Equidade de gênero em cargos de liderança ainda levará 25 anos para ser alcançada, afirma relatório da Grant Thornton A presença feminina em cargos de liderança nas empresas de médio porte ao redor do mundo segue avançando, mas ainda em um ritmo lento. De acordo com o relatório Women In Business 2025, produzido pela consultoria Grant Thornton, serão necessários 25 anos para que as mulheres ocupem 50% das posições de liderança nesse setor, caso a evolução continue no mesmo ritmo atual. Os números evidenciam o desafio: Apenas 34% dos cargos de liderança no mundo são ocupados por mulheres, um crescimento tímido de 0,5% em relação ao ano anterior. A América do Sul lidera globalmente, com 37,2% das posições de gestão ocupadas por mulheres, um aumento de 1,4%. A Ásia-Pacífico registra a menor participação feminina, com 32,9%. A pressão por mais diversidade também tem crescido. O estudo revela que 77,6% das empresas já foram cobradas por investidores e clientes para comprovar ações voltadas à equidade de gênero. Brasil tem leve recuo na participação feminina Apesar da posição de destaque da América do Sul, o Brasil apresentou uma queda de 0,4% na participação de mulheres na liderança, atingindo 36,7%. Segundo Élica Martins, sócia de Auditoria da Grant Thornton Brasil, a mudança no modelo de trabalho após a pandemia pode ter impactado essa retração. “Durante a pandemia, a adoção do trabalho remoto possibilitou uma maior presença feminina na gestão. No entanto, o retorno ao modelo híbrido trouxe desafios adicionais, afetando o avanço da equidade de gênero, pois as empresas não estavam preparadas para criar um ambiente seguro e acolhedor neste retorno”, analisa. Pressão externa acelera mudanças nas empresas A cobrança por ações concretas de diversidade e inclusão tem partido principalmente de investidores e clientes: 35,2% das exigências por equidade de gênero vêm de investidores. 31,1% das cobranças partem de clientes, pressionando empresas a adotar práticas mais inclusivas. “As empresas de médio porte estão percebendo que, para negociar com grandes corporações — que já possuem metas claras de diversidade —, é essencial ter estratégias bem definidas para equidade de gênero”, afirma Élica. “Oferecer programas voluntários, mentoria e flexibilidade no trabalho são ações possíveis.” Próximos passos para acelerar a equidade Para evitar que mais uma geração de mulheres fique para trás, o relatório destaca a necessidade de ações mais concretas. Segundo Élica, as empresas precisam: Criar programas estruturados de mentoria e desenvolvimento para preparar futuras líderes. Definir metas claras para diversidade na alta gestão, garantindo que mulheres tenham acesso a cargos estratégicos. Fortalecer políticas de retenção de talentos femininos, reduzindo a evasão de profissionais qualificadas. “Se o Brasil acelerar a inclusão feminina em cargos estratégicos, poderá impulsionar ainda mais seu crescimento econômico, seguindo a tendência global de que equidade de gênero gera inovação e rentabilidade”, explica Élica. “Contratar mais mulheres não basta. Sem iniciativas eficazes para desenvolver e reter talentos femininos, as empresas perderão competitividade e limitarão seu potencial de crescimento.”