Como definir a política salarial correta para sua empresa? Esta pesquisa aponta os caminhos

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Levantamento revela diferenças regionais relevantes e mostra por que modelos padronizados já não funcionam
Definir uma política salarial equilibrada se tornou um dos maiores desafios da gestão de pessoas no Brasil. Em um cenário de desemprego em baixa histórica e competição crescente por talentos, empresas precisam ir além de tabelas genéricas para atrair, reter e engajar profissionais. A Pesquisa Radar Salarial Regional, desenvolvida pela consultoria SG Comp Partners, ajuda a esclarecer esse cenário ao mostrar como as diferenças de remuneração entre regiões do país são mais profundas do que muitas organizações imaginam.
Com base em dados coletados ao longo do primeiro semestre de 2025, o estudo revela que, embora o mercado de trabalho brasileiro tenha ultrapassado a marca de 102 milhões de pessoas ocupadas, as condições salariais estão longe de ser homogêneas. As disparidades refletem fatores como custo de vida, concentração econômica e escassez de talentos qualificados, exigindo uma abordagem mais estratégica por parte das empresas.
O Brasil não tem um único mercado salarial
Para tornar a comparação mais precisa, a pesquisa utilizou como referência o cargo de Analista Financeiro Pleno, função com alto grau de padronização no mercado. A Região Metropolitana de São Paulo aparece como benchmark salarial do país, enquanto outras regiões apresentam percentuais significativamente inferiores.
O levantamento mostra que o Sul e o Nordeste operam, em média, abaixo da referência paulista, e que mesmo dentro do Sudeste há diferenças importantes entre capitais, interior e grandes polos econômicos. Esses dados reforçam a ideia de que não existe um “salário nacional” uniforme, mas sim um mosaico de realidades regionais que impactam diretamente a competitividade das empresas.
A importância de estratégias regionais de remuneração
Ao ampliar a análise com seu banco histórico, que reúne informações de cerca de 150 empresas, a SG Comp Partners identificou movimentos de aproximação salarial em alguns polos regionais. Regiões como Grande Campinas já se equiparam aos níveis da Grande São Paulo, enquanto capitais como Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre seguem em patamares intermediários. Em contrapartida, áreas menos industrializadas ainda apresentam defasagens expressivas.
Segundo Paulo Saliby, fundador e CEO da SG Comp Partners, esses resultados mostram que políticas salariais padronizadas tendem a gerar distorções internas. Empresas com atuação nacional precisam calibrar seus modelos para manter equidade interna sem perder atratividade em mercados mais caros ou competitivos. Já Thamiris Morais, sócia da consultoria, destaca que o chamado “degrau salarial” entre regiões influencia diretamente as estratégias de atração e retenção de talentos.
Quando remuneração vira vantagem competitiva
A principal conclusão do estudo é clara: políticas salariais eficazes precisam considerar as particularidades regionais. Reconhecer desigualdades estruturais não significa aceitá-las passivamente, mas usá-las de forma estratégica, seja por meio de benefícios diferenciados, incentivos locais ou modelos de flexibilidade alinhados à realidade de cada mercado.
Em um ambiente de trabalho cada vez mais distribuído e competitivo, definir a política salarial correta deixou de ser apenas uma decisão financeira – trata-se de uma escolha estratégica que impacta cultura, desempenho e sustentabilidade do negócio. A Pesquisa Radar Salarial Regional mostra que o caminho passa por dados, contexto e decisões mais inteligentes sobre como e onde investir em pessoas.









