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Ser um líder não é para qualquer pessoa. Estar à frente de uma equipe e inspirar cada integrante a ser melhor todos os dias, além de trazer essa lógica de pensamento para si, é uma missão extremamente desafiadora, pois trata-se de uma função que necessita de identidade e propósito &#8211; deixando para trás o estigma de ser apenas um mero cargo de chefia. Até por isso, não é à toa que muitos colaboradores ainda não se sentem capacitados e preparados para liderar um time.&nbsp;
Obviamente, há alguns passos que podem ajudar esses colaboradores a se mover nesta direção. Talvez o mais básico deles seja a almejada inteligência emocional. Como Daniel Goleman descreve no livro A Inteligência Emocional na Formação de Líderes de Sucesso, tanto o QI (Quociente Intelectual) como o QE (Quociente Emocional) são importantes requisitos para qualquer líder. Ainda de acordo com o autor norte-americano, 20% do sucesso de um gestor está ancorado no primeiro pilar, enquanto 80% estão no segundo quesito. O dado evidencia que se essa categoria dependesse exclusivamente de competências técnicas, talvez, o caminho para chegar até lá fosse um pouco menos complicado.&nbsp;
Portanto, mais do que ter conhecimento sobre as atividades da marca, um líder precisa saber como lidar com as suas próprias emoções e a dos outros colaboradores. Por esse motivo, compreender quem está do seu lado é fundamental. O indivíduo que almeja a liderança não anda sozinho, ele deve buscar uma conexão com os membros da sua equipe, com o objetivo de aumentar a confiança de todos e inspirá-los a explorar o máximo do seu potencial. Ele entende quais são as maiores dores e dificuldades do time e olha com atenção para elas, procurando soluções constantemente. Com isso, o espaço para revelar os pontos fortes de cada colaborador se abre e a produtividade acontece organicamente.&nbsp;
Nesse sentido, há determinadas ações que auxiliam a aproximação do líder com os integrantes do time. A primeira delas é o diálogo, uma vez que a comunicação é o cerne de qualquer ação, tanto para a elaboração de estratégias eficientes quanto para a promoção de um bem-estar coletivo. A transparência que surge no processo dá mais clareza à dinâmica do dia a dia da empresa, permitindo que quem está no cargo alto saiba o momento e a forma de realizar diferentes abordagens como, por exemplo, cobrar resultados, fazer críticas e elogios e explicar as movimentações da companhia.
Outra forma de aproximar a equipe é tomar a frente das situações como um exemplo profissional. É importante mostrar que a posição de liderança não serve para realizar cobranças cegas, mas para ser um ponto de referência em situações boas e ruins dentro da rotina corporativa. Dessa maneira, há algumas atividades diárias que são verdadeiros diferenciais para um líder, mesmo que pareçam banais em uma primeira impressão; gerenciar o tempo de tarefas, delegar funções com sabedoria, definir prioridades e controlar horários são pequenas soluções cotidianas que acabam sendo de grande valia para futuras resoluções de problemas complexos.
Peguemos como exemplo um cenário de crise com um cliente. É um contexto que envolve tensão e não estar em um ambiente saudável pode ser o ponto final para o descontrole da situação. Por outro lado, quando o líder e o time estão unidos e há uma agenda bem-pensada para os dias “normais”, a chance de remanejar obrigações e produzir alternativas rapidamente é maior. Junto disso, a presença de uma figura que transmite tranquilidade e conhecimento para um quadro de instabilidade incentiva e motiva uma ideia de superação e sucesso.
Se pararmos para refletir, líderes que possuem essa característica têm um ponto em comum, mesmo que pertençam a segmentos diferentes, ou até sejam indivíduos com personalidades totalmente diversas: o propósito. Ter uma meta significa criar coragem para ir atrás desse objetivo e tomar o primeiro risco por qualquer movimento. Portanto, estabelecer como pilar essa lógica de negócios é o que diferencia líderes de gestores. Não é um caminho fácil, mas definitivamente marca uma posição muito clara do profissional que está preparado para ser o rosto principal de uma empresa &#8211; e não apenas no sentido da formalidade de um contrato.

Os conceitos fundamentais para se tornar um líder

Alejandra Nadruz, CHRO da Movidesk, sintetiza alguns conceitos para quem deseja fazer a transição para um cargo de liderança

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Aumento da produtividade, menor tempo de entrega das versões e releases das aplicações, utilização de tecnologia de ponta, curva de aprendizado alta e maior retenção de talentos. As plataformas low-code vieram para ficar e ditar novo ritmo na transformação digital do meio corporativo.

