Não se mede comprometimento pelo número de horas na frente da tela, mas pelo impacto real que cada pessoa gera Durante muito tempo, mostrar-se constantemente disponível era quase um pré-requisito para quem queria crescer na carreira. Horas extras eram vistas como prova de comprometimento, e frases como 'durmo quando morrer' sintetizavam a cultura de exaustão. O resultado, para muitos, foi o burnout. Hoje, o cenário começa a mudar: líderes e equipes passam a valorizar mais os resultados entregues do que o tempo de conexão ao trabalho. Essa mudança não é apenas cultural — ela impacta diretamente a forma como as organizações atraem talentos, medem produtividade e constroem ambientes mais saudáveis. Produtividade não é estar ocupado A metáfora das 'pedras, seixos e areia' ilustra bem a mudança de mentalidade. As pedras representam tarefas de alto impacto, que geram valor e motivam. A areia, por outro lado, é o acúmulo de tarefas de baixo valor: reuniões desnecessárias, burocracia e atualizações irrelevantes. Líderes têm o papel de proteger o tempo das pedras, priorizando atividades estratégicas e eliminando o excesso de areia. Isso significa revisar processos, encorajar o uso de tecnologia para reduzir o retrabalho e reconhecer que sair mais cedo não é sinônimo de improdutividade — assim como ficar até mais tarde não garante eficiência. Medir resultados impulsiona eficiência Ambientes orientados a horas tendem a criar desperdícios: tarefas se estendem para preencher o tempo disponível. Já a pressão positiva de prazos e metas claras estimula criatividade e agilidade. No setor jurídico, por exemplo, o modelo de cobrança por hora frequentemente penaliza quem é mais rápido. Ao mudar o foco para o valor entregue, abre-se espaço para inovação, uso mais inteligente da tecnologia e melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Como resume Georgia Dawson, sócia-sênior do escritório Freshfields Bruckhaus Deringer: 'Focar em entregas e valor apoia a eficiência, a tecnologia e também a saúde mental, bem-estar e diversidade.' Gen Z quer flexibilidade — e resultado Pesquisas da Deloitte indicam que a Geração Z valoriza a autonomia para decidir onde, quando e como trabalhar, mas nem sempre encontra essa liberdade no dia a dia. O excesso de horas continua sendo um fator de estresse, aumentando a ansiedade sobre o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Ao adotar uma cultura orientada a resultados, empresas permitem que jovens talentos estruturem seu trabalho de acordo com seus próprios ritmos, desde que as entregas sejam cumpridas. Essa abordagem não só melhora o engajamento e o desempenho, mas também atrai profissionais criativos e proficientes em tecnologia, capazes de encontrar caminhos mais rápidos e inteligentes para atingir objetivos. O próximo passo para líderes Transitar do 'sempre ligado' para o foco em resultados exige clareza nas metas, confiança nas equipes e coragem para abandonar métricas obsoletas. Mais do que um gesto de cuidado com o bem-estar, é uma estratégia de negócios: equipes motivadas e com tempo para se concentrar no que importa produzem mais e melhor. A mensagem é clara: não se mede comprometimento pelo número de horas na frente da tela, mas pelo impacto real que cada pessoa gera.