No artigo dessa semana vou tratar de sete características emblemáticas da formação pessoal e profissional de um gestor servidor na condução de uma organização. Muitos de nós já fomos (ou ainda somos) liderados por alguém que foi escolhido e colocado naquele cargo em função de méritos e por outros atributos, como experiência, visão, enfim, atributos que contribuíram para o alcance dessa posição. 1) A honestidade e a integridade, sem as quais, a liderança é destrutiva e perniciosa (Evangelho de Lucas 16:10-12, Evangelho de Mateus 24:45-51) Tanto na passagem do Evangelho de Lucas como na de Mateus, a palavra fidelidade resume bem a relação entre honestidade e integridade. É como aquele que sempre se lembra de um velho bordão futebolístico 'Aquele que veste a camisa da empresa'. Essas palavras resumem as premissas para a boa gestão de uma organização, independentemente da posição que ocupa, mas sobretudo para aqueles que estão em uma posição de maior destaque e gerencia equipes e que tem como meta a entrega de resultados de forma mais objetiva e com a qualidade que a organização busca. 2) O planejar como parte das atividades exigidas de um líder (Evangelho de Lucas 14:28-30) A prática do planejamento é essencial para que tudo aquilo que está prevista na missão, nos valores e nos objetivos seja colocado em prática. O planejamento nada é mais que um retrato daquilo que a gestão enxerga para um tempo adiante e como será o seu papel para a sociedade (cliente externo) e para a organização (cliente interno). O evangelho de Lucas é tratado sobretudo do aspecto financeiro e lembra a famosa história da torre de Babel e do quanto devemos estar atentos ao planejamento como alicerce para que a 'obra' ao qual estamos lidando no dia a dia esteja sendo construido por meio da sua execução, permitindo uma visão de médio e longo prazo da organização e delimitando ao papel de cada ente da organização o seu papel para que o planejamento possa ser devidamente implementado. 3) A gestão implica em zelo profissional de todos os envolvidos (Livro de Provérbios 24:3 e 24:30-34) Nessa passagem do livro de Provérbios a questão do zelo é fundamental uma vez que, do contrário, a preguiça e falta de empenho gerarão falta de produtividade e consequentemente a postura do profissional não será condizente com o que a empresa busca, ao fato de não 'vestir a camisa'. O zelo significa entrar nos desejos e anseios daqueles que estão envolvidos no processo, ajustar se preciso for, das pessoas e dos processos envolvidos na organização e de que forma a engrenagem está funcionando ou não. Identificar e garantir à equipe que o gestor está sempre atento as suas necessidades, dando as condições para que 'a roda continue girando'. 4) Utilize-se de boas práticas, e da ética (Livro de Provérbios 28:10) Os problemas de um país que vive hoje uma crise endêmica de corrupção transforma hoje, num contexto global e sobretudo individual o papel da ética nas relações humanas e organizacionais, e nessa passagem do livro de Provérbios é tratada exatamente em função dos frutos daqueles que colhem as boas e más práticas; aquele que procuram as coisas retas colherão o bem enquanto o segundo, o seu inverso. 5) Um bom gestor é alguém que ganha a confiança dos liderados (Livro de Provérbios 28:12) Continuando o contexto do mesmo livro dos Provérbios, fica claro que uma boa gestão depende sobretudo de uma demonstração de que tudo deve ser feito as claras, de forma ética e profissional, onde as pessoas se tornam mais propensas a se destacarem ao elevarem o espírito de equipe e desenvolvendo de forma destacada os seus valores individuais. 6) Não tente fazer tudo sozinho e delegue tarefas (Livro do Êxodo 18:14-26) Nessa passagem pelo Antigo Testamento, fica claro que a delegação (e a consequente horizontalização) dos processos de decisão e da valorização das capacidades individuais do grupo se tornam imprescindíveis para que essas decisões sejam melhor discutidas e compartilhadas, gerando o desenvolvimento e o crescimento da organização como um todo. A centralização muitas vezes impede que o fluxo de informações e decisões sejam tomadas levando-se em conta todos os aspectos a serem analisados, limitando a poucas pessoas as informações geradas. 7) Um verdadeiro líder deve servir, e não procurar servir-se dos seus liderados (Evangelho de Marcos 10:42-45) Por isso esse item complementa o item anterior, pois o verdadeiro líder é aquele que permite aos seus liderados esse poder de participar da tomada de decisões. O servir significará um empoderamento (ou empowerment) da equipe, participando e filtrando o que de mais importante deve se levar em consideração durante a tomada de decisões, disponibilizando todos os canais de comando a compartilhar as informações necessárias para se chegar a um denominador comum. Enfim esse conceito de liderança servidora está baseado na afirmativa que liderar é servir. E assim, o líder servidor buscar compreender as reais necessidades de suas equipes, no sentido de auxiliar, apoiar, ensinar, inspirar e motivar os seus colaboradores. Abraços e boa semana, Fernando Neris