Permitindo que aplicativos e soluções digitais sejam criados mesmo diante de pouco, ou nenhum, conhecimento de linguagem de programação, esse tipo de tecnologia vem democratizando o processo construtivo da área ao possibilitar que pessoas de fora da área de tecnologia possam contribuir na construção dos produtos digitais.

Diante dessas novas possibilidades, as organizações, sejam de pequeno, médio ou grande porte, estão cada vez mais se voltando para as plataformas low-code com o objetivo de atender às demandas crescentes pela criação de aplicativos e contribuir para a construção de fluxos de trabalho automatizados e altamente personalizados. O resultado dessa recente realidade leva a uma entrega de valor muito mais rápida, assertiva às necessidades e de custo reduzido para as companhias.

Até por isso, não é de se espantar que as projeções para o mercado mundial de tecnologias low-code estejam em proporções altíssimas. Segundo um estudo desenvolvido pela consultoria Gartner, a expectativa é de que esse mercado movimente cerca de US$ 26,9 bilhões em 2023 (R$ 140 bilhões), um aumento de 19,6% em relação ao ano passado. Mais do que isso, a instituição afirma ainda que até 2024, cerca de 65% das aplicações no mundo serão desenvolvidos a partir de plataformas low-code.

Novos atores no cenário

Não existe mais questionamentos de que atualmente estamos vivendo a era digital. Todas as empresas, soluções ou produtos estão passando, ou já passaram, pelo desenvolvimento tecnológico na busca pela simplificação de processos e otimização de custos. Porém, diferentemente do que muitos imaginam, o desenvolvimento dessa nova era precisa envolver muito mais do que apenas os profissionais de TI.

Outro número interessante divulgado pela Gartner estima que ao menos 50% dos colaboradores envolvidos nos projetos de desenvolvimento digital serão pessoas de fora do universo de TI até 2025. Conhecidos como ‘Citizen Developer’ (em inglês, algo como desenvolvedor cidadão) - termo trata de pessoas que não estão inseridas no setor de tecnologia, mas mesmo assim são responsáveis pela construção de softwares -, esses profissionais conseguem se aproveitar da simplicidade das plataformas low-code para elaborar ferramentas assertivas diante dos problemas cotidianos das empresas.

Obviamente as aplicações ‘core’ ainda irão exigir performance e segurança mais complexas e robustas, até por atingir públicos maiores e necessitar de uma capacidade técnica maior, que só os desenvolvedores conseguem resolver. Porém, não há como deixar de lado o papel importante que vem sendo desempenhado pelos ‘Citizen Developers’, que irão ajudar a preencher uma demanda gigantesca prevista para os próximos anos. O desafio do mercado é apenas ficar atento se essa abertura para o desenvolvimento digital não pode gerar o efeito contrário ao desejado, acarretando em novos problemas à área. Até por isso a vigilância é fundamental.

A verdade é que não há como ignorar os méritos que as plataformas low-code vem trazendo para o cenário de transformação digital das corporações. Contar com desenvolvedores de TI e também profissionais de outras áreas que possam atuar neste tipo de ferramenta é essencial para que as empresas alcancem de forma mais rápida o nível de competência tecnológica exigido pelo ecossistema que estamos construindo.

Plataformas low-code: você sabe por que elas têm ganhado espaço no cenário de transformação digital?

