Estilo de liderança, muitas vezes descrito como combativo e centralizador, tem inspirado alguns líderes empresariais a adotar uma abordagem mais agressiva O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe mudanças significativas na forma como o governo lida com políticas trabalhistas, comércio internacional e diversidade corporativa. Seu estilo de liderança, muitas vezes descrito como combativo e centralizador, tem inspirado alguns líderes empresariais a adotar uma abordagem mais agressiva em relação a questões como trabalho remoto, inclusão e negociação com parceiros comerciais. Um modelo de liderança baseado no confronto Trump sempre se posicionou como um negociador implacável, priorizando resultados rápidos em detrimento do consenso. Esse modelo já está impactando setores estratégicos do governo, como a força de trabalho federal, que enfrenta uma redução sob a direção de Elon Musk, agora envolvido em iniciativas governamentais. Além disso, a administração Trump tem pressionado empresas a reduzirem programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), argumentando que tais iniciativas criam divisões no ambiente corporativo. Erik Helzer, especialista em liderança da Johns Hopkins Carey Business School, ressalta que o estilo de Trump remete a um modelo de comando e controle que já não se encaixa nas práticas modernas de gestão. Para ele, a imposição de ordens sem diálogo pode gerar resistência e afetar o engajamento dos funcionários a longo prazo. CEOs em busca de um novo equilíbrio Embora algumas empresas tenham seguido essa abordagem, outras resistem à tendência. Empresas como JPMorgan e Apple continuam defendendo suas políticas de DEI, enquanto outras, como Amazon e Meta, começaram a reavaliar ou reduzir iniciativas desse tipo. Segundo Elizabeth Lotardo, autora do livro Leading Yourself, um dos riscos dessa mudança de postura é a perda de talentos qualificados, especialmente em momentos de baixa oferta de mão de obra. O retorno forçado ao trabalho presencial é um dos exemplos mais claros dessa nova postura. Trump ordenou que funcionários federais voltem a trabalhar presencialmente cinco dias por semana, o que pode reduzir a folha de pagamento, mas também afastar profissionais qualificados. Para Lotardo, essa estratégia pode se transformar em uma 'vitória de Pirro', resolvendo um problema imediato, mas criando desafios a longo prazo. Negociações agressivas e a nova dinâmica comercial A política de comércio internacional da nova administração também segue o modelo de negociação direta e muitas vezes unilateral de Trump. Recentemente, ele impôs novas tarifas sobre produtos chineses e ameaçou rever acordos comerciais com Canadá e México. Segundo Helzer, essa abordagem pode garantir vantagens imediatas, mas não necessariamente constrói parcerias duradouras. 'Ele pode conseguir que outros países concordem com suas condições, mas isso não significa que eles estejam realmente engajados no longo prazo', afirma. O conceito de Trump como um “mestre negociador” é uma peça central de sua identidade política e empresarial. Em uma declaração recente, a Casa Branca destacou que o presidente está utilizando suas habilidades para cumprir as promessas que garantiram sua reeleição. No entanto, analistas alertam que essa estratégia pode trazer instabilidade para empresas que dependem de relações comerciais de longo prazo. O risco de um retrocesso gerencial Maria DeLorenzis Reyes, coach de liderança, afirma que o estilo de Trump representa um retorno a uma abordagem corporativa dos anos 1980, onde o medo e o comando rígido eram vistos como formas eficazes de gestão. Segundo ela, essa mentalidade pode afetar a inovação e o desempenho organizacional. 'Lideranças que marginalizam ou desrespeitam suas equipes acabam prejudicando a produtividade e a colaboração', diz. Embora alguns CEOs tenham abraçado essa nova realidade, outros se mantêm céticos. Para muitos executivos, o desafio agora é equilibrar a necessidade de demonstrar autoridade sem perder a conexão com seus funcionários. A volta do estilo de liderança de Trump pode funcionar no curto prazo, especialmente em um mercado de trabalho mais competitivo para os empregados. No entanto, especialistas alertam que, à medida que a economia muda, empresas que adotarem posturas rígidas demais podem ter dificuldades para atrair e reter talentos no futuro. A grande questão que fica é: até que ponto o estilo Trump de liderança pode ser aplicado com sucesso no ambiente corporativo sem gerar impactos negativos na cultura organizacional e na retenção de talentos? O tempo dirá se essa abordagem será sustentável ou se as empresas acabarão voltando para um modelo mais equilibrado de gestão.