Em um mercado onde a técnica se iguala rápido, o diferencial está na qualidade das relações que sustentam o trabalho Feedback é uma das ferramentas mais citadas quando o assunto é desempenho. Empresas repetem que ele é essencial para crescimento, alinhamento e cultura. Ainda assim, em muitas equipes, o feedback continua sendo evitado, mal feito ou tratado como confronto. Isso acontece porque, por trás da técnica, existem mitos emocionais que distorcem a prática e transformam conversas úteis em fontes de medo, defensividade ou ressentimento. Equipes que enfrentam problemas recorrentes com feedback não falham no método, mas na leitura emocional do processo. A forma como líderes e colaboradores interpretam feedback influencia mais o resultado do que a estrutura da conversa. Mito 1: feedback bom é sempre claro e direto A clareza é importante, mas a crença de que 'direto' significa 'duro' cria estragos. Quando líderes confundem objetividade com frieza, aumentam resistência e anulam qualquer abertura para mudança. Um feedback pode ser preciso e, ao mesmo tempo, cuidadoso. A diferença está no tom, no contexto e na intenção. Equipes emocionalmente maduras entendem que o cérebro só aprende quando se sente seguro. A mensagem pode ser firme, mas precisa preservar dignidade. Caso contrário, vira ataque disfarçado de performance. Mito 2: feedback só serve para corrigir erros Muitas empresas usam feedback apenas quando algo deu errado. Com isso, ele vira sinônimo de bronca e passa a carregar peso emocional negativo. O efeito é previsível: quem recebe fica na defensiva, e quem dá evita a conversa para não gerar clima ruim. Feedback também serve para reforçar comportamentos positivos, ampliar repertório e dar direção. Quando ele existe apenas no erro, a equipe aprende a temer o diálogo, e não a crescer com ele. Mito 3: quem é profissional não deveria se abalar Esse mito é um dos mais destrutivos. Ele cria a ilusão de que feedback deve ser recebido sem emoção, como se as pessoas fossem máquinas. Na prática, qualquer comentário sobre desempenho toca identidade, autoestima e senso de pertencimento. Ignorar isso não torna o feedback mais eficiente. Só o torna mais perigoso. Inteligência emocional não é eliminar a emoção, mas regulá-la. Líderes que reconhecem o impacto emocional do feedback conseguem conduzir conversas mais produtivas, com menos ruído e mais aprendizado real. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção Mito 4: se a pessoa não mudou, o feedback foi inútil Mudança não é imediata. Muitas vezes, o feedback funciona como semente. Ele provoca reflexão, reposiciona percepção e abre um processo interno que só aparece depois. Quando líderes esperam transformação instantânea, caem na frustração e param de insistir. Além disso, comportamentos não mudam apenas por consciência. Eles mudam quando há contexto, suporte e repetição. O feedback é parte do caminho, não o caminho inteiro. O que esses mitos custam às empresas Quando feedback é confundido com dureza, usado só para correção, tratado como conversa sem emoção e cobrado como milagre imediato, a cultura adoece. Pessoas deixam de falar o que importa, líderes evitam conversas difíceis e o time entra em modo de autoproteção. Surgem ruídos silenciosos, retrabalho relacional e queda de confiança. Em vez de melhorar performance, o feedback vira risco emocional. E uma empresa que teme feedback teme crescimento. Feedback saudável é prática emocional Desmontar esses mitos exige maturidade coletiva. Feedback não é um evento; é hábito. Ele precisa ser frequente, contextualizado e construído com respeito. Quando o time entende que feedback é ferramenta de desenvolvimento, não de julgamento, as conversas ficam mais honestas, a colaboração cresce e o desempenho melhora naturalmente. Em um mercado onde a técnica se iguala rápido, o diferencial está na qualidade das relações que sustentam o trabalho. E poucas práticas fortalecem tanto essas relações quanto um feedback emocionalmente inteligente.