Nossos problemas como sociedade são sistêmicos e complexos, o que significa que precisamos encontrar soluções por meio de novos modelos de colaboração entre todas as partes envolvidas e/ou impactadas.Em 2015, a consultora Holonomics transformou um acrônimo usado em marketing estratégico 4Ps (significando Preço, Produto, Praça e Promoção) para uso como balizadores a considerar em iniciativas transformadoras: Plataformas, Propósito, Pessoas, e Planeta.Os novos 4Ps podem ser considerados uma síntese estrutural da nossa base para a tomada de decisão, fornecendo não só a direção para o progresso dos modelos de negócios, mas também ajudando os líderes a desenvolverem organizações mais ágeis, com foco na experiência de seus colaboradores e clientes.A razão por trás da atualização do conceito passa muito pelo estágio atual de evolução da tecnologia, alargando o espectro de oportunidades, como também a possibilidade de corrigirmos as mazelas de nossos sistemas econômicos, que geram pobreza, desigualdade e a degradação dos ecossistemas naturais. A seguir, confira o que cada um dos novos Ps significa:&nbsp;PlataformasEm um contexto em que mais pessoas estão se conectando à internet, seja em casa ou no trabalho, a nova economia digital acabou gerando um novo formato de startup, caracterizada por suas novas arquiteturas de plataforma. Estas, impactaram radicalmente setores inteiros, transformaram os comportamentos de consumo das pessoas e das empresas, além de ter gerado formas totalmente novas para as empresas criarem valor. O resultado desse movimento pode ser sentido na maneira com que esse modelo de negócios se tornou dominante no mercado. Não à toa, sete das dez companhias mais valiosas do mundo se utilizam do formato de plataforma.PropósitoA estrutura dos novos 4Ps sugere uma abordagem realmente disruptiva para o atendimento e design da experiência do cliente e do funcionário de uma companhia. Essa perspectiva ajuda os líderes a incorporar integralmente o propósito da empresa com as suas estratégias e experiência do usuário. Esse processo precisa ser feito de forma autêntica, implementando valores humanos em toda a organização, além de desenvolver relacionamentos de longo prazo não apenas com os clientes, mas também com os ecossistemas humanos e ambientais nos quais operam.&nbsp;PessoasO avanço tecnológico possibilitou o desenvolvimento de outras áreas da sociedade, como a ciência e a saúde. Hoje, alguns teóricos já relatam que estamos vivendo a chamada quarta revolução industrial, na qual os mundos físico, digital e biológico estão se fundindo de uma maneira que representa tanto a possibilidade de alcançar o ápice do potencial humano quanto, ao mesmo tempo, o perigo de uma cisão e desigualdade ainda maiores. Por isso, chegou o momento de se apoiar numa visão em que a economia e a ecologia estejam em harmonia e que represente uma melhoria na forma como trabalhamos e vivemos.PlanetaOs estilos de vida e sistemas econômicos atuais, que oferecem pouca resiliência em face a pandemias globais e outros problemas, não estão mais adequados à humanidade nem ao nosso planeta. Até porque, o meio ambiente não se comporta de maneira previsível e linear. Isso sugere que, em relação ao modo como vivemos, precisamos agir com cuidado e cautela, pois não somos capazes de prever o resultado de todas as ações. Empresas e investidores, no entanto, muitas vezes correm para novos mercados e países que possuem ricos recursos naturais para explorar, sem pensar nas implicações mais amplas. Precisamos, portanto, mudar a mentalidade coletiva e a cultura corporativa para uma “administração ativa” dos ecossistemas do planeta.Avançar do entendimento destes conceitos para ações estratégicas, táticas e operacionais a serem praticadas por todos e todos os dias é um grande desafio cultural para as organizações e seus líderes. Na prática, as empresas precisam se questionar, da mesma forma que fez Andy Last, CEO da Salt Communications, quando propôs uma reflexão fundamental: “Por que existimos e o que as pessoas perderiam se não existíssemos mais?”

A importância de uma nova mentalidade mais integrada para as soluções tecnológicas atuais

Se existe um setor que dita a maneira como vivemos, podemos dizer que este é o da tecnologia. Responsável pelas principais mudanças e transformações pelas quais a sociedade passou nestes últimos anos, é nela também que precisaremos nos escorar para construir um futuro cada vez mais sustentável e qualificado. Mesmo diante dessa importância, alguns termos dentro desse universo ainda geram dúvidas e confusão sobre seus verdadeiros conceitos. Exemplo disso é a ideia de que a hard tech e deep tech têm o mesmo significado. Será mesmo? Apesar de alicerçadas em tecnologia, essas definições possuem diferenças entre si.

Primeiramente vale explicar que o conceito hard tech representa um conjunto de tecnologias baseadas em inovações científicas difíceis de reproduzir. Dessa forma, ele pode ser aplicado a diversas indústrias, desde de novos materiais para manufatura, como para maquinário voltado para medicina de precisão, biotecnologia e até mesmo para veículos autônomos.

Já a definição de deep tech é baseada na utilização da tecnologia direcionada à garantir um grande impacto positivo em questões crônicas de nossa sociedade, como segmentos econômicos, sociais ou ambientais, através de engenharias inovadoras que podem utilizar hard tech e/ou outras tecnologias amplamente disponíveis.

Com isso em mente, é possível perceber que hard tech e deep tech não são conceitos exatamente opostos, mas uma espécie de sequência evolucionária. Para deixar isso ainda mais evidenciado, ilustro uma amostra prática de uma transformação na área agrícola. Quando usamos veículos autônomos, como drones, para mapeamentos por imagem, ou sensores para uso inteligente da água, estamos falando de tecnologia hard tech na sua pura essência. Porém, quando conectamos essa ferramenta a uma plataforma de indicadores ambientais públicos e confiáveis de uma região, estamos falando de uma tecnologia deep tech.

