Relações não são apenas agradáveis; são essenciais à saúde e à longevidade Ao contar os amigos de verdade — aqueles que estariam lá se algo importante acontecesse — a maioria das pessoas se dá conta de que o número é bem menor do que imaginava. Não são os 500 contatos do Facebook, nem os 1.200 do LinkedIn. São poucos. E isso, segundo a ciência, é perfeitamente natural. O limite do cérebro humano O psicólogo evolutivo Robin Dunbar, da Universidade de Oxford, defende há mais de 30 anos que os seres humanos só conseguem manter cerca de 150 relacionamentos sociais significativos — o chamado 'Número de Dunbar'. Dentro desse grupo: 5 pessoas são os amigos e familiares mais próximos; 10 pessoas são aquelas que você vê pelo menos uma vez por mês; 50 pessoas seriam convidadas para o seu aniversário; 100 a 150 pessoas compareceriam ao seu casamento. Além disso, Dunbar observa que, fora desse círculo, os relacionamentos se tornam 'de mão única' — você lembra da pessoa, mas ela talvez não se lembre de você. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção A contestação — e a defesa Pesquisadores suecos contestaram a teoria em 2021, argumentando que não há um número fixo de conexões humanas possíveis. Ao atualizar os cálculos de Dunbar, encontraram resultados que variavam de 16 a 109, com margens tão amplas (de 2 a 520 pessoas) que qualquer número específico parecia arbitrário. Dunbar reagiu, chamando as conclusões de 'absolutamente absurdas', e reforçou que a estrutura social humana continua obedecendo aos mesmos padrões, inclusive nas redes sociais. 'Se você observar a frequência de mensagens, ligações ou interações presenciais, verá as mesmas camadas de relacionamento', explicou. A era das redes sociais não mudou nossa capacidade Mesmo com Facebook, Instagram e WhatsApp, a ciência mostra que nossa mente ainda opera com os mesmos limites de interação. Podemos conhecer milhares de pessoas, mas só conseguimos manter vínculos reais com um número reduzido. O custo da solidão Mais importante do que o número é a qualidade das conexões. Um relatório de 2023 do então cirurgião-geral dos EUA, Vivek Murthy, alertou que a solidão aumenta em até 30% o risco de morte precoce — o mesmo impacto de fumar 15 cigarros por dia. De acordo com o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), relacionamentos fortes protegem o cérebro e o coração, reduzindo o risco de demência, AVC e doenças cardíacas. E a situação é alarmante: mais da metade dos americanos relata sentir solidão em algum grau, segundo pesquisa de Harvard. A boa notícia Você não precisa de 150 amigos para viver mais e melhor.O professor Jeffrey Hall, da Universidade do Kansas, afirma que ter apenas um amigo verdadeiro já traz benefícios significativos: 'Ir de zero para um amigo é o que mais faz diferença. Mas quanto mais laços reais, mais significativo será o sentido de pertencimento.' A lição essencial Talvez o segredo não esteja em alcançar um número mágico de amigos, mas em cultivar conexões genuínas e recíprocas — aquelas em que você se sente visto, ouvido e valorizado. Essas relações não são apenas agradáveis; são essenciais à saúde e à longevidade. Então, se há alguém com quem você não fala há meses, talvez este seja o momento de mandar uma mensagem, ligar ou marcar um café. Porque, no fim das contas, o que o cérebro limita, o coração amplia.E nutrir amizades pode ser tão importante quanto se exercitar ou deixar de fumar.