Campo tem gerado tanto entusiasmo quanto controvérsia, com debates sobre as implicações éticas, ecológicas e financeiras dessa empreitada Inspirado por histórias de ficção científica como Jurassic Park, um grupo de cientistas hoje trabalha na possibilidade de trazer de volta à vida espécies já extintas, como o mamute-lanoso e o dodô. Esse campo, conhecido como desextinção, tem gerado tanto entusiasmo quanto controvérsia, com debates sobre as implicações éticas, ecológicas e financeiras dessa empreitada. A pesquisa é liderada por organizações como a Revive & Restore e a Colossal Biosciences. Fundada em 2012, a Revive & Restore tem focado na clonagem de espécies ameaçadas e extintas, como o pombo-passageiro e a doninha-de-patas-pretas. Recentemente, o projeto foi ampliado para buscar o retorno de espécies que há muito deixaram de habitar nosso planeta, um desafio que exige novas abordagens de biotecnologia e engenharia genética. De acordo com Ben Novak, cientista-chefe da Revive & Restore, esses avanços poderiam transformar a conservação e a biodiversidade ao mitigar a perda de espécies. Espécies em foco e métodos de desextinção Entre as espécies que são foco desses estudos estão o mamute-lanoso e o lobo-da-tasmânia. Para o mamute-lanoso, a Colossal planeja gerar um embrião viável para ser implantado em uma elefanta até 2028, utilizando genes que simulam características do mamute. Já a Revive & Restore visa recriar o pombo-passageiro a partir de células-tronco de aves e técnicas de edição genética, com liberação na natureza planejada para meados de 2040. Outros projetos, como o Quagga e o Taurus, optam por métodos de reprodução seletiva em vez de engenharia genética para reintroduzir o auroque e a quagga, subespécie de zebra extinta. Esse método, conhecido como 'back-breeding', cruza indivíduos vivos que compartilham traços físicos e comportamentais com suas contrapartes extintas. Desafios éticos e riscos ecológicos A viabilidade desses projetos levanta preocupações, como a questão do impacto ambiental e o risco de reintrodução de patógenos extintos. Hugh Possingham, especialista em conservação, destaca a necessidade de avaliar cuidadosamente o custo-benefício, defendendo que os recursos financeiros devem priorizar a proteção de espécies ameaçadas ao invés de investimentos elevados em projetos de desextinção. Outro ponto de crítica é o comportamento e adaptação dos animais desextintos ao novo ambiente, que mudou significativamente desde suas extinções. No caso dos mamutes, a elevação das temperaturas no Ártico pode dificultar sua sobrevivência. Além disso, há desafios técnicos, como a criação de uma população geneticamente diversa, necessária para a longevidade de qualquer espécie desextinta. Embora os avanços sejam promissores, o campo da desextinção ainda enfrenta barreiras significativas, tanto científicas quanto éticas. O debate sobre priorizar esses projetos ou focar na conservação de espécies atuais permanece aberto, refletindo as complexas decisões enfrentadas pela biotecnologia e pela sociedade.