Hoje nos Estados Unidos só se fala sobre dois assuntos nos noticiários: A recuperação econômica e a dívida pública nacional. Ok, o primeiro todo mundo já sabe. O país não consegue afastar o fantasma da crise de 2008, e a recuperação está mais lenta do que nunca. Em junho, foram somados apenas 18.000 empregos. Sendo que o país precisa criar cerca de 130.000 empregos por mês só para absorver os novos entrantes no mercado de trabalho. É a coisa ta braba! Por causa dessa situação deve vir por aí mais um estímulo econômico (QE3). Mas e essa dívida nacional, o que é? E mais importante, qual é a relação entre os dois? A dívida pública nacional americana é basicamente as obrigações que o governo tem com o tesouro. Ou seja, é o dinheiro que o governo deve por aí, que está em nome do tesouro americano. Essa dívida hoje está em 14 trilhões de dólares, atingindo já 97% do PIB de 2010. E a discussão sobre o assunto atualmente lá é que o país chegou ao teto da dívida. Ou seja, não pode mais endividar-se. Criar dívidas. Até a crise de 2008, essa dívida aumentava com déficits do orçamento anual do país, ou seja, com o tesouro pagando as contas do governo. Com o governo gastando mais do que arrecadando. Eventos como a segunda guerra mundial, por exemplo, foram catalisadores do aumento da dívida. Porém, após a subprime crisis, essa dívida aumenta por outro motivo. Por qual? Sim, por causa da recuperação econômica. Ou a tentativa de criar uma. A partir do estouro da crise, o governo americano começou a criar estímulos para que a economia pudesse reagir. Esses estímulos são na verdade a injeção de dinheiro na economia. E essa injeção é na verdade, a criação de dinheiro do “nada”. Mas como o governo faz isso? Como ele consegue imprimir dinheiro? O governo, basicamente, pede para o tesouro digamos 100 bilhões de dólares. O tesouro, então, imprimi a quantia desejada. O governo, por outro lado, imprimi 100 bilhões de dólares em títulos do tesouro referente ao montante que está sendo impresso pelo tesouro. E como os títulos americanos são, teoricamente, os mais seguros do mundo, eles têm muita liquidez, o que facilita sua comercialização. Então, ocorre a transação: O governo entrega os títulos e o tesouro entrega o dinheiro. Essa quantia então é depositada no Banco Central e o dinheiro torna-se “real”. Porém, essa impressão de papel é só figurativa, porque esse processo hoje é feito de forma digital. Existe um dado que afirma que só 3% da quantidade de capital existente hoje está impressa. O resto só “existe” de maneira eletrônica. Portanto, a criação de dinheiro para os estímulos econômicos ocorre por meio da criação de dívidas. Esses títulos são vendidos no mercado e o dinheiro arrecadado com essa venda é direcionado para gastos do governo. Com a venda de um título, o governo pega o dinheiro e assume uma dívida com o cliente, e por isso paga juros sobre o título comprado. O problema é que desde o estouro da crise de 2008, o governo americano já gastou, ou imprimiu, dois trilhões de dólares nos quantitative easing, os estímulos à economia. Existem muitas discussões se esses estímulos realmente funcionam, porém é claro que eles criam mais dívidas para o governo. O QE2 (quantitative easing 2) acabou em junho. E a economia não engata a recuperação. E agora? Vem aí mais um pacote de estímulos? Porém, como seria viável a criação do QE3, se o país já chegou ao teto da dívida pública e, portanto, não pode mais endividar-se? Logo, atualmente nos states, a principal discussão em Washington é sobre aumentar o teto da dívida pública. Para que assim o governo possa gastar mais na recuperação econômica. Caso não haja esse aumento do teto da dívida pode ocorrer o primeiro default, uma palavra bonita para calote, das obrigações financeiras do governo americano. Tal fato poderia seria o real apocalipse da economia mundial. Mas já vamos cortando essa possibilidade. Não haverá um calote do governo americano. Não é de interesse de ninguém, talvez só da China, que isso aconteça. E esse default desencadearia uma nova grande crise mundial. Então a chance de ocorrer um calote dos bonds (os títulos) americanos é zero. Bem, vamos deixar em quase zero. Contudo, essa questão virou um problema de ordem política e não econômica mais. Isso por causa das eleições presidenciais de 2012. Todo mundo concorda que o caminho para a reeleição de Obama é uma melhora do cenário econômico. Todavia, o governo precisa endividar-se mais para continuar seus estímulos econômicos, e para endividar-se mais é necessário aumentar o teto da dívida pública. Porém, e esse é o mais importante, só o congresso pode liberar esse aumento, e o congresso hoje é de maioria republicana, oposição de Obama. A verdade é que Barack Obama está ferrado, colocando em termos mais publicáveis. Pois ele não tem como salvar a economia sem endividar-se mais. Então é preciso que haja a renegociação do teto da dívida. Entretanto, essa negociação tem que ser feita dentro de um congresso de maioria oposicionista. Então, para os republicanos aceitar um aumento do teto signifca aumentar as chances do atual presidente nas próximas eleições. É Obama, tá complicado amigão…