Sarah Wynn-Williams denuncia cultura de poder e segredo dentro da empresa A ex-executiva da Meta, Sarah Wynn-Williams, teve sua capacidade de promover seu livro proibida por um tribunal arbitral a pedido da empresa. O livro Careless People: A Cautionary Tale of Power, Greed, and Lost Idealism, lançado na terça-feira, apresenta um retrato crítico da cultura corporativa da Meta, onde Wynn-Williams trabalhou no setor de políticas públicas entre 2011 e 2018. A decisão judicial representa a mais recente ofensiva da Meta contra a autora, que também apresentou uma denúncia de irregularidade à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) alegando que a empresa teria enganado investidores sobre seus negócios na China. O conteúdo do livro e as acusações contra a Meta No livro, Wynn-Williams descreve um ambiente empresarial dominado pelo sigilo, deferência e poder absoluto de Mark Zuckerberg, onde funcionários supostamente deixavam o CEO vencer em jogos de tabuleiro e altos executivos buscavam agradar o governo chinês. Além disso, ela afirma que Joel Kaplan, principal executivo de políticas públicas da Meta, assediou sexualmente a autora. A Meta nega as acusações, alegando que uma investigação interna de 2017 concluiu que as denúncias eram “enganosas” e “infundadas”. Outro ponto polêmico do livro é a revelação de que a Meta teria se esforçado para conquistar o mercado chinês, apesar das restrições do governo local. Segundo a autora, a empresa teria tentado atender às exigências do Partido Comunista Chinês na esperança de lançar o Facebook no país. A Meta rebateu as acusações em um comunicado: “Isso tudo vem de uma ex-funcionária dispensada há oito anos por baixo desempenho. Não operamos nossos serviços na China hoje. Tentamos fazer isso como parte do esforço de conectar o mundo, mas desistimos dessa ideia em 2019.” De acordo com o relatório anual de 2024 da empresa, a Meta gerou US$ 18,35 bilhões em receita da China, principalmente por meio de anunciantes chineses visando públicos globais. Meta busca silenciar a autora e sua editora Desde o lançamento de Careless People, a Meta tem adotado uma postura agressiva para desacreditar e impedir a divulgação da obra. Além da ação judicial contra Wynn-Williams, a empresa obteve uma decisão arbitral de emergência que impede a autora de dar entrevistas sobre o livro. Em resposta, a Flatiron Books, editora da autora, afirmou que a ordem “não afeta a Macmillan” e criticou os esforços da Meta para censurar a publicação. “Estamos horrorizados com as táticas da Meta para silenciar nossa autora usando uma cláusula de não difamação em um acordo de rescisão”, disse Marlena Bittner, diretora de publicidade da editora. A editora reafirmou a credibilidade do livro e garantiu que continuará promovendo a obra. As reações e a repercussão do caso A publicação do livro rapidamente se tornou um fenômeno midiático, impulsionada pela própria tentativa da Meta de censurá-lo. Careless People já figurava entre os dez livros mais vendidos da Amazon nos EUA logo após o lançamento. No entanto, diversos funcionários e ex-funcionários da Meta vieram a público para contestar as alegações de Wynn-Williams, classificando-as como “exageradas” ou “falsas”. A Meta também divulgou um comunicado reforçando sua posição: “Este livro é uma mistura de alegações antigas já divulgadas e acusações falsas contra nossos executivos. Sarah Wynn-Williams foi demitida por desempenho insatisfatório e comportamento tóxico, e sua acusação de assédio foi investigada e considerada infundada. Ela está sendo financiada por ativistas anti-Facebook, e essa é apenas mais uma extensão desse trabalho.” O impacto para a Meta e o debate sobre liberdade de expressão A batalha legal entre Wynn-Williams e a Meta reacendeu debates sobre o compromisso da empresa com a liberdade de expressão. Enquanto a Meta se apresenta como defensora da livre circulação de informações, sua ação contra a ex-executiva sugere um esforço para controlar a narrativa e proteger sua reputação. Diante disso, críticos apontam que a tentativa da Meta de barrar a divulgação do livro pode ter o efeito contrário, gerando ainda mais interesse público e impulsionando as vendas. Independentemente do desfecho judicial, Careless People já se consolidou como um dos relatos mais impactantes sobre os bastidores do império de Mark Zuckerberg, trazendo à tona questões que podem influenciar o futuro da empresa e do setor de tecnologia como um todo.