Quem nunca foi às compras e se deparou com um vendedor insistente ou, até mesmo, desagradável? Talvez alguns profissionais não saibam, mas uma frase mal colocada pode afetar diretamente a negociação. Sejam nas vendas corporativas ou no varejo, práticas como a 'Empurroterapia', perguntas como 'Não vai levar nada para sua namorada, sua avó, sua tia?' ou apelos do tipo 'Dá uma força, por favor, preciso bater minha meta' podem fazer com que o consumidor se afaste sem comprar nada não apenas naquele dia, mas por um longo período. Muito pouco preparados e mal instruídos, os vendedores, geralmente, preocupam-se apenas em concretizar logo a negociação e se esquecem de focar no que é mais importante: o que o cliente, de fato, necessita ou se interessa. Quase sempre pressionados por metas, eles costumam pôr em prática o que eu chamo de 'Empurroterapia', ou a mania de pressionar o cliente a adquirir, a qualquer custo, o produto ou serviço. Estimulados a fazer pressão, os profissionais também costumam errar – e muito – no momento de perguntarem algo aos consumidores. Em determinadas situações, um bom questionamento pode gerar compras que não estavam previstas. No entanto, o contrário também se faz verdadeiro: a indagação errada pode provocar a troca imediata de loja ou de empresa, no caso dos negócios corporativos. Alguns exemplos disso, principalmente do varejo: 'E para ela, não vai levar nada?', 'É só isso mesmo?', 'Leva mais coisa, consigo oferecer um desconto maior ou parcelar em mais vezes'. Esta última colocação nos leva a outro ponto fundamental na condução de um negócio. O oferecimento demasiado de descontos ou parcelamentos também pode não agradar quem está à procura de algo. Antes de pagar menos, o consumidor pretende ter o produto ou serviço adquirido por razões mais importantes naquele momento, como, por exemplo, o conforto da família para quem procura um carro – talvez, a pessoa aceite até pagar mais caro por um veículo maior, mas o vendedor mantém o foco apenas em oferecer boas condições para a compra do modelo solicitado num primeiro momento. Vale ressaltar que a prática desses erros não é, exatamente, culpa de quem vende. Quase sempre, esses profissionais não recebem treinamento algum, são contratatos em um dia e no outro já vão para a 'linha de frente', sendo cobrados por chefes e clientes. Para que este cenário seja mudado, são necessários treinamento e o conhecimento de técnicas, com a capacitação partindo dos líderes da equipe que, por sinal, muitas vezes também cometem os mesmos erros. Ou seja, um bom time de vendas só será concretizado quando os que o coordenam passarem por cursos especializados e se tornarem capazes de espalhar as 'boas práticas' aos demais. Marcelo Ortega – Vendedor, treinador, consultor e palestrante internacional. Autor de diversos livros, entre eles, o best-seller 'Sucesso em Vendas', lançado pela editora Saraiva, em 2006.