Yann LeCun acusa administração de “caça às bruxas” na academia e alerta para riscos à liderança dos EUA na IA O cientista-chefe de inteligência artificial da Meta, Yann LeCun, intensificou suas críticas ao governo Trump, acusando a administração de minar a posição dos EUA na pesquisa de IA ao perseguir acadêmicos e cortar financiamento para pesquisas. Em uma publicação no LinkedIn na última segunda-feira, LeCun comparou as ações do governo a uma “caça às bruxas” da era da Guerra Fria, alertando que tais políticas podem levar os principais cientistas do setor a deixarem o país. “A administração Trump iniciou uma caça às bruxas na academia, cancelando o green card de algumas pessoas e expulsando outras com base em suas opiniões (tanto para a liberdade de expressão!),” escreveu LeCun. Comparação com a Guerra Fria LeCun, um prêmio Nobel da área de IA e um dos pioneiros do deep learning, comparou a situação atual com a caça aos comunistas nos anos 1950, mencionando o caso do cientista Qian Xuesen. Na época, Qian foi expulso dos EUA sob suspeita de ligações com o comunismo e acabou liderando o programa nuclear da China. “Os EUA parecem determinados a destruir seu sistema de financiamento público para pesquisas. Muitos cientistas baseados no país já estão buscando um ‘Plano B’,” alertou LeCun em uma publicação anterior. Preocupação com o enfraquecimento da liderança dos EUA em IA As críticas de LeCun surgem no momento em que líderes do setor de IA alertam que as políticas de Trump podem prejudicar a posição dos EUA na inteligência artificial. Na última segunda-feira, um grupo de coalizão formado por empresas de tecnologia e IA enviou uma carta ao Secretário de Comércio, Howard Lutnick, alertando que os cortes no orçamento do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) poderiam comprometer a liderança dos EUA no setor de IA. Embora Trump tenha apoiado pesquisas de IA no NIST durante seu primeiro mandato, sua administração agora estaria reduzindo o financiamento e as colaborações público-privadas. O grupo de especialistas afirmou que essa decisão pode ter impactos negativos duradouros na indústria. “Alertamos que reduzir o NIST ou eliminar esses programas terá grandes consequências para a capacidade da indústria de IA dos EUA de continuar liderando globalmente,” dizia a carta da coalizão. Críticas a Elon Musk e pressões políticas na tecnologia Além das críticas ao governo Trump, LeCun também atacou Elon Musk, acusando o bilionário de se alinhar ao autoritarismo e espalhar teorias da conspiração. O comentário reflete um crescente embate dentro do setor de tecnologia, onde empresas precisam navegar entre pressões políticas e o avanço tecnológico. “A indústria de tecnologia, como um todo, não é alinhada ao autoritarismo, mas precisa sobreviver em um ambiente onde o governo exige total submissão sob a ameaça de assédio até a destruição,” afirmou LeCun. Meta se aproxima de Trump, enquanto LeCun se distancia As declarações de LeCun contrastam com os recentes movimentos da Meta, que indicam um estreitamento das relações entre a empresa e Trump. Nos últimos sete meses, Mark Zuckerberg: Elogiou Trump, chamando-o de 'badass' após uma tentativa de assassinato. Se encontrou com Trump em Mar-a-Lago. Doou US$ 1 milhão ao comitê inaugural de Trump através da Meta. Reduziu os esforços de verificação de fatos na plataforma, um pedido antigo de republicanos aliados a Trump. LeCun não comentou diretamente a postura política da Meta, mas suas críticas ao governo Trump parecem estar em desacordo com a recente aproximação de Zuckerberg com o ex-presidente. O futuro da pesquisa de IA nos EUA As declarações de LeCun refletem uma preocupação crescente de que decisões políticas podem afastar os principais talentos de IA dos EUA, enfraquecendo a competitividade global do país no setor. Com a inteligência artificial se tornando cada vez mais crucial para a economia e a segurança nacional, as escolhas regulatórias e os investimentos em pesquisa podem definir se os EUA manterão sua liderança na área — ou se abrirão espaço para rivais internacionais.