A maioria dos profissionais reconhece que os métodos coercivos e autoritários do passado não funcionam no mercado moderno e globalizado. No entanto, as pressões atuais na busca por diferenciais, mudanças constantes e melhores resultados, dificultam a mudança de estilo de liderança. O que se observa, em depoimentos de estudantes de MBA e outros cursos de pós-graduação em escolas internacionais de negócios, é que a relação entre colegas de trabalho e entre funcionários e suas chefias nem sempre são tranqüilas. Além disso, alguns fatos que ocorrem na empresa são ocultados da área de recursos humanos por parte dos funcionários, por temerem retaliações e, com isso, perder o emprego. Num mundo em que se observa competição não apenas local, mas regional e globalizada, este tipo de receio é natural. Mudanças econômicas, demográficas e do mercado exigem que gestores não apenas negociem com suas equipes, mas também ajudem suas equipes a negociar entre si. E, em muitos casos, o gestor precisa mediar os conflitos que surgem no ambiente do trabalho. A maioria dos gestores, no entanto, não possui treinamento nas técnicas de mediação essenciais para isto. Com essas habilidades reveladas ou fortalecidas, previne-se custos que, geralmente, não são considerados ou até ignorados ou negados, com a agravação do conflito. As atuais tendências para estruturas horizontais, trabalhos em equipes, ênfase em qualidade e responsabilidades múltiplas intensificam a interdependência interna das organizações. Daniel Dana (2006), um dos pioneiros no campo da resolução de conflitos no ambiente de trabalho, é Ph.D. em Psicologia, Professor em Universidades de New England, palestrante na Austrália, Nova Zelândia, Holanda, Suécia, Inglaterra, Turquia e outros paises, estima que acima de 65% dos problemas com desempenho são causados por conflitos no relacionamento entre os funcionários em diversos níveis. Ele destaca oito fatores de custos com conflitos no ambiente de trabalho, sendo: Ø Fator 1) Tempo Desperdiçado Ø Fator 2) Qualidade de Decisão Reduzida Ø Fator 3) Perda de Funcionários Qualificados Ø Fator 4) Reestruturação Ø Fator 5) Sabotagem, Roubos, Vandalismos Ø Fator 6) Queda da Motivação Ø Fator 7) Ausências Ø Fator 8) Custos com Saúde Segundo Dana (2006), os fatores relacionados acima, são as principais causas do aumento de custos financeiros nas empresas, devido a conflitos mal gerenciados. Nem todos os custos são originados por todos os tipos e níveis de conflitos, mas todos os conflitos geram custos em algum desses fatores. Avaliação: Conflito X Custo Avalie um conflito e pergunte a si mesmo, considerando os fatores acima, 'o conflito que estou analisando sofre o efeito de…?' Se responder sim, calcule em reais, usando as fórmulas sugeridas por Daniel Dana, abaixo: Fator 1) Tempo Desperdiçado Conflitos distraem os funcionários, desviando o foco do que é importante. As pesquisas revelam que 30% do tempo dos gestores é investido lidando com algum tipo de conflito. 42% do tempo é usado tentando acordos em conflitos internos à empresa. Se multiplicarmos o salário anual, mais os encargos por essa porcentagem de tempo, a soma será significativa. Fator 2) Qualidade de Decisão Pergunte-se quais as oportunidades foram prejudicadas por decisões pobres afetadas por conflitos onde as reações competitivas falaram mais alto que o pensamento estratégico. Estime o custo dessas oportunidades e a perda proporcional. Fator 3) Perda de Funcionários Qualificados Verifica-se também por meio de várias pesquisas que as demissões apresentam em 90% os conflitos como causa, não considerando os 'downsizings' e 'reestruturações'. A Raytheon Corporation determinou que a substituição de um engenheiro custa 150% da remuneração anual. Essa porcentagem considerou a perda de produtividade, honorários ou outros custos de recrutamento e seleção, retreinamento, etc. Fator 4) Reestruturações Geralmente, pensa-se em mudanças de estrutura para reduzir a quantidade de interações conflituosas. Infelizmente, o fluxo reestrutura tem se mostrado menos eficaz que os formatos originais onde os funcionários teriam produzido muito mais trabalhando juntos. No Fator 2), e neste também é difícil se chegar a um numero preciso de custo, mas sendo conservador, considere 10% dos salários de funcionários, cuja