Reflexão, vulnerabilidade e propósito: como micropráticas diárias estão reinventando o papel do CEO moderno, segundo pesquisa da McKinsey A exaustão na alta liderança deixou de ser exceção para se tornar padrão. O número de CEOs deixando seus cargos cresceu 16% nos EUA no último ano, e a média de permanência nas empresas Fortune caiu de seis para cinco anos. O dado revela mais do que rotatividade: é um sinal claro de fadiga no topo. Para a consultoria McKinsey, o antídoto não está em mais produtividade ou em novos frameworks de gestão. Está em algo mais simples — e muito mais difícil: reflexão e autoconhecimento. Uma liderança que começa de dentro para fora No livro The Journey of Leadership: How CEOs Learn to Lead from the Inside Out, quatro sócios da McKinsey analisam o que diferencia líderes que prosperam mesmo sob pressão. A resposta? Um compromisso contínuo com o próprio desenvolvimento humano. 'É sobre como o líder navega os imprevistos — e faz isso trazendo sua equipe junto', diz Dana Maor, coautora da obra. Essa jornada envolve humildade, generosidade, presença e propósito. Mais do que qualidades, são práticas diárias que sustentam a performance de longo prazo. Micropráticas: pequenos hábitos, grandes transformações A pesquisa mostra que os líderes mais eficazes adotam micropráticas diárias: ações simples como reservar minutos para meditação, fazer perguntas difíceis a si mesmo, buscar feedback honesto ou praticar escuta ativa. Segundo Hans-Werner Kaas, um dos autores: 'As mudanças mais poderosas vêm de pequenas ações. Chamamos isso de 'desaprender' técnicas de gestão e 'reaprender' atributos humanos.' Esses hábitos cultivam empatia, resiliência, clareza e conexão — habilidades raramente ensinadas nos MBAs, mas essenciais para liderar no mundo atual. A coragem de ser vulnerável Outro ponto-chave: a vulnerabilidade como força estratégica. Admitir erros, pedir ajuda ou reconhecer incertezas não enfraquece a liderança — fortalece a confiança. CEOs que se mostram humanos criam culturas mais abertas, criativas e resilientes. E ao fazer isso, inspiram performance por alinhamento, não por imposição. A pergunta que importa: quem você quer ser? A proposta da McKinsey é clara: não basta pensar sobre o que precisa ser feito. É preciso refletir sobre quem você quer ser como líder. Perguntas como 'O que me dá energia?', 'Como estou usando meu tempo?', 'Qual impacto quero gerar no mundo?' ajudam a redefinir prioridades e alinhar ações ao propósito. 'As perguntas mais difíceis na liderança são sobre humanidade, não sobre estratégia', resume Ramesh Srinivasan. O impacto de líderes mais humanos Líderes centrados em si e em seus valores geram impacto superior. Eles inspiram mais, constroem equipes mais engajadas e criam culturas que sustentam resultados duradouros. O futuro da liderança exige coragem para desacelerar, olhar para dentro e reinventar não só a gestão, mas a maneira de ser. Porque a liderança que transforma começa com a transformação de quem lidera.