Pesquisa investigou como bactérias podem ser usadas para converter hidrocarbonetos – compostos que contêm carbono e hidrogênio presentes em asteroides – em alimentos comestíveis Um novo estudo publicado no The International Journal of Astrobiology sugere que, no futuro, astronautas em longas missões espaciais poderão se alimentar a partir de compostos encontrados em asteroides. A pesquisa investigou como bactérias podem ser usadas para converter hidrocarbonetos – compostos que contêm carbono e hidrogênio presentes em asteroides – em alimentos comestíveis. Essa inovação pode ser uma solução promissora para a nutrição de astronautas em viagens prolongadas, como missões para Marte ou além. Atualmente, astronautas utilizam alimentos desidratados, liofilizados e suplementos vitamínicos durante as missões espaciais. Alguns também cultivam folhas na Estação Espacial Internacional (ISS). Entretanto, a possibilidade de gerar alimentos diretamente de asteroides é um avanço significativo que poderia facilitar a autonomia das tripulações espaciais em viagens longas. Joshua Pearce, da Western University, em Ontário, Canadá, afirmou ao portal NewScientist que a biomassa gerada pela decomposição dos hidrocarbonetos alifáticos presentes nos asteroides, através de bactérias, produziu um “alimento quase perfeito”. Produção de alimentos a partir de asteroides e os impactos para futuras missões Os pesquisadores utilizaram o meteorito Murchison como base para calcular a quantidade de material orgânico que poderia ser convertida em alimento. Em um cenário mais eficiente, o asteroide Bennu, visitado pela NASA em 2020, poderia gerar entre 1.391.000.000 g e 6.556.000.000 g de biomassa. Essa quantidade seria suficiente para produzir entre 576.200.000 e 15.810.000.000 calorias, o que poderia sustentar entre 600 e 17 mil astronautas por um ano. O estudo aponta que essa abordagem pode representar uma nova fronteira para a sobrevivência de astronautas em ambientes hostis. Contudo, os autores enfatizam que ainda há muito trabalho a ser feito para aperfeiçoar o uso de carbono presente nos asteroides como fonte de alimento. A pesquisa abre portas para soluções inovadoras no campo da astrobiologia e exploração espacial, com potencial para transformar a logística das futuras missões interplanetárias.