Desde a época do homem das cavernas até os atuais dias de conhecimentos quânticos, o ser humano é convidado a modificar seu comportamento e sua forma de ver suas relações com o mundo em que vive e com as pessoas com quem convive. Antes, sua preocupação maior era a tarefa de caçar e manter-se vivo. Hoje, talvez seu maior trabalho seja não morrer de preocupação. Mudar é tão crucial na existência humana, quão entretecido é seu processo, exigindo que os mais corajosos trilhem em dimensões conhecidas, mas pouco exploradas. Dentre elas, algumas empreendem mais afinco: Desapego – Porque nós – seres cheios de pensamentos rebuscados, associações sofisticadas e sentimentos procrastinados, insistimos em querer mudar ou que as pessoas mudem de uma hora para outra? Renunciarmos a apresentações de resultados rápidos, abnegarmo-nos da pressa das aparências e simplesmente, nos desapegar são decisões fundamentais para que uma mudança nos transforme de fato. Além de ser o que pensamos, somos quem nos apegamos a ser. Disposição – É preciso querer fortemente a mudança e suas consequências. Querê-las acima do nosso orgulho, dos traiçoeiros hábitos da comodidade e do conformismo pressupõe ânimo inabalável em nos superarmos. Somente avançamos a partir do alto da nossa disposição, aonde nossas vontades produzem resultado e convencem nossas limitantes resignações, porque nossos caprichos e resistência em continuar sendo do jeito que somos poderão apenas nos conduzir ao lugar em que sempre estivemos. Disciplina – Mesmo dispostos, podemos encontrar vários tipos de auto sabotagens, sendo uma das mais ardilosas a falta de disciplina. Segundo Stephen R. Covey, em seu livro O 8º Hábito, a disciplina 'Aceita os fatos inflexíveis, brutais, das coisas como elas são'. O esforço contínuo e focado evita outras distrações danosas no caminho, que podem nos fazer perder o rumo e o autocontrole – as críticas preconceituosas e as autocríticas obsessivas. Direção – Então, é pertinente escolher um lugar seguro pra ir e voltar, que nos leve diretamente ao melhor que há em nós. Da mesma forma, o que nos mobiliza deve ser exclusivamente nosso. Saber por quem, pelo que e porque mudar assemelha-se a ter coragem, pois mesmo sentindo medo prosseguiremos em busca de algo maior. Diálogo – Contar com quem não apenas nos interpreta, compreende nosso esforço em superar o que somos e nos aceita assim, facilita nosso progresso. Tão importante quanto, é o diálogo interno, pois estas duas práticas aliadas nos levarão mais eficazmente aos reais motivos da necessidade de mudar. Dor – Dessas conversas surgirá a descoberta de algo muitas vezes camuflado, justamente pelas características que precisam ser mudadas – a dor, a qual expia-nos de tal forma que nos induz a ser quem queremos mudar. A dor nos aprisiona em comportamentos, desde defensivos a falsamente generosos, e além de nos arranjar as piores consequências, dedica-nos os melhores ensinamentos. Deus – Se vencidos pelo antônimo dessas dimensões, ou se muito melhor, conseguirmos nos vencer, nas duas hipóteses, Deus nos fará lermos, mesmo que em linhas tortas, como conseguimos ou deixamos de conseguir o que quisermos pela intensidade da nossa fé. Muitos dos nossos medos, dores e dilemas são fruto da falta de sentido e de autoridade interna. Enfim, mudarmos contínua e significativamente exige muito mais do que aprender a atuar no teatro social com interações habilidosas, gestos, expressões e performances ditas empáticas. Mudança de verdade, em especial a comportamental, é um trabalho árduo com o qual poucos querem se comprometer, porque requer movimentos internos pouco reconhecidos e independentes de aceitação e tempo alheios, permitidos apenas em gente aguerrida, competente, firme em seus propósitos e humilde em admitir seus desacertos.