interdependência foi reestruturada, mais o tempo da reestruturação. Fator 5) Sabotagem / Roubos / Vandalismos Vários estudos demonstram (A Survey of Managerial Interests with Respect to Conflict by Kenneth W. Thomas and W.H. Schmidt, Academy of Management Journal, June 1976); Managers as Negotiators, by Carol Watson and Richard Hoffman, Leadership Quarterly, 7(1), 1996), uma correlação direta entre a prevalência de conflitos e a quantidade de danos que ocorrem quando os funcionários estão frustrados e desgastados. Muitos custos neste fator são ocultos pela visão dos gestores, colocados como erros incidentais ou eventuais. Fator 6) Queda de Motivação De tempos em tempos a motivação é vitima de estresse nos relacionamentos com pessoas difíceis, principalmente sob assedio moral por suas chefias. Considere uma produtividade eficaz se o conflito não ocorre e estime um declínio percentual e multiplique pela remuneração das pessoas afetadas. Isso sem considerar queda de qualidade e conseqüente perda de clientes e prejuízo na imagem corporativa. Fator 7) Ausências ou Rotatividade Ausências em grande parte vêm sendo correlacionadas com a raiva e o ambiente tóxico. A ciência medica tem provado que infecções virais até o câncer, e acidentes no ambiente de trabalho, são parcialmente PSICOGÊNICOS. Ou seja, em parte, são causados por condições emocionais ou psicológicas. Muitas situações são filtradas pela visão dos gestores, exceto quando se trata das ausências deles mesmos. Fator 8) Custos com Saúde Como foi mencionado no Fator 7), doenças e injúrias que requerem atenção médica são, parcialmente, psicogênicas, e conflitos contribuem para a sua psicogênese. Estime o custo de seguros médicos, ausências, impacto das ausências nos colegas, na produtividade, na motivação, etc. Faça o exercício acima considerando apenas um conflito, depois tente multiplicar pela quantidade de conflitos que você pode enxergar e mensurar. Assim, ganhará uma visão de como os conflitos podem ser um processo dispendioso para a sua organização. Se você faz parte de uma empresa que possui visão sistêmica em seus processos, preocupa-se com o desenvolvimento de habilidades interpessoais nos membros de suas equipes e, em paralelo, com o estímulo à busca de conhecimentos técnicos, de mercado e aperfeiçoamento dos processos internos. Entre as habilidades pessoais e interpessoais estão as técnicas de comunicação, e assim, desenvolvem-se técnicas de Mediação Gerencial, que são habilidades com as quais os gestores ajudarão suas equipes a resolverem conflitos entre as pessoas que as compõem. Tenha sempre em mente que, em qualquer contexto, é melhor prevenir do que remediar. O custo da prevenção prova-se menor que a resolução num nível grave de conflito. Prevenindo a escalada do conflito com habilidades sociais e de intervenção num processo conflituoso, as oportunidades de redução de custos aumentarão, bem como o aumento de foco no que é estratégico e importante para a sua organização! *Denise Manfredi é Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo. Especialista em Qualidade de Atendimento ao Cliente pela ESPM – Mediadora Corporativa pela PUC–SP e Universidade de Berkeley – USA. Professora em programas de MBA e Lato-Sensu, possui 16 anos de experiência em gestão empresarial em organizações multinacionais. Treinada em Gestão de Projetos e Empresarial na Europa e no Canadá. Palestrante em eventos nacionais e internacionais. Consultora Organizacional e Desenvolvedora de líderes em várias empresas de médio e grande porte no Brasil e na América Latina. Autora de artigos no tema Gerenciamento de Conflitos. Atualmente, atua como consultora de carreira da BSP Career. Sobre a BSP Career Associada à BSP – Business School São Paulo, a empresa é especializada em gestão e transição de carreira (outplacement), coaching, desenvolvimento de lideranças e desenvolvimento organizacional. Seus serviços incluem consultoria individual e empresarial, integrando todos os aspectos necessários para um bom desenvolvimento profissional. Por meio de consultores especializados, que são professores da BSP-Business School São Paulo e possuem ampla experiência de mercado, a empresa preza a qualidade, a ética, a confiança e o bom relacionamento em todas suas atividades. Mais informações no site: www.bspcareer.com.br