Mas, nada se compara ao que aconteceu recentemente no Estado do Amapá, em que o DPF, maior instrumento político atual, insuperável cabo eleitoral do Executivo, atropelou, como rolo compressor, os inimigos políticos colocados sob sua mira. O modus operandi do DPF para garantir a eleição de seus apoiados é simples e eficiente: um delegado apresenta indícios, normalmente advindos de interpretações de diálogos dos candidatos adversários de seus protegidos com terceiros, ou de apoiadores desses candidatos, sempre com especulações não provadas de desvio de dinheiro público, para em seguida requererem suas prisões ou “condução coercitiva”para depor sobre o terrorismo brasileiro, nossa Al-Qaeda: a corrupção. É preciso esclarecer que condução coercitiva é o meio jurídico que dispõe o magistrado para, mediante força policial, fazer vir a juízo a testemunha ou réu que se recusou cumprir ordem anterior de comparecer na audiência. Fora dessa hipótese, condução coercitiva, como aconteceu no Amapá, caracteriza abuso de poder, logo é crime do magistrado que a ordenou. As vitimas da última eleição foram Waldez Goes, ex-governador do Amapá, Pedro Paulo, governador em exercício, Jorge Amanajás ex-presidente da Assembléia Legislativa, e Gilvan Borges, senador candidato à reeleição. Os beneficiários da ação política criminosa foram os integrantes da família Capiberibe, dona do PSB no Amapá, Camilo Capiberibe e João Alberto Capiberibe, filho e pai. Ambos tiveram seus caminhos pavimentados pelas prisões dos candidatos preferidos dos eleitores para o governo e senado do Amapá, ou pela prisão de pessoas influentes e próximas aos candidatos adversários dos Capiberibes. A diferença entre essa ação da Policia Federal e as anteriores é que nesta ficaram indícios muitos fortes da ação política. Seus personagens principais são Romero Menezes, Jorvel Albring Veronese e o Ministro João Otávio de Noronha. Romero Lucena de Menezes, ex diretor executivo do DPF, e provável proprietário da empresa de segurança privada Servi San, resolveu ampliar os serviços que prestava ao empresário Eike Batista no Amapá, e pediu apoio ao chefe da Casa Civil do Governador Waldez Góes, para que a empresa Servi San contratasse também com o Estado do Amapá. Além de não conseguir o contrato, integrantes do 1º escalão do Governo Waldez, ainda deixaram vazar informações de que José Menezes Júnior, irmão do nº 2 do DPF, Romero Menezes, municiava o grupo de Eike Batista de informações, recebendo em troca, dentre outras coisas, o contrato de segurança privada da empresa MMX, hoje Anglo American, serviço prestado através de Servi San, gerenciada por José Menezes Junior. Ruy Fontel, então superintendente da policia federal no Amapá, tomou as providências legais, e o DPF Jorvel Albring Veronese se viu obrigado a cumprir seu ofício, o que levou o Judiciário a autorizar escuta telefônica de Romero Menezes. Flagrado na escuta enquanto beneficiava as atividades de seu irmão, Romero Menezes teve sua prisão decretada. Mas, no dia imediatamente posterior a cúpula do DPF “convenceu” Jorvel Albring Veronese sobre a desnecessidade da prisão, fato relevante para que o Tribunal Regional Federal colocasse em liberdade Romero Menezes. Logo apos sua liberação, Romero Menezes realizou uma limpeza na Superintendência do Amapá. Desterrou Ruy Fontel par o interior do Pará. Colocou nos cargos de comando da superintendência do Amapa homens de sua confiança, exemplo disso é Roberto Maia, ex-diretor de gestão de pessoal substituto, contemplado com o cargo de superintendente. Dentre outras funções, seus homens de confiança devem investigar e monitorar o juiz que ordenou sua prisão. Jorvel Albring Veronese, que passou a ocupar a função de lugar-tenente de Romero Menezes no Amapá, inclusive na condição de companheiro da filha de Romero Menezes, foi peça-chave na operação política que rendeu para a família Capiberibe os cargos de Governador e senador. Alimentado com a insatisfação com o governo Waldez Goes, que não contemplara suas ambições, Romero Menezes resolveu ajudar a família Capiberibe. Para isso, contou com sua relação com o PSB no nordeste, onde tinha ligações com Eduardo Campos, em cujo Governo fora secretário de defesa social e com o PSB da Paraíba, seu Estado Natal, onde hoje é cogitado como secretário de segurança do governador local, também do PSB – tem indicação do governador Eduardo Campos. A ajuda de Romero Menezes foi executada através de Jorvel Albring Veronese, que deixou sangrar os cofres da secretaria de educação do estado do Amapá desde 2008, quando tomou conhecimento de irregularidades ali existentes, enquanto esperava a proximidade das eleições, para criar um suposto esquema de corrupção nunca comprovado, que supostamente seria composto por todos os adversários dos capiberibes e conduziu à prisão todos os concorrentes a cargos eletivos do PSB, da família Capiberibe. Evidentemente que um delegado da policia federal jamais poderia fazer isso sozinho. Há evidências que um grande cacique do PSB, que deixou de concorrer a presidência da República para coordenar a campanha de Dilma no norte e nordeste contribuiu decisivamente para a operação. Na época, o DPF não tinha verba sequer para diárias para seus servidores e combustível para as suas viaturas, contudo, realizou no pequeno estado do Amapá a maior operação de todos os tempos. Foram 600 homens com toda a estrutura necessária a uma operação de guerra. Como resultado, foram presas autoridades de todas as esferas. As decisões do ministro João Noronha pareciam provindas dos monarcas do século XVIII, sua competência era absoluta, mandou prender desde o vigilante, que se encontra submetido a autoridade do juiz de primeiro grau, o secretário de educação e o prefeito da Capital, submetidos a autoridade do desembargador estadual, assim como o presidente do tribunal de contas e o governador do estado, estes submetidos a sua jurisdição. Nenhuma ligação entre os supostos crimes foi apresentada. As prisões tinham como elo de ligação apenas o fato dos presos serem adversários do PSB da família Capiberibe. O massacre a que foram submetidos os candidatos com maior aceitação popular no Amapá, em plena campanha eleitoral, minou as chances dos opositores da família Capiberibe, que hoje ocupa o governo do Estado e, caso caia a lei da ficha limpa, como tudo leva a crer, passará a ocupar além do governo do estado, também uma cadeira no senado e outra na câmara dos deputados, com João Alberto Capiberibe e Janete Capiberibe. Reinado assinado embaixo pela superintendência da policia federal, com as rubricas de Jorvel Albring Veronese e Roberto Maia. Quem serão as próximas vitimas nas eleições vindouras? Na mira, todos os governadores, senadores, prefeitos, deputados e vereadores de oposição. Quem viver verá…