Nossos antepassados perceberam que realizar determinadas atividades em grupo era mais vantajoso, vez que permitia melhor desempenho na realização de atividades que levariam mais tempo se realizadas individualmente , em especial atividades de subsistência tais como a pesca, a caça e a coleta de frutas. Sob o mesmo ponto de vista temos que atualmente no contexto organizacional que a realização de atividades complexas em equipe é de suma importância, vez que vários indivíduos são convidados a contribuir com seus conhecimentos ou habilidades no atingimento de determinado objetivo comum. Neste sentido, Luecke conceitua equipe como um pequeno numero de pessoas com habilidades complementares que são comprometidas com uma meta comum pela qual se consideram mutuamente responsáveis . Com efeito, já faz algum tempo que o trabalho em equipe é uma força motriz perseguida no ambiente corporativo. Inexiste no ambiente corporativo dúvidas quanto aos benefícios da produtividade em grupo quando existe o casamento de químicas de todos os componentes envolvidos. A força resultante de um bom trabalho em grupo é inegável. Quando bem articulada, uma equipe obtém inovação, aprendizado, entrosamento e ampliação do comprometimento coletivo, possibilitando o alcance de melhores resultados em prol de uma meta essencial onde ideias podem ser compartilhadas e desenvolvidas, com a colaboração e cooperação de todos os envolvidos. Conseguir esta força por meio da conjugação de talentos diversos é uma habilidade requisitada e esperada pelas organizações, entretanto, não podemos deixar de considerar efetivamente que esta coesão pode possuir limites e quando isso ocorre, devemos ter perspicácia e preparo para identificar estes limites e agir corretivamente já que a ação preventiva não foi suficiente ou foi inexistente. Neste sentido, é muito comum observarmos que determinadas equipes, havendo a participação de mentes brilhantes e com talento de sobra, não atingem um bom grau de coesão ou são ineficazes na demonstração de uma performance positiva se traduzindo em resultados positivos pífios em contraponto aos negativos. Em times desta configuração é comum o baixo índice de sinergia, egos inflamados, baixa adesão de comprometimento coletivo e senão, inter-relacionamentos restritos ou difíceis. Partindo do pressuposto alheio das possibilidades de sucesso abaixo do esperado (ou até inexistente), é preciso colocar em pratica alguns elementos já conhecidos em nossa rotina cotidiana para que seja possível estabelecer vínculos positivos para a formação de equipes de alto desempenho. Os principais elementos que devemos ter em mente são: CONFIANÇA: Confiar em seu colega de equipe é uma questão elementar tanto quanto respirar quando falamos em trabalhos em equipe. O vínculo de confiança quando abalado em uma equipe não permite que a troca de sinergia transcorra normalmente, sendo necessário dispender alto volume de energia para reparar a brecha aberta. É semelhante a um vazamento em uma barreira correndo o risco de um iminente rompimento. Quando inexiste confiança os relacionamentos são permeados de barreiras ou excesso de autoproteção (assim como em qualquer relacionamento social). COMPROMISSO: Equipes de alto desempenho que não possuam um elevado senso de compromisso alinhados ao propósito de sua existência, tendem a buscar a priorizar os interesses pessoais (ou de uma parcela do grupo) em detrimento do objetivo coletivo no qual está inserido. A ausência de estabelecimento de objetivos claros, definidos e em linha com o planejamento estratégico organizacional, tende a empurrar a condução dos resultados da equipe conforme as forças que se apresentam no jogo organizacional. RESPEITO: Trata-se de elemento essencial para a realização de qualquer atividade, seja ela coletiva ou individual. O elemento respeito deve existir em qualquer ambiente seja corporativo ou não, vez que se trata de uma questão de educação básica. O espaço corporativo em muitas vezes reflete uma atuação em um grande teatro onde os vários personagens encenam possuir por educação o respeito, quando na realidade não o possuem. Entretanto, Por isso, esta encenação não dura muito e em determinado momento da cena corporativa, os atores deixam de interpretar seu personagem e passam a atuar conforme seus próprios princípios. Deste modo, temos que se o respeito for alicerce no caráter desses profissionais a prática do respeito no ambiente organizacional será uma prática convencional, caso contrário, o clima corporativo corre risco de ser prejudicado. As balizes do Trabalho em equipe – ou alicerçando o trabalho em equipe O conhecimento empírico e a experiência me dão a sinalização de que mesmo nas equipes de alto desempenho que já possuam alicerçados a Confiança, o Compromisso e o Respeito, carecem de determinados cuidados que devem ser adotados, que costumo chamar de balizes do trabalho em equipe. Indivíduos que atuam em cooperação e em busca de resultados comuns devem respeitar os limites comumemente estabelecidos, obviamente mantendo certo nível de flexibilidade, que pode ser traduzido em manter certa uma boa dose de bom senso. Outrossim, se deve compreender que cada pessoa possui sua velocidade de aprendizado ou produção – os recursos humanos