Impacto profundo na sociedade

Diante desse exemplo, fica claro que a deep tech pode ser uma espécie de passo evolutivo, já que não se trata apenas do avanço tecnológico em si, mas principalmente do direcionamento dado a esses novos recursos. Obviamente que o aprimoramento da ciência, da engenharia e da computação além dos limites conhecidos são fundamentais, até para que possamos garantir novas e mais poderosas ferramentas, no entanto, mais importante do que isso é a sua utilização a favor de impacto profundo na sociedade. E é aqui onde o deep tech entra.

Até porque essa vai, e precisa ser, uma tendência global para os próximos anos. Acontecimentos recentes mostram um amplo esgotamento do modelo de tecnologia por si só, ou somente voltada para o resultado econômico, e que o imperativo atual do planeta já está voltado ao avanço em questões socioambientais urgentes, associadas principalmente ao clima, desigualdade social, educação, saúde, democracia.&nbsp;

A consequência disso é que, enquanto por muito tempo enxergávamos as empresas restritas apenas a uma visão produtiva e fabril, agora as entendemos como atores decisivos para o futuro sustentável do planeta. As corporações que entenderem a oportunidade de usar a tecnologia não apenas para eficiência operacional ou experiência do cliente, mas de fato amplificar seu impacto positivo na vida das pessoas, serão capazes de criar uma conexão muito mais profunda com seus clientes, transformando-os em embaixadores e influenciadores da marca em seus ecossistemas de negócio. Isso vai habilitar uma geração de valor no longo prazo, o que é decisivo para a competição de mercado.&nbsp;

Vale ainda trazer uma breve análise dessa realidade para o Brasil, onde já existe um ecossistema em formação na área de saúde, além de diversas iniciativas na área de fomento à inovação, e capital de investimento em pesquisa e desenvolvimento. Por conta desse contexto, hoje contamos com um potencial imenso em energia limpa, produção sustentável, agronegócio, saúde, educação, varejo e serviços financeiros. A tendência é que isso se solidifique ainda mais nos próximos anos.

Em um período marcado pelos maiores desafios da vida em nosso planeta, como mudanças climáticas, conflitos globais, tensões sociais, a tecnologia não pode mais estar alheia a esse cenário. É o momento das organizações entenderem o seu papel na evolução da sociedade e assumirem a responsabilidade de priorizar o conceito da deep tech visando promover impacto positivo nas suas indústrias e na vida humana como um todo.

Desafios das tecnologias: quais são as diferenças entre hard tech e deep tech

O futuro não precisa ser entregue ao digital. Ele precisa ser relacional. A máquina nos mostrou o que éramos; agora, cabe a nós decidir o que seremos



Vivemos fascinados por uma ficção distópica: a de que, em um futuro próximo, a inteligência artificial se voltará contra a humanidade em um levante bélico, usando drones para bombardeio aéreo e robôs de limpeza para contaminar ambientes, por exemplo. Filmes e livros nos preparam para a batalha contra o hardware que ganha consciência. Contudo, a verdade é mais sutil e perturbadora: essa rebelião já começou, e fomos nós que a iniciamos.



Ela não se manifestou com armas, mas com algoritmos. Não com destruição, mas com a incessante busca por eficiência. Não com ódio, mas com a pressa que nos impede de sentir e refletir. A máquina não se revoltou; ela apenas nos espelha, com perfeição assustadora, os vícios que lhe treinamos.



Para compreender essa revolução interna, eu me debrucei em uma obra que me parece fundamental revisitar para compreender o diagnóstico do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han.



Na sua obra mais influente, A Sociedade do Cansaço, Han descreve a transição da Sociedade Disciplinar (o modelo de controle baseado na proibição, típico do século XX, com suas fábricas e hospitais e lares onde o jovem só podia namorar sob supervisão) para a Sociedade do Desempenho (o modelo atual, baseado na auto-otimização e na positividade).



A grande mudança é que o maior opressor não está mais fora, mas sim dentro de cada indivíduo. O homem moderno é o "sujeito do desempenho", alguém que acredita ser livre, mas vive escravo da própria produtividade.





O açoite da cobraço foi internalizado. Não precisamos de um capataz, pois nos tornamos nossos próprios algozes, impulsionados pela crença neoliberal de que "tudo é possível" e que o fracasso é uma falha de esforço individual. Essa pressão incessante por performance, por mais resultados, mais entrega e mais eficiência, culmina em uma exaustão crônica que Han identifica como a causa da explosão de doenças psíquicas como burnout, depressão e ansiedade.



No mundo digital, essa lógica se ampliou e se sofisticou através da Psicopolítica. O poder não se manifesta mais pela repressão, mas pela sedução e pela transparência.



