profissionais reflexivos deve existir uma mudança qualitativa na formação profissional, onde a leitura tenha a devida importância e utilização, pois a mesma é um importante instrumento de formação humana e para com isso acabar com a visão tradicionalista de ensino e termos na prática uma postura construtivista que realmente entenda que a reflexão da docência é essencial para a compreensão da realidade e, por conseguinte sua transformação. Essa mudança deve começar em nós, como professores em formação, onde no momento em que entramos na sala de aula possamos demonstrar aos nossos alunos o prazer em sermos educadores. Segundo Matos (2002): A prática docente não pode ser apenas um ato mecânico e solitário. Aliada à clareza das informações, a reflexão desses conteúdos em relação à prática dentro ou fora de sala de aula traduz a produção de conhecimento. Em relação à competência leitora na formação docente temos que nos conscientizar que somos educadores e devemos ter uma consciência critica da realidade social para a partir disso despertar em nossos alunos o prazer na leitura, desenvolvendo fatores como a construção da identidade, o exercício da cidadania, mudando a visão de que só devemos ler um livro para realizar uma prova na escola ou até mesmo para passar no vestibular ou qualquer outro concurso. O que queremos dizer é que a leitura é para, além disso. Ela é para a vida! Pois diariamente fazemos diversas leituras do mundo. Em consonância a isso Cagliari diz: “A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma”. Os educadores universitários devem compreender melhor o processo da leitura e sua importância para despertar em nós educadores em formação, o prazer de ler para que possamos repassar aos nossos futuros alunos o prazer em ler um livro, uma revista, um jornal e também em ser questionador, em transformar a realidade e ainda ter a possibilidade de viajar por outras culturas, outros valores. Para que possamos ter alunos com senso critico devemos refletir sobre o porque de se falar em ser crítico apenas na Universidade? Por que não despertar a leitura com outros olhos desde as séries iniciais? Esses são questionamentos que temos que refletir e a partir dessas repostas transformaremos a realidade, nem que seja apenas uma pequena parte, mas se não começarmos por nós certamente essa situação não mudará. VIVENCIA LEITORA NA LICENCIATURA EM PEDAGOGIA O curso de pedagogia exige muita leitura para a apropriação do conhecimento inerente a essa ciência. São estudados vários teóricos com suas teorias, muitas vezes advindos de outras ciências como a sociologia, antropologia, psicologia, filosofia etc. Então se vê como a leitura é instrumento essencial para excelente formação. Garcia (1999:26) conceitua formação como: “… área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização Escolar estuda os processos através dos quais professores em formação ou em exercício se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem”. Atenção quando o autor diz conhecimento, competências e disposições elementos que necessitam da leitura para sua aquisição, compreensão e incorporação de maneira critica reflexiva por parte do professor em formação. Observa-se, portanto a importância que a formação docente tem para a constituição do futuro educador. Esta deve ser a mais critica e reflexiva possível para possibilitar a qualidade e globalidade das ações pedagógicas desse profissional em inicio de carreira. A crítica pertinente que inquieta o futuro profissional é a não observância por parte dos gestores e professores universitários à necessidade de tempo para realizar uma leitura reflexiva do que se está lendo para a correta apropriação do conhecimento e cumprimento das atividades acadêmicas exigidas no decorrer do curso que compõem a formação. Como exemplo seminários, provas dissertativas, resenha, resumo, artigo etc. De outro modo, são várias disciplinas ao mesmo tempo muitas vezes com densa e extensa literatura a ser lida ao mesmo tempo em curto período. E paralelo a isso realizar as atividades citadas acima. Além da participação em congresso, encontros estaduais e nacionais, palestras e ainda estagiar em um turno do dia. Isso se configura como um alerta à superficialidade da formação, pois ao mesmo tempo em que se faz e participa de tudo, não há tempo ou esse é limitado para o aprofundamento teórico. Dias citando Larrosa (1996:16) diz assim: “Trata-se de pensar a leitura como algo que nos forma (ou nos de-forma ou nos transforma) como algo que nos constitui ou nos põe em questão naquilo que somos…” ou seja, a leitura pode assumir papel positivo ou negativo se fizerem ou não uso dela. A leitura deve ser prioridade dentro e fora do ambiente educativo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Entendemos a leitura como pilar fundamental para a formação docente e possibilitadora da prática educativa consciente e responsável, pois gera no educador o reflexo de seus atos para além do ensino conceitual como também proporciona aprender hoje para mediar no futuro. A inserção da nossa vivencia leitora nesse trabalho possibilitou a comparação entre teoria e prática e a reflexão a respeito da nossa própria experiência com o fantástico mundo da leitura. Percebemos que a leitura existe, mas essa é comprometida pelo excesso de informação e falta de tempo necessário para estudo aprofundado das disciplinas. Acontecendo, portanto a interiorização e assimilação em condições aligeiradas. Isso tendo a totalidade como parâmetro. É evidente que algum conhecimento é aprendido e produzido após a abordagem de determinado assunto. Por isso é importante a presença da criticidade e consciência por parte do professor e aluno, formador e formado para retomarem seus deveres sempre que preciso for em busca da qualidade da educação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia- Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Brasil: Paz e Terra, 1997. MATOS, Kelma Socorro Lopes de. Pesquisa Educacional: o prazer de conhecer. Fortaleza, Brasil: Edições Demócrito Rocha, 2002. SILVA, Ezequiel Theodoro da. O Ato de Ler: Fundamentos Psicológicos para uma Nova Pedagogia da Leitura. São Paulo: Cortez Editora, 2002. DIAS, Ana Iorio. Ensino da linguagem no currículo. Fortaleza: Brasil tropical, 2001. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & linguística. São Paulo: editora scipione, 1998. Leitura e formação docente: as formas de constituição do sujeito leitor relatadas em um memorial de leituras de alunos de um curso de letras. Disponível em : Acesso em: 04 nov. 2009.