A aposentadoria é uma decisão pessoal que envolve a avaliação cuidadosa de questões de identidade, propósito e relacionamentos A decisão de se aposentar pode ser complexa e envolvente, especialmente para profissionais profundamente engajados em suas carreiras. Teresa M. Amabile, psicóloga e professora emérita da Harvard Business School, explora os desafios psicológicos que muitos enfrentam ao contemplar a aposentadoria. Desafios psicológicos da aposentadoria 1. Questões de identidade Conforme artigo da Harvard Business Review, para muitos profissionais, sua identidade está fortemente ligada ao seu trabalho. A simples ideia de se afastar pode gerar dúvidas sobre quem são sem suas carreiras. Amabile menciona o caso de um engenheiro de software que, ao reduzir sua carga de trabalho em um dia, começou a questionar sua identidade: “Agora, é como se eu fosse apenas quatro quintos de um engenheiro de software. Isso está mudando minha identidade?” Esse sentimento de perda de identidade pode ser mitigado através da “ponte de identidade”, onde indivíduos encontram maneiras de manter elementos essenciais de suas identidades profissionais na aposentadoria, como assumir posições de liderança em organizações comunitárias ou religiosas. LEIA TAMBÉM Este skatista olímpico de 50 anos deu uma aula sobre como conquistar sucesso numa idade avançada Empregadores acreditam que esta é a idade em que alguém está velho demais para ser contratado; saiba por que eles estão errados 2. Medo do desconhecido Muitos resistem à aposentadoria devido ao medo do desconhecido e da perda de um propósito diário. O trabalho oferece uma sensação de contribuição e progresso para objetivos importantes. Sem uma visão clara do que virá depois, a aposentadoria pode parecer um salto no vazio. Um dos entrevistados por Amabile expressou essa inquietação: “Sempre fui do tipo ‘o que vem a seguir, o que vem a seguir?’ E sinto que o que vem a seguir finalmente não é sobre trabalho. Mas eu não sei bem o que é esse ‘o que vem a seguir’.” Pessoas que encontram maneiras de visualizar um futuro atraente após a aposentadoria têm mais facilidade em tomar essa decisão. 3. Perda de relacionamentos significativos A perda de relacionamentos significativos acumulados ao longo de uma carreira longa e bem-sucedida é outro obstáculo. Esses relacionamentos muitas vezes carregam um senso de ser necessário e respeitado. Um gerente sênior de uma empresa de tecnologia que optou por se aposentar em vez de ser promovido a líder de unidade de negócios descreveu o choque dessa transição: “Passei de ser o centro das atenções e tudo para muitas pessoas, e um pouco o animador de uma audiência, para invisível. Isso é um grande salto.” A manutenção desses relacionamentos ou a criação de novos em contextos diferentes pode ajudar a suavizar essa transição. Estratégias para uma transição bem-sucedida Amabile sugere que a transição para a aposentadoria pode ser facilitada por meio de quatro elementos principais: Alinhamento: Alinhar a realidade do “eu” com a estrutura da vida, avaliando o que é importante e as forças e fraquezas atuais em relação às demandas do trabalho. Consciência: Ter uma visão clara e realista de si mesmo e da estrutura de vida. Agência: Tomar decisões proativas para fazer as mudanças necessárias, incluindo possivelmente terminar a carreira. Adaptabilidade: Desenvolver a capacidade de se adaptar a eventos fora de controle, como acidentes debilitantes ou demissões inesperadas. Não há uma idade certa para se aposentar. A aposentadoria é uma decisão pessoal que envolve a avaliação cuidadosa de questões de identidade, propósito e relacionamentos. Os líderes que desenvolvem uma compreensão precisa de quem são e das demandas de seus empregos estão melhor preparados para superar as barreiras psicológicas e tomar a decisão certa no momento certo.