A inteligência artificial e os algoritmos de engajamento são o ápice dessa psicopolítica. Eles não nos destronam; eles nos estudam, classificam e julgam com base em métricas. Dashboards, KPIs e likes tornaram-se os novos templos da devoção moderna.



A máquina, portanto, não é o inimigo que se levanta, mas sim o reflexo amplificado dos nossos vícios: a pressa em reagir a notificações, a vaidade de parecer produtivo, a necessidade de validação constante.



Enquanto celebramos a automação, nós mesmos nos automatizamos. Reagimos a estímulos, vivemos entre telas que nos monitoram e, no processo, perdemos a soberania sobre nosso próprio psiquismo. As máquinas não querem o poder; elas querem apenas continuar refletindo o que ensinamos a elas, e, nesse reflexo, nos mostram o que deixamos de ser.



Se o sistema de desempenho reside na mente, a resistência não pode ser política no sentido clássico. A verdadeira rebeldia, segundo Han em O Aroma do Tempo, é a pausa.



Resistir é não produzir. É reaprender o ócio e o tédio criador, que foram banidos pela ditadura da produtividade. Somente o tédio profundo abre o espaço para a criação e a reflexão, para a vita contemplativa (vida contemplativa) que a aceleração digital destruiu.



No entanto, o diagnóstico de Han, embora claro, precisa de um antídoto que seja vivido. É aqui que, humildemente, coloco a minha opinião: precisamos ir além da crítica filosófica para a prática existencial.



O remédio contra o cansaço existencial e a tirania algorítmica não está em uma nova tecnologia, mas no retorno aos vínculos humanos e ao espaço interior.



A meditação ou a oração (independente da fé) são atos de reinicialização espiritual. Elas representam o shutdown da mente, uma pausa no código que devolve ao ser humano aquilo que o sistema removeu: a presença.



“A meditação é a pausa no código; a oração, o reconhecimento de que não somos o programador.”



São práticas que nos lembram que não somos máquinas de desempenho, como diz o professor português António Damásio: Não somos máquinas de pensar, pelo contrário, somos máquinas de sentir que pensam.



O lar é o nosso data center emocional. É onde se faz o backup daquilo que a rotina corrompe. Família e amigos são os pilares da alma, a infraestrutura relacional que sustenta o equilíbrio que a tecnologia nunca fornecerá.



A verdadeira nuvem não é a que armazena dados (fundamental para nosso futuro tecnológico), mas a que abriga pessoas. Cultivar o afeto, a conversa sem pressa e o convívio presencial é um ato radical de resistência contra a digitalização total da vida.



Podemos reverter a lógica da aceleração por pequenas revoluções diárias:



O que nos salvará não será apenas a automação, mas a atenção. A inteligência artificial pode imitar o pensamento e a produtividade, mas jamais compreenderá o significado do afeto, do silêncio e da presença.



Entre o dado e a pausa, entre o código e a oração, existe uma zona que nenhuma máquina habita: o humano, essa interface misteriosa entre o finito e o eterno, que só se revela quando desaceleramos.



O futuro não precisa ser entregue ao digital. Ele precisa ser relacional. A máquina nos mostrou o que éramos; agora, cabe a nós decidir o que seremos.

A rebelião silenciosa: como a máquina apenas reflete a nossa própria tirania

Se uma criança usa lápis e cartolina para expressar “eu te amo”, “eu gosto”, “eu penso em você”, então oferecer robótica é dar a ela uma nova cartolina do século XXI



Quando falamos em habilidades fundamentais para a vida: ler, escrever, contar. Estamos falando de linguagens: maneiras de expressar, compreender e interagir com o mundo. Hoje, com o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas, aparece uma nova linguagem que acompanha esse mundo: a robótica.&nbsp;



E essa não é uma linguagem reservada a engenheiros. É um modo de expressar ideias, sentimentos, imaginação. Tal como a criança usa o lápis para desenhar, a robótica permite que a criança “desenhe em movimento”, “programe o seu pensamento”.



<h2 class="wp-block-heading">Do desenho na cartolina à máquina que pensa</h2>



Imaginemos a cena: uma turminha de jardim de infância recebe uma cartolina para desenhar um presente para o Dia das Mães ou um cartão de Natal. Cada traço, cada cor, é a tentativa da criança de dizer “eu te amo”, “gosto de você”, “você é importante”. É a linguagem dela (ainda que simples) de expressão.



Agora, alguns anos depois, essa mesma criança poderia montar um robô que se move, reage, acende luzes, interage e com isso expressar “eu penso que posso”, “eu posso construir”, “eu posso criar”.



