Plano 'Back to Starbucks' exige que funcionários voltem ao escritório quatro vezes por semana. Faltou apenas um detalhe: o exemplo da liderança Em uma carta aberta enviada aos funcionários nesta segunda-feira, o CEO da Starbucks, Brian Niccol, anunciou novas exigências para o trabalho presencial. A partir de agora, mais colaboradores precisarão se mudar para os escritórios da empresa em Seattle ou Toronto e comparecer presencialmente ao trabalho quatro vezes por semana — de segunda a quinta-feira. As medidas fazem parte do plano de reestruturação batizado de Back to Starbucks. Segundo Niccol, a volta ao presencial busca acelerar decisões, fortalecer a cultura da empresa e solucionar problemas com mais criatividade. 'Estamos restabelecendo nossa cultura de escritório porque fazemos nosso melhor trabalho quando estamos juntos,' escreveu o CEO. Mas… e o próprio CEO vai se mudar? A decisão, no entanto, levanta uma questão incômoda: Niccol seguirá as mesmas regras que está impondo aos demais funcionários? Quando assumiu o comando da Starbucks, foi amplamente divulgado que o CEO manteria residência no sul da Califórnia e teria à disposição um jato corporativo para se deslocar até a sede em Seattle, em vez de se mudar de forma permanente. A Starbucks chegou a afirmar que Niccol passa a maior parte do tempo nos escritórios de Seattle ou em visitas às unidades da empresa — mas, até agora, não houve uma declaração direta do executivo sobre adotar o mesmo compromisso exigido da equipe. Liderar pelo exemplo é fundamental A ausência da frase 'inclusive eu' na mensagem de Niccol não é apenas uma omissão retórica. Para muitos colaboradores, pode soar como uma desconexão da liderança com as realidades e sacrifícios do time. Pedir que milhares de pessoas mudem de cidade ou reorganizem suas vidas profissionais e pessoais é uma decisão significativa — que exige sensibilidade e exemplo. Em um momento de reconstrução, a Starbucks precisa mais do que autoridade: precisa de confiança. E essa confiança nasce quando líderes estão dispostos a se comprometer tanto quanto esperam de seus liderados. O risco do 'faça o que eu digo, não o que eu faço' Liderar com empatia e coerência é cada vez mais visto como diferencial competitivo. Em tempos de cultura organizacional frágil e engajamento em queda, ações falam mais alto que palavras. Se Niccol comunicar abertamente que também está realocando sua base para Seattle, mostrará que entende a magnitude do pedido e está comprometido com o coletivo. Isso tornaria a exigência mais aceitável — e até inspiradora. Caso contrário, o risco é que a mensagem da liderança pareça mais uma ordem do que uma convocação. E nesse cenário, os funcionários seguirão ordens — mas dificilmente seguirão o líder.