A geração que tenta ensinar o que ainda não aprendeu: educar em tempos de ansiedade digital

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A verdade é que não somos maus exemplos, somos sobreviventes. Estamos todos tentando
Vivemos uma era curiosa.
Pais dizem aos filhos para largarem os celulares, enquanto respondem mensagens no WhatsApp.
Professores pedem silêncio, mas lutam para silenciar a própria mente acelerada.
Líderes falam em foco, mas pulam de tarefa em tarefa sem conseguir terminar o que começaram.
Estamos educando uma nova geração enquanto ainda tentamos reaprender a viver.
Tentamos ensinar o que não conseguimos praticar com constância.
A verdade é que não somos maus exemplos, somos sobreviventes.
Estamos todos tentando.
A ansiedade digital não é um desvio de comportamento.
É o novo normal da sociedade hiperconectada.
E quanto mais a gente normaliza esse cansaço mental, mais difícil fica enxergar que ele está nos dominando.
Pense com honestidade:
Quantas vezes você tentou focar e sua atenção foi sequestrada por notificações?
Quantas vezes prometeu não usar o celular na frente dos filhos e não conseguiu?
Quantas conversas importantes foram interrompidas por um scroll distraído?
Somos a geração que vive entre duas pontes:
A que destruiu a solidão, por medo de encarar o próprio silêncio.
E a que ainda não aprendeu a construir presença verdadeira.
Falta-nos presença.
Falta-nos respiração profunda.
Falta-nos o treino da paciência.
Falta-nos o que muitos chamam de alma — aquilo que a pressa digital tem esmagado.
Educar exige algo que a tecnologia não entrega: tempo de qualidade, vulnerabilidade e escuta.
E tudo isso depende da nossa saúde emocional.
Por isso, o caminho não é excluir a tecnologia.
É recuperar o controle da mente.
É transformar o caos digital em consciência.
É olhar para dentro antes de tentar ensinar alguém a olhar para fora.
Porque no fim, o exemplo que mais educa é o nosso estado emocional diante da vida.
Leitura recomendada
Ansiedade Digital – Como enfrentar o mal do milênio, de Augusto Cury
Publicado pela Benvirá, o livro propõe uma reflexão sobre os impactos da hiperconexão, a síndrome do pensamento acelerado e o resgate da saúde emocional em tempos caóticos.