A essência é a mesma: comunicar-sentir-criar. Só que a robótica amplia o campo: ideias se transformam em ação concreta.





<h2 class="wp-block-heading">Por que a robótica importa desde cedo</h2>



Pesquisas recentes mostram que a robótica educacional não apenas desperta interesse em tecnologia, mas traz benefícios cognitivos concretos:



&nbsp;- Um estudo com crianças de 6 a 8 anos verificou que atividades de robótica melhoraram memória visuoespacial, raciocínio lógico e abstrato.



&nbsp;- Outra revisão encontrou forte evidência de que robótica em educação primária desenvolve computational thinking (pensamento computacional), habilidades de observação, manipulação, geração de hipóteses e trabalho em equipe.



&nbsp;- Além disso, pesquisas apontam que crianças com necessidades especiais, como TDAH ou autismo, têm mostrado ganhos em participação, foco e comunicação com o uso da robótica.&nbsp;



Esses achados reforçam que robótica não é “apenas um módulo extra”. É uma ferramenta de expressão, de cognição, de socialização.



<h2 class="wp-block-heading">Linguagem, pensamento e expressão</h2>



Para nós, que acreditamos que aprender ler e escrever não significa necessariamente se tornar escritor, e que aprender matemática não exige que se torne físico, a robótica deve ser vista sob o mesmo prisma:



&nbsp;- A criança não precisa aprender robótica para se tornar engenheira.



&nbsp;- Ela precisa aprender robótica para poder expressar, aprender, perguntar e construir. Para ter acesso a uma linguagem nova que permite: idealizar e realizar. Quando a escola oferece robótica, ela está oferecendo aos alunos mais do que máquinas: está oferecendo acesso a um sistema de pensamento, de construção, de expressão.



<h2 class="wp-block-heading">Quanto mais cedo, melhor</h2>



O momento ideal para introduzir essa linguagem é precisamente quanto mais cedo possível. Não porque os robôs “mais cedo” serão superavançados, mas porque a plasticidade mental da infância permite absorver a linguagem de forma natural, integrando-a ao repertório de expressão habitual da criança.



Em termos simbólicos: se a criança desenha um sentimento aos 4-5 anos, aos 8-9 anos poderia construir um robô que reage ao toque para expressar uma ideia de “ajuda” ou “amor”. Quanto antes ela tiver a linguagem à disposição, mais espontânea será sua utilização.



<h2 class="wp-block-heading">Trace conexões com a cartolina e com o pensamento</h2>



Voltando à cartolina: desenhar é uma linguagem que permite colocar o invisível (um sentimento) no visível (o papel). A robótica faz algo semelhante: permite colocar no “mundo dos objetos” aquilo que antes estava no “mundo da mente”.



&nbsp;- A criança imagina: quero que ele ande, que ele acenda, que ele ajude.



&nbsp;- A criança monta: sensores, motores, lógica.



&nbsp;- A criança programa: sequências, condições e vê aquilo mover-se, acender-se, virar expressão.



<h2 class="wp-block-heading">O papel da escola e dos educadores</h2>



Para que essa linguagem funcione, a escola tem papel central não apenas em disponibilizar kits de robótica, mas em tratar a robótica como linguagem curricular, como extensão das linguagens tradicionais, e não como “atividade extra”. Algumas práticas se destacam:



<h2 class="wp-block-heading">Impactos esperados</h2>



Para que essa linguagem funcione, a escola tem papel central não apenas em disponibilizar kits de robótica, mas em tratar a robótica como linguagem curricular, como extensão das linguagens tradicionais, e não como “atividade extra”. Algumas práticas se destacam:



&nbsp;- Projetos integrados: robótica ligada a desenhar, a narrar, a expressar um sentimento, e não apenas “montar o robô e programar”.



&nbsp;- Espaços de expressão: permitir que a criança use o robô para contar histórias, para projetar ideias, para simular situações de “eu quero ajudar”, “eu quero criar”, “eu quero explicar”.



&nbsp;- Erro como oportunidade: assim como no desenho a criança rasga, rabisca e reaplica tinta, na robótica ela desmonta, refaz e testa de novo. Isso promove resiliência, pensamento iterativo e coragem para se expressar.



&nbsp;- Linguagem compartilhada: permitir que a criança explique o que fez, por que fez, o que imaginou, e com isso transformar tecnologia em narrativa.



<h2 class="wp-block-heading">Impactos esperados</h2>



&nbsp;Quando adotamos essa visão, os impactos se estendem:



- Aumento da confiança da criança para lidar com sistemas complexos: pesquisa indica que programas de robótica aumentam a confiança de jovens crianças nas suas habilidades de programação e design.



