A recente aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes pelo governo dos Estados Unidos gerou mobilização dentro do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes teria buscado apoio dos colegas para a assinatura de uma carta coletiva em sua defesa, mas a maioria dos ministros decidiu não aderir à iniciativa, segundo reportagem do portal Poder360, optando por uma nota formal, assinada de maneira institucional pelo Supremo. A nota oficial Leia a íntegra da nota divulgada pelo Supremo: Em razão das sanções aplicadas ao Ministro Alexandre de Moraes, um dos seus integrantes, o Supremo Tribunal Federal vem se pronunciar na forma abaixo: 1. O julgamento de crimes que implicam atentado grave à democracia brasileira é de exclusiva competência da Justiça do país, no exercício independente do seu papel constitucional.2. Encontra-se em curso, perante o Tribunal, ação penal em que o Procurador-Geral da República imputou a um conjunto de pessoas, inclusive a um ex-Presidente da República, uma série de crimes, entre eles, o de golpe de Estado.3. No âmbito da investigação, foram encontrados indícios graves da prática dos referidos crimes, inclusive de um plano que previa o assassinato de autoridades públicas.4. Todas as decisões tomadas pelo relator do processo foram confirmadas pelo Colegiado competente.5. O Supremo Tribunal Federal não se desviará do seu papel de cumprir a Constituição e as leis do país, que asseguram a todos os envolvidos o devido processo legal e um julgamento justo.6. O Tribunal manifesta solidariedade ao Ministro Alexandre de Moraes.Brasília, 30 de julho de 2025. Repercussões diplomáticas e institucionais A aplicação da Lei Magnitsky a um ministro do STF representa um fato inédito para o Brasil. A medida insere Moraes na lista de autoridades estrangeiras punidas pelos Estados Unidos por supostas violações de direitos humanos e corrupção. A situação cria um desafio jurídico e diplomático, já que a Advocacia-Geral da União avalia recorrer ao sistema judicial norte-americano para tentar reverter as sanções, em um processo que tende a ser demorado. O impacto sobre a imagem do STF A decisão da maioria de não apoiar a carta reforça uma postura de cautela diante de pressões externas. A estratégia segue uma tradição de o STF evitar envolvimento direto em disputas diplomáticas, delegando ao governo federal a condução de posicionamentos oficiais nesse campo. Apesar disso, o episódio trouxe repercussões para a imagem da Corte, ao revelar uma falta de consenso em um momento de grande visibilidade pública. Reflexos para o futuro do tribunal O caso da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes abriu espaço para questionamentos sobre a unidade e o papel do STF em situações que ultrapassam o campo jurídico nacional. As divergências entre os ministros apontam para um futuro em que o tribunal poderá enfrentar novos dilemas institucionais ao lidar com pressões internacionais, revelando que a estabilidade interna da Corte pode ser mais frágil do que aparenta.