Empresas que enfrentam o tema de frente, com políticas claras e liderança comprometida, não só reduzem perdas como fortalecem a coesão e a confiança interna Os conflitos entre colegas — antes vistos como pequenos atritos — estão se tornando um dos maiores custos ocultos para as empresas americanas. A polarização social e o aumento das tensões culturais fora do escritório estão invadindo o ambiente de trabalho, e os dados mostram que a situação está piorando rapidamente. 208 milhões de atos de incivilidade por dia Um levantamento da Security Executive Council (SEC), com base no Civility Index da Society for Human Resource Management (SHRM), revela um dado alarmante: Os trabalhadores dos EUA vivenciaram 208 milhões de atos de incivilidade por dia no primeiro trimestre de 2025 — o equivalente a 144 mil por hora. Isso representa um aumento de 21,5% em relação a 2024, com um impacto financeiro estimado em US$ 2 bilhões por dia em perdas de produtividade, processos e rotatividade de pessoal. Os exemplos vão de e-mails ríspidos e piadas ofensivas a atos de desobediência e até violência física. O estudo mostra que o problema não se limita a setores de alto risco: ele está se espalhando por todos os tipos de ambiente corporativo. Como o conflito afeta a produtividade e o clima Pesquisas indicam que, após presenciar ou sofrer um ato de incivilidade, um funcionário leva em média 35 minutos para voltar a se concentrar. Isso significa horas de produtividade desperdiçadas e um ambiente emocionalmente drenante. E quando as atitudes agressivas não são punidas ou corrigidas, elas se multiplicam. A ausência de reação é interpretada como permissão — ou fraqueza —, gerando um efeito cascata de toxicidade. O resultado? Aumento da rotatividade: colaboradores em ambientes hostis têm o dobro de probabilidade de pedir demissão. Risco jurídico: disputas internas e processos por assédio já custam US$ 1,6 bilhão por ano às empresas. Perda de diversidade: mulheres, jovens e profissionais de grupos sub-representados são os que mais sofrem, o que reduz criatividade, inovação e desempenho coletivo. A origem do problema O relatório da SEC identifica um fator central para o avanço da incivilidade: 'Esses comportamentos prosperam em ambientes onde as normas e a responsabilização são fracas.' Em outras palavras, o problema cresce quando líderes não intervêm com clareza e firmeza.Supervisores que minimizam ou ignoram incidentes acabam fortalecendo a cultura de desrespeito. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção O que as empresas podem fazer Embora o estudo não apresente um manual detalhado, ele sugere ações práticas para conter o avanço da incivilidade: 1. Estabelecer regras claras Definir — e comunicar — padrões de comportamento e linguagem aceitáveis. A ausência de diretrizes abre espaço para interpretações perigosas. 2. Treinar líderes e gestores Investir em treinamentos de civilidade e resolução de conflitos ajuda gestores a identificar e intervir cedo — antes que um desentendimento se torne violência. 3. Reforçar a segurança e a transparência Implementar mecanismos de denúncia confidencial e fortalecer os controles internos contra fraudes e sabotagem. 4. Integrar a civilidade às métricas de desempenho Transformar o respeito e a colaboração em indicadores-chave de performance (KPIs). Comportamento ético deve ter peso igual ao desempenho técnico. A urgência da mudança cultural Com a polarização social ainda em ascensão, 40% dos especialistas em RH acreditam que os conflitos no trabalho vão piorar antes de melhorar. As empresas que agirem agora — promovendo respeito, diálogo e responsabilidade — não apenas evitarão custos bilionários, mas também construirão culturas mais seguras, produtivas e sustentáveis. Em síntese A incivilidade no trabalho não é apenas um problema de comportamento — é um risco de negócio.Empresas que enfrentam o tema de frente, com políticas claras e liderança comprometida, não só reduzem perdas como fortalecem a coesão e a confiança interna. Porque um ambiente civilizado não é apenas mais humano — é também mais lucrativo.