&nbsp;- Ampliação de escolhas futuras: permitir que a criança veja tecnologia, construção e expressão como parte de seu repertório. Mesmo que ela não escolha engenharia, ela terá essa linguagem como meio de expressão.



&nbsp;- Redução da divisão técnica/social: robótica quando bem aplicada pode nivelar oportunidades, favorecer crianças de diferentes perfis e favorecer a diversidade de pensamento.



&nbsp;- Fortalecimento de competências atuais: criatividade, colaboração, pensamento crítico, comunicação. Competências que aparecem nas próprias pesquisas de uso da robótica.



<h2 class="wp-block-heading">Conclusão</h2>



Em resumo: se uma criança usa lápis e cartolina para expressar “eu te amo”, “eu gosto”, “eu penso em você”, então oferecer robótica é dar a ela uma nova cartolina do século XXI. Na escola, ao invés de encarar a robótica como “o módulo que ensina tecnologia”, podemos vê-la como “a linguagem que permite à criança criar, expressar, pensar e, mais importante, realizar”.



E, quanto mais cedo essa linguagem for disponibilizada, com suporte, com sentido, com expressão. Mais natural será para nossos alunos utilizá-las, não só para “serem engenheiros”, mas para “serem autores do que imaginam”.



Porque, no fim, isso é educação: não formar especialistas, mas formar pessoas que sabem pensar, expressar, criar e se adaptar.



<h2 class="wp-block-heading">Referências externas e leitura complementar</h2>



Efeitos cognitivos da robótica em crianças de 6 a 8 anos Estudo mostra melhora em memória visuoespacial, raciocínio lógico e habilidades de abstração com atividades de robótica.



<a href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37113265" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37113265</a>



👉 Robótica e pensamento computacional na educação primária Revisão que aponta ganhos em observação, manipulação, hipótese, lógica e trabalho em equipe.



<a href="https://www.mdpi.com/2227-9709/6/4/43?" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://www.mdpi.com/2227-9709/6/4/43?</a>



👉 Robótica como ferramenta de inclusão Pesquisa destaca melhorias em foco, engajamento e comunicação em crianças com TDAH e autismo.



<a href="https://www.mdpi.com/2227-9709/6/4/43?" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://www.mdpi.com/2227-9709/6/4/43?</a>



👉 Robótica e autoconfiança em crianças Mostra como atividades com robôs aumentam a confiança das crianças em programação e design.



<a href="https://www.mdpi.com/1424-8220/23/23/9335?" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://www.mdpi.com/1424-8220/23/23/9335?</a>



👉 Competências do século XXI e robótica educacional Artigo que relaciona robótica com criatividade, colaboração, pensamento crítico e comunicação.



<a href="https://tist.school/blog/top-reasons-why-kids-should-learn-robotics?" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://tist.school/blog/top-reasons-why-kids-should-learn-robotics?</a>



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Robótica como a nova linguagem da infância

A tecnologia pode automatizar quase tudo, menos a persistência humana



No universo da Tecnologia da Informação (TI), a imagem frequentemente projetada é a de dashboards impecáveis, sistemas funcionando com fluidez e inovações que transformam negócios. No entanto, por trás dessa fachada polida, existe um ecossistema complexo de desafios, tentativas e a resiliência incansável de profissionais que operam nos bastidores. Este artigo mergulha no lado menos visível da TI, explorando a realidade enfrentada por engenheiros de dados, DBAs e analistas de BI, e como a persistência humana e o propósito se tornam os verdadeiros motores da transformação digital.



Há uma parte do trabalho em tecnologia que quase ninguém vê. Ela não aparece nos dashboards prontos, nem nas apresentações com gráficos coloridos. Fica escondida entre logs intermináveis, erros de sintaxe e aquele silêncio que só quem já passou uma madrugada com o servidor caído entende. Essa realidade é corroborada por dados recentes que apontam para uma crise no setor, onde a sobrecarga e a insatisfação profissional são crescentes.



Uma pesquisa global encomendada pela Gi Group Holding e Politecnico di Milano revelou que quase 45% das empresas relatam dificuldade na contratação de profissionais de TI, enquanto 50% dos trabalhadores afirmam que os salários são insatisfatórios e as jornadas de trabalho, exaustivas. No Brasil, a situação é ainda mais crítica, com um déficit anual de 106 mil profissionais de TI, projetando um total de 530 mil em cinco anos (2021-2025).



Por trás de cada projeto bem-sucedido, existe uma sequência de tentativas, ajustes e pequenas vitórias que não cabem nos relatórios. É nesse bastidor que reside o verdadeiro valor do profissional de tecnologia, o humano por trás do técnico, lidando com a pressão e a complexidade que raramente são visíveis ao usuário final.