têm ritmos diferentes, do biológico ao mental, passando pelo ambiente pessoal extra organização. Tal conjugação de fatores leva os indivíduos a apresentarem resultados de modo mais ágil entre si, agregando, contudo, valores ao grupo. Contudo, devemos estar atentos se a produção de resultados abaixo da média não poderá contaminar negativamente o grupo de alta performance, devendo o gestor se ater ao objetivo esperado, considerando os recursos humanos disponíveis em sua organização, o que remete a limitações relacionadas com contratação ou impedimentos de contratação tais como concursos . Com efeito, o Estilo Pessoal em contraponto ao das Características da Equipe, não podemos deixar de considerar as particularidades e individualidades dos membros. A individualidade deve ser considerada como positiva, vez que estas diferenças propiciam uma ampliação da compreensão da realidade, incluindo os problemas e soluções. Por consequência, em uma equipe de alto desempenho, possivelmente teremos pessoas de extremos, onde alguns serão mais criativos quando comparados a outros pares, porquanto teremos pessoas mais racionais e comparação de outras mais impulsivas ou até mesmo emotivas, isso aliado àqueles que assumem riscos e os precavidos que planejam cuidadosamente cada etapa do processo, mensurando riscos elencando soluções mitigadoras destes riscos. Também teremos aqueles que possuem habilidades de comunicação e aqueles que são reservados por natureza. Outros Uma parte confiam na organização enquanto outros em informações e dados. O gestor necessita compreender que a riqueza de sua equipe se faz pela congruência das diferenças e não por semelhanças de personalidades, o que permite sintetizar a tese desta convergência: a sinergia. Ao gestor, entretanto, por melhor que as convergências sejam o objetivo principal em um projeto de alto desempenho, é necessário frisar que as divergências potencializam a inovação, desde que a articulação seja hábil para interligar os ideais divergentes para que resultem em inovações amplas. Mas para que isso seja possível, a compreensão mútua, objetivos em comum, respeito, comunicação de excelência, assertiva, honesta e cuidadosa, devem ser ardilosamente estruturados para o bem comum. Polidez e cortesia devem permear as relações organizacionais de modo a não permitir que ideias possam ser aproveitadas mesmo que se apresentem de modo incompleto ou imprecisa, mas desde que seja exposta com coragem, consideração e objetivadas à convergir no resultado macro. Consequentemente, é necessário tecer a observação de que as diferenças devem ser mantidas e convergidas para o objetivo comum, mas para que isso seja possível, é necessário que os três elementos salientados no principio deste trabalho (Confiança, Compromisso e Respeito) sejam as balizes de todos os demais elementos que orbitam no desenvolvimento das atividades das equipes de alto desempenho, caso contrário, o que teremos é a manutenção e estímulo ao que temos vislumbrado em nossa sociedade atual: o estímulo da segregação entre 'eles' e 'nós'. Estamos caminhando como sociedade para uma cisão da polis atual ao invés de uma coesão. O planejamento para as equipes de alto desempenho deve contemplar a atuação de cada componente da equipe. No bom e velho português é a aplicação do princípio da cláusula petrea: 'Cada um no seu quadrado', onde as pessoas podem e devem ter atuações distintas. Tal ação permitirá que o retrabalho ou a sobreposição de ações seja afastada. Em equipes maduras que já possuam a capacidade de se auto gerenciar, a liderança pode ser alternada periodicamente com um conjunto de responsabilidades e objetivos estabelecidos e compreendidos por todos. Logo, é possível resumir em uma regra de ouro o bom desempenho das equipes de alto desempenho: a prática contínua da confiança, compromisso e respeito, aliados à tolerância e uma vontade obstinada de todos os componentes em querer o melhor para a corporação. Somente a conjugação destes valores possibilitará às equipes extrair o máximo da diversidade de opiniões e vivências, construindo pontes para que todos colaborem com o que possuem de melhor de seus conhecimentos, habilidades e atitudes, na busca de sua própria superação a cada desafio, mesmo que diário. Cabe a nós lideres gestores identificar as necessidades de nossa corporação, encontrar os integrantes de nossas equipes e despertar nestes o interesse em utilizar esses potenciais em prol da coletividade. Me lembro neste ponto que a missão do líder/gestor é fazer a suma de um artigo de 1916 que se transformou em um poket book de sucesso e referência em Administração e Marketing, o qual pode ser sintetizado no trecho abaixo: Qual é o segredo do sucesso deste homem? Eu me perguntava. E então me lembrei da redação de um menininho sobre as montanhas da Holanda: As montanhas da Holanda.Não há montanhas na Holanda. Essa é a resposta, concluí. Não tem segredo! É apenas o óbvio! REFERÊNCIASLUECKE, Richard. Criando equipes. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010MELLO, Felipe; ANDRADE, Pedro. Como formar e manter times vencedores. Rio de Janeiro: Suma Econômica, 1999UPDEGRAFF, Robert. Adams Óbvio. Robert R. Updegraff – tradução de Eduardo Levy. São Paulo: Faro Editorial. 2015