Em um dia comum, o profissional de TI pode estar ajustando o RMAN de um ambiente Oracle, configurando o gateway ODBC de um Power BI Service, ou tentando entender por que o banco de dados insiste em não iniciar com o comando mais simples. A jornada é repleta de obstáculos técnicos que exigem não apenas conhecimento, mas uma dose considerável de paciência e persistência.





Problemas de gerenciamento de dados e desempenho de bancos de dados são desafios constantes. Estatísticas indicam que 64% das organizações citam a qualidade dos dados como o principal desafio de integridade de dados, e 77% classificam a qualidade de seus dados como média ou pior. Organizações com baixa qualidade de dados enfrentam uma taxa de falha de projeto 60% maior, com custos anuais que podem variar de US$ 9,7 a 15 milhões devido a ineficiências operacionais e decisões falhas.



Erros específicos de banco de dados: Como o ORA-03113 em Oracle, ou falhas na inicialização em SGBDs que demandam um profundo conhecimento e depuração. Erros de conexão: Mensagens como connection refused indicam falhas de rede ou credenciais, exigindo investigação minuciosa.



Não é raro pensar: “Dessa vez, não vai.” Mas vai. Vai porque a lógica, a curiosidade e a persistência são mais fortes do que o erro. Cada falha é só mais uma oportunidade de entender o que está por trás do sistema, e também do próprio limite humano. A tecnologia é feita de precisão, mas o trabalho com ela é profundamente emocional: exige paciência, resiliência e um tipo de fé racional — aquela certeza de que, se você seguir o passo a passo, o resultado virá.



O cliente enxerga o dashboard bonito, o dado limpo, o botão funcionando. Mas não vê o que foi necessário até ali: os testes, os restores, as reinstalações, as configurações de disco ASM, as incompatibilidades entre versões e, muitas vezes, o improviso necessário para que tudo funcione no prazo. E está tudo bem. Não precisam ver. O que importa é saber que, por trás de cada entrega, existe alguém que não desistiu quando tudo parecia quebrado. E esse alguém, na maior parte das vezes, é um profissional que aprendeu a equilibrar técnica e emoção — sem perder o propósito no meio do caos.



Os profissionais de TI priorizam a remuneração (49%) e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (31,2%), mas enfrentam altos níveis de estresse (21%) devido à atenção constante a detalhes técnicos, rápida evolução tecnológica e instabilidade organizacional. A disparidade entre o volume de trabalho e a disponibilidade de profissionais resulta em sobrecarga e prazos apertados, levando a um desequilíbrio significativo.



Nos últimos anos, percebi que falar sobre bastidores é uma forma de resgatar o sentido do trabalho. Quando compartilhamos nossos erros, aprendizados e desafios, deixamos de ser apenas “o cara do BI”, “o DBA”, “o analista” — e passamos a ser pessoas que inspiram outras a não desistirem. Mostrar o que acontece fora do glamour das entregas é um convite à empatia: para os colegas que passam pelos mesmos desafios, para os líderes que às vezes esquecem o peso de um deadline, e para quem está começando e acha que só os “bons” conseguem acertar de primeira. Humanizar é admitir que, por trás do código, há cansaço, curiosidade e amor pelo que se faz.



A inteligência artificial (IA) surge como uma aliada nesse cenário, automatizando tarefas repetitivas e liberando tempo para atividades estratégicas, como análise de dados e segurança cibernética. Ferramentas de IA podem auxiliar na escrita de código, testes automatizados e gestão de infraestrutura, aumentando a eficiência e permitindo que os profissionais de TI se concentrem em inovações e melhorias de processos.



Hoje, depois de longas jornadas com bancos de dados, scripts e dashboards, entendi que a parte mais nobre do trabalho não é a entrega — é o processo. A forma como você lida com o erro define o tipo de profissional (e de pessoa) que você é. A cada tentativa, a cada “não deu certo”, você se torna mais preciso, mais calmo, mais maduro. E talvez essa seja a verdadeira transformação digital: não aquela que muda sistemas, mas a que muda pessoas.



A tecnologia pode automatizar quase tudo, menos a persistência humana. Por isso, toda vez que vejo um projeto pronto, lembro das horas de silêncio, das linhas de código, das frustrações e dos pequenos insights que o construíram. E penso: os dados contam a história do negócio. Mas quem dá sentido a essa história somos nós.

Os conceitos fundamentais para se tornar um líder

Renato Caliman

Além da Ideia: como o networking pode transformar sua empresa, com Reginaldo Pereira | Café com ADM 467

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